Era ao ouvir o próprio pensamento sendo dito em voz alta, que muitas vezes percebia suas intenções e contradições. Poucos espaços eram tão seguros para isso, como a terapia. E uma vez que percebíamos algo, não podíamos fingir que não sabíamos. Ao parar de fumar cigarro, pensamentos que antes estavam sob controle, agora estavam soltos. A nostalgia aumentava em alguns dias e sabia que precisava ignorar as próprias emoções, pois elas o levariam para um caminho de ilusões. Os dias passavam e continuava se lamentando não ter parado de fumar cigarro antes, como se a cada ano que tivesse fumado, fosse tornando mais difícil ainda a experiência de parar completamente. E, às vezes, era assim também com as pessoas. Saber a hora de deixar ir parece tão difícil, mas tão necessário. Saber que não importa o quanto deseje, isto não se tornaria real. Saber que tentar trazer o passado para o presente, era uma receita para decepção. Ia, então, seguindo firme no propósito. Continuava dizendo não ao cigarr...
Em seu artigo: "Mídia, sensibilização e afetividade", o doutor em ciências da comunicação, Carlos Alberto Zanotti, diz que existem dois bons motivos para não abordar a mídia como o vilão da história.
"Em primeiro lugar, a mídia não se faz independentemente da ação humana", explica. De acordo com Zanotti, esta relação da mídia estabelece uma ligação com o público, suprindo determinado número de carências.
Zanotti explica também que não há como pensar o mundo sem a existência das estruturas mediáticas. Segundo o autor, deve-se entender os mecanismos de operação da mídia, perceber a quais necessidades a mídia responde e tentar separar o joio do tigro.
Carlos Alberto Zanotti questiona: "Por que se tornou tão imperioso estudar a TV num mundo dominado por linguagens mediáticas de toda ordem?". Como uma possível resposta, o doutor cita uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em que concluiu-se que no Brasil existem pelo menos dois milhões de lares sem geladeira, mas não sem televisão.
O doutor em comunicação explicou que na década de 90 a publicidade passou a investir nos anseios e desejos do consumidor, apresentando produtos como uma solução milagrosa para satisfazer suas carências. Estas campanhas estimularam o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, pois relacionavam eles às conquistas amorosas e desempenho sexual.
Especialistas da área de psicologia afirmam que a maturidade sexual dos jovens de hoje está antecipada, devido às produções televisivas que buscam obter audiência através da hipervalorização e erotização do corpo.
O autor concluiu que ¹ a economia de mercado não deve ser deixada à sua própria sorte, pois ela manifesta-se na mídia e não vê limites nas estratégias que adotam para a sedução dos consumidores; ² O Estado deve fixar parâmetros de operação da comunicação mediática, "em especial a televisão, que entra gratuita e sorrateiramente na casa dos telespectadores, sendo o principal elemento na formação psicossociocultural do homem moderno".
A televisão também tem finalidades nobres, na Angola aconteceu um conflito que resultou em mortes, mutilações e famílias desfeitas. Um programa de televisão estatal contribuiu com o reencontro de familiares.
Carlos Alberto Zanotti sugere às pessoas que duvidam do importante papel que os meios de comunicação desempenham, em especial a televisão, à assistirem um "videoclipe institucional produzido pela agência de propaganda DM9, no qual uma mensagem de formatura de autoria da jornalista Mary Thereza Schimich, ilustrada por rápidas imagens de peças publicitárias, recomenda a todos o uso de filtro solar".
"Ou então que se lembrem da imagem do estudante Wuer Kaixi que, em 1989, tentou deter o avanço dos tanques de guerra no episódio que ficou conhecido como o massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim. Ocorrências desta natureza e todo seu potencial sensibilizador passariam despercebidos não fosse a ação dos meios de comunicação conjugada a propósitos que vão um pouco além da exploração comercial", finaliza.