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Twin Flames: Sobre Fios Invisíveis do Destino, Magia e Drogas Favoritas
Alguns fios invisíveis são impossíveis de romper. Fatigado pelos dias de saudade e nostalgia, de ser assombrado pelas memórias dele em todos cantos da cidade, todas letras de música, todos filmes e séries românticas, me entreguei temporariamente à escuridão – algo que antigamente não era uma opção, mas se tornou uma opção para sobreviver e para não enlouquecer de amor.
A ideia de alguém ser capaz de te acalmar nos dias sombrios, mas também te levar ao inferno em dez segundos por causa da falta que faz na sua vida, é algo romantizado na ficção e diferentes obras de arte, mas na vida real, pode ser um tormento quando o que era recíproco, de repente, evapora e se torna unilateral.
“Ninguém morre de amor. Acho que serei o primeiro. Você vai se lembrar de nós ou as memórias estão muito manchadas de sangue agora?”, a música martelava na minha mente.
Cansado da dor, dos dias sem fim de lágrimas, das mensagens que jamais seriam lidas ou respondidas, mais uma vez, quebrei regras por ele: um péssimo hábito que eu tinha, como humano e bruxo. Sempre me sacrificando, sem me importar com o karma que viria depois.
A ideia de incomodar alguém que você ama pode destruir seu espírito. Mas não era mais assombrosa do que a noção de que o passado nunca mais se tornaria presente nem futuro, como você sempre imaginou.
Contrariando os espíritos, os deuses, o universo e o tarot, revelei coisas que não deveria sobre a vida dele, não tive forças para me afastar quando deveria e, por fim, pagaria o preço de me entregar pela primeira vez de forma consciente ao meu lado obscuro que só vinha à tona de forma subconsciente.
Entrei na mata, sentindo o corpo inteiro tremer, sabendo que se fosse para ele ser minha droga favorita e eu não fosse a droga favorita dele, eu precisava me manter limpo. Por mais tentador que fosse tentar quebrar a conexão kármica para sempre, eu tinha medo de me arrepender. Então, impus uma condição, a qual já havia sido jogada na mesa pelos espíritos: vocês podem morar na mesma cidade, irem aos mesmos lugares e nunca mais vão se encontrar; não até que ele esteja preparado para enxergar a verdade e te amar incondicionalmente, como você ama ele.
Invoquei espíritos que sussurraram que não havia necessidade de tentar quebrar nossa conexão. E eu perguntei o que eu deveria fazer com minha dor. Manifestei deuses que me proibiram de romper algo que fazia parte do destino e a decisão não deveria ser só minha. Respondi o que eu deveria fazer com a saudade que me corroía diariamente.
Por último, enquanto quebrava galhos e nossa conexão e nada surtia efeito: se separar da sua twin flame é algo praticamente impossível, me curvei às trevas. Cinco demônios, um a um foram convocados na missão que os seres de luz se negaram a ajudar: ninguém queria romper algo que era amor divino, um amor de vidas passadas, presente e futuras. Mas não eram eles que estavam sofrendo com a abstinência.
Meus dedos sangraram. As lágrimas e o sangue se misturavam ao gosto de álcool, enquanto a fumaça do cigarro se espalhava dentro da mata. Se havia um inferno, aquele era o meu: aceitar que não importava o que eu fizesse, nada voltaria a ser como era antes; ainda que as coisas pudessem ser melhores, após tantas provações que ambos passaram, após amadurecimentos forçados e outros construídos de forma consciente.
Vaguei pela mata como uma bruxa de filme de terror, daquelas que as pessoas olham e sentem um arrepio. Com as mãos vermelhas, como o meu coração que sangrava, fiz o possível e o impossível para que temporariamente a conexão não me fizesse sentir tanta solidão, tristeza e angústia.
Havia um preço que eu pagaria. E sempre pago por ele, mesmo quando ele não sabe. É que o meu instinto de proteção me deixa louco. A noção de saber que ele pode se machucar, ativa um lado sombrio em mim. A ideia de que esta pessoa poderia ser eu, me assustava mais ainda.
Então, a história tão vista em filmes de ficção de bruxas se tornou real. Sangrando e curando no meio do verde, atormentado pela ambiguidade de ter que se libertar da pessoa que você mais ama no mundo e de saber que se for para ser algo sem reciprocidade, eu não teria mais forças para viver.
Eu deixei meu coração ser inundado pela água salgada que escorria pelo meu rosto, senti o meu corpo queimar e o transformei em cinzas, separei metade dele e enterrei na mata, a outra eu soprei e espalhei pelo parque, para que ele soubesse que nunca estaria sozinho – manteria minha promessa de continuar o amando, cuidando e protegendo mesmo quando não sabia –, ainda que uma parte de mim estivesse congelada temporariamente e enterrada no parque junto com nossas doces memórias.
Como todo artista e escritor sabe, sua musa pode te salvar, mas também pode te destruir; pode ser teimosa e aparecer só quando quer, mas também pode te surpreender e surgir quando você menos esperava.
Por ele, eu curo, mas também destruo. Por ele, eu nasci, morri e renasci tantas vezes. Destinados a queimar juntos, a nos separarmos, a nos reencontrarmos, a nos distanciarmos novamente, a uma possível reconciliação que nunca pode vir a acontecer. Mas sempre unidos pelos fios invisíveis.
Queria mentir que este seria o último sacrifício que eu faria por ele, mas não era bom com mentiras. E o amor que eu sentia por ele era mais forte do que eu, algo que nem mesmo espíritos, deuses e demônios poderiam quebrar.
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