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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

Vencendo o Medo - Julio Mesquita


A cada ano, a invencibilidade da idade vem me atemorizando, ao passo que percebo, de tempo em tempo, que não sou mais o mesmo, que tudo em mim tem-se modificado, principalmente nos quesitos força, flexibilidade e durabilidade. Contudo, há de se valorizar outros créditos, bem como a inteligência mais ávida, a intuição com o mundo ao redor e o relacionamento com as pessoas mais próximas.

Morrer nunca foi um temor, um precipício do qual procuro me esconder, mas estar velho me aterroriza intensa e profundamente. Como homem, penso logo na ineficiência sexual, depois nos dentes que amolecem, na pele inconsistente e na inevitável decrepitude do meu adorável e inseparável corpo. Ah!...

O declinar da vida sobre mim me apavora, ainda mais se penso em todas aquelas limitações que obviamente virão. Não dá para aceitar que, sendo o que sou, tornar-me-ei no que está por vir. Ser velho, estar velho, terminar velho é o pior que poderia me acontecer. Quero acreditar que isso não é um fato, que serei eternamente jovem, viril, másculo, fértil, progenitor, forte e que a tão mencionada velhice é coisa que só acontece com os outros.

Digo-lhes, isto com todo o respeito de quem chegou aos quarenta: a velhice, como bem sabem, é o prenúncio da descaracterização moral e anúncio do fim. Descobri recentemente, por meio de um amigo de setenta anos, que os pêlos pubianos, além de ficarem branquinhos, também podem começar a cair, tal qual os dele. Não é um horror? E como se não bastasse, urinar na cueca é só um dos primeiros sinais de que envelhecer é assustadoramente real! É evidente que pretendo viver um pouco mais, e isto significa ficar velho. Porém, na minha concepção de envelhecer muito é estar morto com os olhos abertos, penso eu.

Hoje, sou um homem de meia-idade, bem cuidado, que não fuma, que bebe vinhos de boníssima qualidade, apenas nos finais de semana, que pratica exercício regularmente, que come de tudo um pouco, que pratica sexo entusiasmadamente, e que, além de tudo isso, ainda lê e escreve. Venho enfrentando esse medo conversando comigo mesmo, único terapeuta em quem acredito e confio totalmente. Estou progredindo bastante, acreditem. Tento manter este convívio sempre pacífico entre o gato e o rato. Enfim, vou continuar vivendo para ver no que vai dar esse tempo de vida que me resta. Quero muito que envelhecer seja uma fase boa, que além de tudo o que eu já mencionei, envelhecer não passe de uma fase de preparação para o eternamente jovem. Assim espero...

*Julio Mesquita é publicitário e escritor. E-mail: mesquita.julio@uol.com.br Site: www.juliomesquitaescritor.com / www.projetoeducacaoedignidade.com

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