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Destaques

Âncora

Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...

Resenha: Presente do Mar – Anne Morrow Lindbergh

Ganhei o livro Presente do Mar, escrito por Anne Morrow Lindbergh, do meu namorado. Faltando menos de uma semana para uma viagem para o Rio de Janeiro, era como se a obra tivesse para me dizer tudo o que eu precisava ouvir, ou talvez o texto da autora tenha esse poder de encantar os leitores e seduzi-los, assim como a praia e o mar exercem essa influência sobre muitas pessoas.

Na minha estante, o livro Presente do Mar, escrito por Anne
Morrow Lindbergh. Foto: Ben Oliveira.
O livro de Anne Morrow Lindbergh já vendeu mais de 3 milhões de exemplares no mundo e foi publicado pela primeira vez em 1955. No Brasil, Presente do Mar foi publicado pela Editora Sextante.

Começando pela capa azul do livro e pela ilustração que lembra o mar, é como se a escritora falecida tivesse deixado um ensinamento sobre como a necessidade de tirar uns dias para si mesmo pode fazer bem para a pessoa, tanto para se equilibrar as energias ou para deixar o poder da criatividade fluir. Uma ótima dica de leitura para escritores, poetas, roteiristas, artistas e profissionais que precisam ser criativos.

Em cada capítulo do livro, Anne Morrow Lindbergh descreve o seu contato e aproximação com os elementos marítimos, e é claro, consigo mesma. A transformação se dá não só no estado de espírito, mas na leveza de seu texto e como a escritora deixa as coisas fluírem. Ao longo do livro, vemos a inquietação e o medo do silêncio e do isolamento darem espaço para uma alma livre e reconectada com a natureza.

Trecho do livro: "Algumas fontes começam a jorrar apenas quando estamos sós. O artista precisa ficar só para criar; o escritor, para elaborar os seus pensamentos; o músico, para compor; o santo, para rezar".

Anne Morrow Lindbergh ao falar sobre o presente do mar, como as conchas, também presenteia o leitor com suas palavras. Longe de ser um guia sobre como viver a vida, a escritora ensina de maneira sutil como lidar com as adversidades da modernidade. Seus conselhos, mesmo escritos há mais de 50 anos, ainda traduzem a realidade. São abordados temas como o envelhecimento, o amor, o casamento, a paz, a solidão, a felicidade e a família.

Cada concha encontrada pela escritora a inspirou a escrever sobre os diferentes períodos da vida e dos relacionamentos, como o começo de um casamento, ter filhos, o papel da mulher na sociedade, a necessidade de tirar férias e desacelerar e a vontade de encontrar a própria identidade.

Presente do Mar é um convite para a reflexão, para colocar os pés na areia, colher conchas pelo caminho e observar o movimento das marés. Duas semanas de simplicidade na praia foram suficientes para que a autora pudesse aprender com a vida a transmitir ao leitor a sua sabedoria. Anne Morrow Lindbergh argumenta que as transformações são inevitáveis, tanto das amizades, namoros, casamentos, família e que é preciso encontrar equilíbrio interno para estar preparado para se doar à vida com qualidade.

Se há mais de 60 anos já era difícil harmonizar os relacionamentos, a vida profissional, pessoal e espiritual, o desafio é muito maior agora. Aceitar as diferenças, cultivar a solidão – retornando ao convívio, desapegar, desacelerar, simplicidade e leveza são alguns dos conselhos da escritora para sobreviver ao turbilhão de informações, relações e mudanças que encontramos ao longo da vida. Uma leitura leve e rápida, porém precisa. Impossível concluir o livro e não pensar na praia, no reencontro consigo mesmo e em deixar a criatividade fluir. Ao mesmo tempo em que a autora ensina os leitores a ganharem os seus presentes do mar, ela deixa uma dica valiosa, com a qual eu encerro o texto.

"O mar não recompensa os que são por demais ansiosos, ávidos ou impacientes. Escavar tesouros mostra não só impaciência e avidez, mas também falta de fé. Paciência, paciência e paciência é o que nos ensina o mar. Paciência e fé. Precisamos nos deitar vazios, abertos e sem exigências, como a praia – esperando por um presente do mar"Presente do Mar (Anne Morrow Lindbergh)

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