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Destaques

O Círculo das Invalidações

O círculo das invalidações. É difícil estar em um lugar onde cada pessoa tem uma expectativa sobre você, mas pouco importa o que você pensa ou sente. Escolhas são feitas, independente da sua opinião e cada pessoa te empurra em uma direção diferente, te deixando preso em uma nuvem de confusão. Às vezes, assim é a vida. Há momentos em que você precisa aprender a se posicionar, a dizer não e aceitar que nem tudo precisa ser como os outros querem, impor limites sinceros. A vida era feita de escolhas e sabia o custo de cada uma delas e nem sempre estava disposto a receber críticas que não condiziam com sua realidade. Então, às vezes era necessário quebrar o círculo, encarar o quadrado, observar o triângulo, quebrar a linha para então descobrir como realmente queria. Entre conselhos indesejados e comentários invalidantes, precisava se lembrar do mais importante: da auto-validação. Era ao silenciar as vozes que os outros tinham sobre ele, que poderia aprender a se escutar mais. Nem sempre é f...

Carta à Saudade – Julio Mesquita

Oh! Senhora propagadora do sofrimento alheio, suas mandíbulas fizeram o meu saudoso coração indefeso sofrer profundamente de amor. Tão logo se apropriou de meu peito latente, tal qual uma invasora de alma, fizeste de mim um túmulo fechado. És a responsável pela ida do semideus Orfeu ao inferno, por não suportar a ausência de quem tanto amava. Sufocastes noivas e esposas, namorados e namoradas, pais e filhos, em lágrimas e tristezas com sua aguda nostalgia, dos que tanto carecem de estar com os seus. Será que não te satisfazes ao ver, nos olhos, a marca do seu lembrar? Talvez até invejes a manifestação da alegria, ou simplesmente te regozijes com o martírio coletivo ou individual. Talvez sejas solitária e carente, por isso provocas vingativamente, o mesmo sentimento que em ti reproduz.

Senhora detentora do sentimento mais puro! Por que maltratas tantos corações? Saiba que sou sua mais nova vítima na falta de quem ainda espero e que não retornou. E assim parto-me em fraguimentos dispersos, quase que me perdendo de mim, contando os segundos para rever quem me deixou. Não! Não a condenarei por sua natureza de dar dor a perda, tampouco a culparei pelo que sinto, sabendo não ser tu a responsável por não está comigo quem tanto amo. Essa pessoa, ela sim, é quem deveria ser culpada e condenada a amar-me, por abandonar-me à própria sorte e solidão. Por favor! Não, não tenhas penas de mim. Se choro e lamento é porque não há outra coisa a fazer se não derramar um rio de lágrimas e frustrações, já que não fui amado tanto quanto desejei. Mas não pense que desistirei assim... Se preciso for, invocarei os deuses do Olimpo, na tentativa de intercederem a meu favor, em detrimento de ti. Quem sabe Ares o Deus da guerra, erga-me em batalha contra a senhora Saudade. Porém, não é minha intenção afrontá-la, mas apenas desvencilhar-me do teu jugo, evitando desfalecer meu pobre coração. Estou profundamente abatido. Uma cicuta seria uma boa bebida, assim não me embebedaria só por um momento, mas para toda a vida ou morte. Então eu, idílio como qualquer inocente, expus-me a um amor avassalador e visceral. Permiti-me ser devorado por inteiro naquela boca, naquela garganta, deliciosamente profunda e quente. Indulgente, saciou-me tudo! Ao divagar naquele corpo, perdi-me em curvas, espaços, lacunas, desejo, devassidão. Era tão belo o olhar, tão fresco o odor, tão puro o amor, que tenho até medo de que não exista mais nada em lugar algum. Morrerei de saudade, eu sei...

Julio Mesquita é publicitário e escritor. Site: WWW.juliomesquitaescritor.com
E-mail: mesquita.julio@uol.com.br

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