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Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

Tempestade Interior


Enquanto os ventos e trovões anunciavam que uma tempestade estava chegando, dentro de mim uma já estava acontecendo. Os sons dos alarmes e das vozes em minha cabeça me mantinham acordado. Sentimentos se colidiam com pensamentos e giravam em meu interior.

A chuva chegou sem pedir licença. Inesperada e forte, como a tristeza que eu sentia. Os barulhos do impacto na janela e no telhado davam a sensação de que estes iriam quebrar a qualquer momento, como uma parte do meu espírito que eu já não tinha certeza se existia.

"Não deveria mais doer", era tudo o que eu conseguia pensar. Não era a primeira vez que eu me machucara. Todavia, era o mesmo que acreditar que um raio não poderia cair no mesmo lugar. Ele não só cai, como às vezes, pode atingir com mais intensidade e queimar até transformá-lo em cinzas.

O céu azul que havia sido pintado tornou-se tão escuro que já não era possível enxergar. O dia se confundia com noite e despertava o meu lado sombrio. A oscilação da energia mostrava que a lâmpada se apagaria a qualquer momento. Medo do escuro? Não. Aprendera a enxergar através das sombras e brilhar por conta própria.

O barulho do trovão anunciava que era só o começo. Enquanto alguns rezavam para esta acabar, outros sabiam apreciar a beleza da desordem que esta trazia. No momento certo ela pararia, mas como boa tempestade deixaria rastros de destruição por onde passara. O mesmo som que assustava alguns foi o que finalmente me fez dormir.

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