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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Antologia internacional reúne escritores e artistas autistas

Já imaginou uma antologia voltada para escritores e artistas autistas? Stim é o título de uma antologia que está sendo organizada e editada pela escritora, blogueira e autista Lizzie Huxley-Jones. O livro será publicado pela Unbound, através de um serviço de financiamento coletivo.


Mais representatividade de autistas na literatura e arte:


Alguns escritores e artistas já foram selecionados para o projeto – a lista dos autores selecionados pode ser conferida no site oficial do projeto –, mas a autora ainda está à procura de mais alguns participantes. Então, se você se você é autista (formalmente diagnosticado ou auto-diagnosticado), aproveite para participar. Vale lembrar que se for texto, o material precisa estar em inglês.

No site da escritora Lizzie Huxley-Jones é possível encontrar as regras para envio do pitch (apresentação da sua arte/texto). Os pitches devem ser enviados até o dia 30 de abril de 2018 (na dúvida, envie antes, por causa da diferença de fuso-horário). A antologia contará com contos, escrita criativa de não ficção, ensaios e ilustrações/histórias em quadrinhos.

Uma das propostas da antologia é mostrar que nem todos autistas/Aspergers são iguais. Nem todo autista é como o Sheldon Cooper (The Big Bang Theory), entre outros exemplos de personagens autistas retratados na ficção.

“Quem você imagina quando pensa em uma pessoa autista? [...] Estas são as respostas que você recebe da maioria das pessoas. Não é a mais diversa linha de vozes, até porque são todas ficcionais, e todas seguem um conjunto realmente específico de características: bom em matemática, socialmente inadequado, masculino, esquisito” –Lizzie Huxley-Jones 

A escritora lembra que quando alguém conhece um autista, ela encontra uma só pessoa, que não representa toda a comunidade e lembra sobre as individualidades. Segundo a organizadora, a importância da antologia é dar a oportunidade de dar voz para pessoas com autismo, já que geralmente quem fala sobre elas na mídia são neurotípicos (pessoas que não têm autismo), esquecendo que existem muitos autistas criativos, espertos e engraçados e que são bem diferentes dos estereótipos que as pessoas têm a respeito.

Uma curiosidade: a organizadora da coletânea foi diagnosticada acidentalmente aos 28 anos e ela é escritora, assim como eu – também só fui descobrir recentemente que tenho Asperger, na mesma idade e também sou autor (mas isso é história para outro texto aqui no blog). Achei muito bacana a ideia da antologia, pois ajuda a mostrar um pouco da diversidade e lembrar algo que sempre bati na tecla no meu blog e nas redes sociais: as pessoas são diferentes, aceite.

Dica: Coisas para não dizer para alguém com asperger/autismo, mesmo sem querer: “Mas você parece normal”. É ofensivo e desnecessário. E como quem tem Asperger é sincero demais/não gosta de mentir, você pode até levar uma patada sem que a pessoa consiga se controlar e depois querer levar para o lado pessoal e se sentir ofendido. O cérebro de quem é autista funciona de maneira diferente. Geralmente, quem tem Asperger, fala a verdade mesmo em horas inapropriadas.

Para quem quiser saber as regras de participação (estão em inglês), visite a página da escritora Lizzie Huxley-Jones: https://lizziehuxleyjones.com/pitch-guidelines-for-stim/

Para conferir o link do projeto do livro no Unbound e apoiar: https://unbound.com/books/stim/




Algumas indicações de leitura relacionadas ao tema:


O Menino Que Desenhava Monstros (Keith Donohue) – Sou suspeito, né? Sou escritor de terror e sempre gostei de narrativas no gênero. Quando li esse livro, não fazia ideia que assim como um dos personagens principais, eu também tenho Asperger. Estou com uma vontade louca de reler o livro. A história é muito envolvente. Me identifiquei bastante com as descrições sobre a infância do personagem, as dificuldades de relacionamento e de se fazer entender.



A Diferença Invisível (Julie Dachez, Mademoiselle Caroline) – Uma graphic novel emocionante. O trabalho incrível das autoras fez com que a narrativa fosse recomendada por questões de saúde pública. Quantas pessoas são autistas e não fazem a mínima ideia? Milhares. Enquanto eu lia, me vi em vários momentos em situações parecidas com a da personagem. Foi o que me motivou a continuar pesquisando, fazer os testes e entender melhor sobre mim mesmo.

“Seu papel não é se encaixar em um molde, mas sim ajudar os outros – todos os outros – a sair dos moldes em que estão presos (...) Ao abraçar sua verdadeira identidade, aceitando sua singularidade, você se torna um exemplo a ser seguido (...) É um remédio para nossa sociedade, doente de normalidade” – Julie Dachez, A Diferença Invisível

Mundo Singular (Ana Beatriz Barbosa, Mayra Bonifacio Gaiato e Leandro Thadeu Reveles) – Para quem quiser entender mais sobre o autismo, o livro é bem introdutório e em alguns momentos pode ser genérico. Alguns comentários me incomodaram como associar o lado lógico ao cérebro masculino e o lado artístico ao cérebro feminino, mas, sem dúvidas, toda informação pode ser interessante para quem quer aprender sobre um assunto que ainda precisa ser mais estudado e discutido.

Bônus: Dica de canal no YouTube em inglês sobre o universo Asperger/Autismo: The Aspie World

Vale a pena também conhecer o canal brasileiro: Mundo Asperger
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Nesta semana comprei um livro sobre autismo e psicologia. Em breve quero ler. Se alguém tiver curiosidade, pode me deixar comentário, caso eu não escreva para o blog. Mas dependendo de como for minha experiência de leitura, devo compartilhar por aqui e/ou nas minhas redes sociais.

“Não tenha medo de ser você mesmo. Tenha medo de ter que fingir o tempo todo ser alguém que não é, só para agradar” – Ben Oliveira

Saí do armário como gay na minha adolescência; como escritor no início da fase adulta e agora, aos 28 anos, como Aspie – inclusive, é possível conferir em vários textos meus essa tentativa de descobrir mais sobre minha própria identidade; tenho personagens que estão sempre tentando se encaixar como são. Conhecer melhor sobre si mesmo te ajuda a entender porque você enxerga o mundo de forma diferente dos outros, porque algumas coisas te fazem mal e te incomodam.



Acredito que o autista pode tentar se adaptar ao mundo, mas que o mundo também precisa aprender a respeitá-lo e entender que existem coisas que não dá para mudar. Não tente fazer uma pessoa se transformar em algo que ela não é. Às vezes, as pessoas fazem sem querer, por pura ignorância. Se você conhece alguém que tenha Transtorno do Espectro Autista (TEA), o mínimo que você pode fazer é pesquisar um pouco e pensar duas vezes antes de soltar algum comentário que pode ser ofensivo e/ou esperar que a pessoa vá agir de determinada forma, quando na verdade é algo que pode ser desconfortável para ela.

Bom, é isso... Fica o convite aos colegas escritores e artistas com autismo! A antologia é internacional e perguntei para o site da plataforma do livro se há envio para o Brasil, eles me confirmaram. Mesmo que não seja selecionado, ao apoiar o projeto, também é uma forma de ajudar a espalhar um pouco de diversidade pelo mundo.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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