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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Sobre fotografias e sensações

*Texto: Ben Oliveira

Olhos na fotografia e mente no passado. Como é possível uma simples imagem impressa em um papel trazer diferentes lembranças e provocar arrepios, angústia, saudade e despertar o fogo necessário para renovar constantemente os seus relacionamentos.

A mesma imagem congelada de um momento é aquela que aquece o seu coração, te fazendo rir, chorar, sorrir, e até mesmo viajar pelo tempo. É aquela fotografia que um dia vai te lembrar que você era feliz e não sabia; o quanto você era novo e bonito, mesmo não se enxergando desta maneira e também te fazer sentir vontade de retornar para outra época, diferente do que muitos desejam sem fazer tudo diferente, mas relembrando constantemente o quanto os dias passam rápido.

Todavia, é preciso tomar cuidado com esta fascinante fogueira onde somos jogados vivos antes de qualquer direito de resposta. Tão frenético como o relógio que não para de bater, nossos pensamentos tentam ganhar vida própria e lembrar o que é melhor para nós.

O sorriso talvez já não é mais inocente, infantil, ingênuo, porém não é menos sincero. Os olhos talvez não brilham mais da mesma maneira, e por vezes, enxergam outras direções, mas continuam sendo os mesmos responsáveis por lágrimas de alegria. Talvez a expressão carrega no rosto já não seja das melhores, muitas vezes aparentando o seu cansaço, porém é possível sentir em cada marca todo o esforço feito para tornar aquele amor um quadro inesquecível. Era como ver um pedaço de papel e uma tinta darem a vida aos sentimentos adormecidos e tornar aquela obra o seu trabalho mais valioso.

Engana-se quem pensava que uma foto é uma mera reprodução. A imagem traz à tona aquilo que não deveríamos nunca nos esquecer − os bons momentos. São aqueles pequenos fragmentos da sua memória que davam sentido para as linhas que viriam a seguir, nos momentos de tormenta e também nos de paz.

Quando deseja, o tempo pode ser cruel, como pode ser encantador. São as fotografias, aquelas tiradas propositalmente em poses ou aleatoriamente sem tantas preocupações estéticas, as chaves para todas as caixas que você tem colecionado ao longo de sua existência. Alegrias, tristezas, amores, amizades, desafetos, conquistas, decepções... pode até demorar, mas um dia cada peça deste quebra-cabeça louco chamado vida faz falta e quando você consegue encaixar todos esses devaneios, assim como faço neste texto, você é capaz de definir se sua história realmente era aquela que você buscava.

Hoje, eu sou capaz de dizer que sim. Se eu pudesse, mesmo com todas alegrias e tristezas, eu percorreria o mesmo caminho quantas vezes fosse preciso, teria os mesmos amigos e estaria feliz de ter conhecido alguém tão especial como você.

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