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Destaques

Sem mais dias quentes e frios

Era engraçado como tudo poderia mudar em poucos dias e a diferença que fazia quem a gente deixava entrar ou não em nossas vidas. Às vezes, uma simples vez é o suficiente mesmo quando queremos acreditar que as pessoas mudam. Proteger a própria saúde mental sempre cobrava um preço.  Impor limites nem sempre era fácil. Manter distância quando uma parte gostaria de estar perto. Não, algumas situações eram lições de que há casos em que nada pode ser feito.  Quantas vezes ia ter que lidar com a manipulação do outro? Os dias de emoções quentes, seguido por emoções frias. Os dias de companheirismo, seguido por dias de tratamento de silêncio. Ainda que exista quem veja o bloqueio como algo negativo, muitas vezes, ele é um ato de autopreservação, de quando todos limites já foram comunicados e ultrapassados, de quando o adeus era a melhor resposta. Seguia o dia, desfrutando do silêncio que antes era preenchido por uma presença duvidosa e calculista. Uma presença que indicava que era melh...

O Fracasso da Alma – Julio Mesquita

Nós pessoas, seres privilegiados por raciocínio e inteligência, somos mesmo assoberbados dessa autoconfiança que nos resvala o íntimo. Quem disse que sabemos definir o certo do errado? Quem? O que nós sabemos é que devemos sim tentar corrigirmo-nos das nossas próprias demasias e imperfeições, isso sim! E se propomos aos nossos semelhantes algo novo, claro que devemos por avaliação concluir se é bom para todos. Mas, algumas mentalidades teimam em ir contra a corrente formando por sua conta um circulo resistente, formalizando essa idiossincrasia democrática hostil a tudo que quer sobre sair e anseia por se firmar junto ao desenvolvimento social. Isso sempre existiu e continuará existindo, tais malditos estão entre nós. A vontade que tenho é de gritar para mundo: Espiritualize-se! Pois tais malditos desperdiçam fisiologia, teoria e relatividade sobre homossexualidade, sem que dela ouça suas mazelas vividas na marginalidade de suas dores. E sob a pressão dessa faculdade de adaptação, nega-se história, costumes, fundamentação e progressão lógica. O veadinho morreu! Hoje vive-se e convive-se com o doutor, empresário, diretor, governador, juiz, promotor, empregador, professor, pai e mãe gays!!! Isso aí!!!  Está insatisfeito? Enfia sua viola no saco e mude-se para um outro planeta!

A importância de um Progresso mede-se pela magnitude de todo o seu sacrifício junto ao público alvo. A humanidade caminha a passos curtos porem diligentes, porque embora exista resistência também existe persistência. Ninguém comenta as tiranias de um convento porque estão ocultadas aos olhos do mundo por detrás de seus muros, mas a homossexualidade como ato explícito serve de vitrine aos medíocres de alma. Eu os aborreceria se lhes contasse ou explicasse as mil dificuldades em empreender nossas metas, projetos, sonhos e desejos; mas me focarei apenas num argumento florido como me cabe fazer. Afinal de contas, sou apenas um jornalista comprometido com a atualidade dos fatos, não compete a mim, defendê-los a ferro e fogo, se bem sei que pessoas bem mais qualificadas os fazem por mim. Ainda assim vou costurando atos de fatos concretos que não se podem negar e muito menos fechar os olhos para eles.

Por isso, eu costumo ironizar dizendo que alguma coisa deu errado! Algo saiu da rota e segue um fluxo que não o determinado. Chamo isso de O Fracasso da Alma. A confrontação com o imprevisível normalmente nos reforça o sentido ou nos debilita. Contudo, há de se criar métodos de conteúdos excepcionais; uma nova maneira de interpretar, capacitar e emoldurar essa nova geração de seres humanos diferenciados por suas escolhas sexuais. E se a alma fracassou em não reconhecer tais diferenças, só lamento! Estaremos aqui a fim de dar instrumentos soberbamente afiados de interpretação da causa que hoje fazemos questão de pensá-la dignamente.

*Julio Mesquita é publicitário e escritor. E-mail: mesquita.julio@uol.com.br

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