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Destaques

Love In The Big City: Drama gay coreano estreia pelo mundo

Depois de tentativas de boicote por sul-coreanos conservadores, o drama Love In The Big City (Amor na Cidade Grande) finalmente estreou para pessoas de diferentes partes do mundo por meio da plataforma Viki . Com protagonismo gay, a série conta a história de um escritor e suas aventuras amorosas na Coreia do Sul, país que é ainda um tanto atrasado em relação aos outros países, a ponto de tentarem impedir que a série fosse transmitida. O roteiro da série foi baseado em um livro homônimo , escrito por Sang Young Park . Best-seller na Coreia do Sul, o livro também foi publicado para o inglês, publicado em 2021. Se o simples fato de mostrar uma cena de beijo gay já incomoda conservadores, dá para perceber que a série aperta as feridas, na esperança de que a sociedade sul-coreana supere preconceitos e respeite a diversidade. Beijo no último episodio? Personagem questionando seus próprios sentimentos antes de agir? Esqueça os kdramas tradicionais. Love In The Big City traz uma visão fresca

Resenha: Sr. Villela: Meu Amigo Imaginário – H. H. Luminato

Recentemente recebi o livro Sr. Villela: Meu Amigo Imaginário, do autor H. H. Luminato, de 116 páginas, publicado pela Metanoia Editora e enviado para que eu pudesse ler e resenhar aqui no Blog do Ben Oliveira. Como toda obra com temática gay, ela representa um retalho do universo LGBT, e por mais que a ficção não tenha nenhuma obrigação com a realidade, alguns personagens costumam envolver ou incomodar mais que os outros.


A história é narrada em primeira pessoa, de maneira confessional, no qual o personagem principal, Denis descreve desde o dia em que encontrou o seu caderno e conversou pela primeira vez com o seu amigo imaginário, cujo nome era Sr. Villela, sua atração por outros rapazes, suas aventuras até a sua velhice.

“Querido amigo imaginário, depois da experiência de ter gozado eu não quero mais saber de outra coisa. Todos os dias me masturbo, cada dia pensando em um garoto diferente. Sexo se tornou algo tão forte em minha vida, que às vezes, me imagino tendo relações sexuais com todos os meninos da minha rua de uma única vez”.

Os primeiros relatos são escritos pelo personagem a partir de 1981, época em que ele tinha quatorze anos e descobre os prazeres da masturbação. Desde o início há uma forte inclinação do narrador a nos levar pelas suas peripécias, como se estivesse sussurrando seus segredos e experiências sexuais e está louco para compartilhar e ver que reações vai provocar no leitor – há um jogo de troca de identidades, na qual o Sr. Villela e o leitor do livro acabam se tornando um só.

A escrita é marcada pelo erotismo, com descrições sem rodeios das experimentações sexuais de Denis. O leitor percebe a passagem do tempo por meio das datas de cada inscrição no diário. À medida que os dias, meses e anos vão se passando, o protagonista se torna mais experiente em explorar os prazeres do seu próprio corpo e se envolver com outras pessoas, mas emocionalmente ele possuí uma série de conflitos internos mal-resolvidos, dando a sensação de que se mudam os cenários e amantes e ainda assim, há uma série de lições que ele parece não ter captado ao longo da vida.

“Sabe o que acontece? Somos animais! Agimos por instinto. Não importa se queremos ou não, sempre acabamos sendo usados. Existe uma ânsia dentro de mim que simplesmente não consigo mais controlar! Hoje eu preciso sair, preciso fazer sexo com homens, preciso ser gay. Não há mais volta, e na verdade nunca houve!”.

O lado animalizado de Denis e seus impulsos parecem ser mais fortes do que a sua racionalidade. Logo, o jogo de confissões que deveria se tornar prazeroso para o leitor pode vir a se tornar não tão excitante assim e, é claro, isto tudo é muito subjetivo e varia de acordo com a experiência de imersão, afinidade com o protagonista e a trama e relação que se desenvolve dentro deste universo ficcional e as pontes que fazemos com o mundo real por meio da verossimilhança.

Conforme H. H. Luminato afirma em nota póstuma no livro, Sr. Villela foi criado para ser um conto. Devido à extensão da narrativa, que acaba ficando entre um conto e uma novela, acabei criando expectativas sobre a maturação emocional do protagonista, porém, este ponto de estranhamento ao associar com uma pessoa é um dos elementos encantadores do texto literário – e, assim como na vida, nem tudo o que desejamos e esperamos realmente acontece. Alguns estão fadados a repetirem seus ciclos, como Denis que se comporta como um eterno adolescente até que as cortinas se abrem e ele se vê diante do seu próprio reflexo.

“Quando a gente não tem mais notícias sobre alguém que amamos, Sr. Villela, tudo escurece. Sinto como se toda a beleza ao meu redor debochasse da minha solidão. Ela se tornou um contraste tão acentuado de mim mesmo, que já não vejo mais cores em nada...”.

Após trilhar um caminho de prazer e autodestruição, as reviravoltas finais do livro são surpreendentes. Entre amores, perdas e orgasmos, ler as entrelinhas acaba revelando além da máscara usada pelo personagem. Sr. Villela acaba se abrindo, mesmo quando tenta se fechar: mais do que a história de um jovem até sua velhice que passa por uma série de aventuras para saciar a fome do corpo e do coração, o livro revela um protagonista emocionalmente frágil, em constante fuga de si mesmo, que acaba se arriscando em uma jornada pelo efêmero.

Sobre o autor H. H. Luminato – Sou apaixonado por narrar o que não conheço. Ora, o que eu conheço eu vivo! Em minhas histórias gosto de explorar o que ainda não vivi, o que não devo viver e o que provavelmente nunca presenciarei em nosso mundo. Ao escrever tudo se torna possível. Com um lápis e um papel, criam-se mundos e Deuses. Criam-se sensações novas e únicas. É a ponte mais segura entre o real e o imaginário. Escrever é a forma que encontrei de me tornar imortal.

Sr. Villela: Meu Amigo Imaginário pode ser encontrado no site da Metanoia Editora

O livro também está cadastrado no Skoob – a maior rede social brasileira para leitores! Conheça a fan page do livro no Facebook.

Comentários

  1. Bom ler a resenha porque é completamente diferente do que eu tinha imaginado :)

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    1. Oi, Lorena! Fico feliz que a resenha tenha ajudado de alguma forma.
      Abraços

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