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Destaques

O Círculo das Invalidações

O círculo das invalidações. É difícil estar em um lugar onde cada pessoa tem uma expectativa sobre você, mas pouco importa o que você pensa ou sente. Escolhas são feitas, independente da sua opinião e cada pessoa te empurra em uma direção diferente, te deixando preso em uma nuvem de confusão. Às vezes, assim é a vida. Há momentos em que você precisa aprender a se posicionar, a dizer não e aceitar que nem tudo precisa ser como os outros querem, impor limites sinceros. A vida era feita de escolhas e sabia o custo de cada uma delas e nem sempre estava disposto a receber críticas que não condiziam com sua realidade. Então, às vezes era necessário quebrar o círculo, encarar o quadrado, observar o triângulo, quebrar a linha para então descobrir como realmente queria. Entre conselhos indesejados e comentários invalidantes, precisava se lembrar do mais importante: da auto-validação. Era ao silenciar as vozes que os outros tinham sobre ele, que poderia aprender a se escutar mais. Nem sempre é f...

Mesma língua

Estar com alguém que falava a mesma língua era algo tão importante, que ele só se dava conta quando encontrava o oposto do esperado. Se sentia um alienígena tentando fazer contato pela primeira vez, sabendo que havia um preço a se pagar se falhasse.

A mente girava e um desconforto subia dos pés à cabeça. Frustração, essa era a palavra que estava procurando para definir o que havia sentido, sentia e sentiria, quase como se estar em sintonia fosse um milagre inalcançável, que exigia uma fé que ele não sentia.

Era assim sempre que os dedos deslizavam pelo teclado e desistia de enviar uma mensagem. Era assim sempre que recebia uma mensagem nova, como se encarasse algo indecifrável. Era como se os dois estivessem condenados, em uma espécie de maldição da linguagem, capaz de aterrorizar quem testemunhasse.

A mente buscava por um consenso, mas as palavras e as atitudes eram tão diferentes que causavam uma série de nós nos pensamentos. De repente, já nem sabia como reagir e encontrava acolhimento no silêncio, ciente de que os dois falavam monólogos paralelos para si mesmos e não havia um fio vermelho que os conectavam.

Perguntava-se se chegaria o dia em que estariam na mesma página, da mesma história e as duas línguas se tornassem uma só, em uma dança espelhada, na qual a ansiedade cedia espaço para a tranquilidade e os dois deixassem de falar sozinhos. Uma espera que não sabia se valia a pena.

Talvez aceitar que as diferenças nunca seriam sobrepostas não era só uma maneira de estabelecer limites, mas de também ter empatia e compaixão pelo outro. Parar de lutar contra as diferenças e aceitar que sempre seriam assim, talvez era tudo o que precisava. Estavam destinados a não se encontrarem e a dor que os dois sentiam, em breve sumiria.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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