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Aceitação: Fim do ciclo

Aceitar que você não pode voltar no tempo. Aceitar o momento presente. Aceitar que as coisas mudam. Aceitação nem sempre é fácil, mas algo necessário. É somente quando aceitamos, que podemos finalmente deixar algumas coisas para trás e voltar os olhos para a frente. Aceitar não significa se pôr no papel de vítima, pelo contrário, assumir que você teve responsabilidade também, de um grau ou outro, por tudo o que aconteceu. Há coisas que vamos adiando e adiando, na esperança de que o outro vá mudar, mas esta mudança nunca vem. Em vez de colocar vírgulas, você decide por um ponto final, um ponto que já deveria ter colocado há anos, desde que fora aconselhado pela primeira vez. Escolher a própria saúde mental vem com um preço: às vezes, você decide colocar sua paz em primeiro lugar e quando você lida com alguém sempre envolvido em problemas, o que há muitos anos tinha sido um relacionamento saudável, há anos já se transformara em várias bandeiras vermelhas. Sabia quando tinha começado, mas...

Leia um trecho do livro Escrita Maldita, de Ben Oliveira

Foto: Rosi Villas Boas (@rovillasboas / Instagram).

Leia um trecho do livro Escrita Maldita, de Ben Oliveira:


Sentado em frente ao computador, Daniel Luckman encarava o bloqueio criativo. A tela em branco o irritava. Marissa ainda dormia. Começou a escrever sobre sua incapacidade de deixar as ideias fluírem. Quando viu já tinha preenchido uma página, mas não era aquele texto que ele buscava, não era a história que queria contar.

Daniel vestia seu moletom cinza, regata branca e o tênis Nike, quando decidiu correr para remover os alfinetes da memória. Pior do que não conseguir começar ou continuar a escrever uma história, era ficar parado por horas em frente ao computador. Não, ele precisava dar um jeito de circular as energias, oxigenar o cérebro e eventualmente, os personagens voltariam a conversar com ele. Pelo menos, foi assim que ele fez para escrever seu primeiro romance publicado.

Ele não se alongou, apesar de saber que era errado e teria que lidar com as terríveis dores depois e os analgésicos que o deixariam sonolento e o fariam perder mais um dia. O escritor queria enfrentar seus problemas de frente. Quanto mais tempo ele perdia se sentindo um derrotado, mais deprimido ele se sentia. Tique-taque, tique-taque. O relógio se movia e o tempo que ele perdia dedicando à inércia, eram minutos que ele poderia usar para ler e aperfeiçoar a escrita, dar atenção à mulher ou ajudá-la a organizar as contas. Nada podia fazer se era do ócio que sua musa gostava.

Enquanto corria pela grama, ele sentia o cheiro verde inundar as narinas. Adorava estar cercado da natureza. Aprendeu com ela que todos os seres vivos estão relacionados e a vida de um deles não para só por que outro morreu. Não, ele nem mesmo ficou de luto quando Nick morreu. O pai, aquele velho miserável que se enforcou, deixando centenas de contas para a mãe. Agatha se liberou das amarras da família. Sem um marido para atormentá-la e o filho escritor – a escória da família –, para se preocupar, ela podia fazer o que tivesse vontade. Desde que Nick se foi, o homem que passou a vida toda lutando contra seus demônios, ou melhor, cedendo às vontades daquelas criaturas sombrias que habitavam o interior de sua alma, Agatha nunca mais ligou para Daniel, nem mesmo para parabenizá-lo pelo livro. Deveria estar louca, ou feliz demais com sua própria existência para se importar com o filho.

O coração acelerado o fazia se sentir vivo. Estava tão acostumado a correr naquele campo, onde sabia que não encontraria ninguém tão próximo por pelo menos 100 km, que Daniel se sentia realizado ali. Não precisava se preocupar com o cabelo amassado, com as olheiras tão roxas quanto às memórias que floresciam em sua mente ou com o visual de louco. Ele não dava a mínima. Nem mesmo se ficasse rico com a venda dos seus livros mudaria o seu jeito. Tudo o que ele queria era escrever suas histórias, transportar os leitores para a ficção, onde coisas terríveis podiam acontecer a qualquer pessoa, a qualquer momento, independente de serem bondosas ou se mereciam.

Leia Escrita Maldita, disponível para Kindle na Amazon: http://amzn.to/2kIQ15W




Confira a sinopse do livro:


Após se tornar um best-seller com seu romance de terror de estreia, Daniel Luckman está prestes a realizar um sonho: escrever um livro com Laurence Loud, um dos melhores escritores de horror dos últimos tempos. Quando o colega põe os pés em sua casa, coisas estranhas começam acontecer. A linha entre a ficção e a realidade, a loucura e a sanidade, os pesadelos e as alucinações se dissolvem. Uma história de mistérios, passados sombrios e amor. Quando dois escritores de terror se juntam para escrever uma história, tudo pode acontecer.


O processo de criação pode ser intenso, as emoções podem ficar confusas. Você estaria disposto a sacrificar tudo pelos seus sonhos?

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

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