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Destaques

She Said: Filme sobre jornalistas expondo crimes de Harvey Weinstein

O filme She Said é uma ótima indicação de filme para quem gosta de jornalismo investigativo. É sobre duas jornalistas do New York Times responsáveis por uma reportagem investigativa sobre os abusos cometidos por Harvey Weinstein, um produtor poderoso de Hollywood. Disponível na Netflix . Para quem acompanhou o caso ao vivo, talvez não tenha muitas surpresas ao assistir, ainda assim, vale a pena conferir todo o processo de produção da reportagem até que ela fosse publicada, expondo os crimes sexuais cometidos por Harvey Weinstein. Em uma época em que as vítimas já tinham fechado acordos de silêncio e outras pessoas tinham medo de se manifestar, foi graças ao trabalho das duas jornalistas e de outros veículos de comunicação que o caso ganhou visibilidade. She Said poderia facilmente ser um documentário, o filme biográfico narra como foram os dias das jornalistas, suas dificuldades e acertos, bem como o tão esperado momento: quando a reportagem finalmente foi publicada, atraindo todos os...

Mesma língua

Estar com alguém que falava a mesma língua era algo tão importante, que ele só se dava conta quando encontrava o oposto do esperado. Se sentia um alienígena tentando fazer contato pela primeira vez, sabendo que havia um preço a se pagar se falhasse.

A mente girava e um desconforto subia dos pés à cabeça. Frustração, essa era a palavra que estava procurando para definir o que havia sentido, sentia e sentiria, quase como se estar em sintonia fosse um milagre inalcançável, que exigia uma fé que ele não sentia.

Era assim sempre que os dedos deslizavam pelo teclado e desistia de enviar uma mensagem. Era assim sempre que recebia uma mensagem nova, como se encarasse algo indecifrável. Era como se os dois estivessem condenados, em uma espécie de maldição da linguagem, capaz de aterrorizar quem testemunhasse.

A mente buscava por um consenso, mas as palavras e as atitudes eram tão diferentes que causavam uma série de nós nos pensamentos. De repente, já nem sabia como reagir e encontrava acolhimento no silêncio, ciente de que os dois falavam monólogos paralelos para si mesmos e não havia um fio vermelho que os conectavam.

Perguntava-se se chegaria o dia em que estariam na mesma página, da mesma história e as duas línguas se tornassem uma só, em uma dança espelhada, na qual a ansiedade cedia espaço para a tranquilidade e os dois deixassem de falar sozinhos. Uma espera que não sabia se valia a pena.

Talvez aceitar que as diferenças nunca seriam sobrepostas não era só uma maneira de estabelecer limites, mas de também ter empatia e compaixão pelo outro. Parar de lutar contra as diferenças e aceitar que sempre seriam assim, talvez era tudo o que precisava. Estavam destinados a não se encontrarem e a dor que os dois sentiam, em breve sumiria.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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