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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Green Mothers’ Club: Drama coreano sobre rivalidades e segredos entre mães de crianças inteligentes

Se você gostou das séries norte-americanas Weeds e Desperate Housewives, é bem provável que possa se interessar pelo drama coreano Green Mothers’ Club, cujas histórias giram ao redor da amizade e rivalidade entre mães de crianças inteligentes. Lançada em 2022, a série disponível na Netflix foi dirigida por La Ha-Na e com roteiro de Shin Yi-Won.

Criar uma criança com inteligência média já é uma experiência inervante para muitas mães, especialmente aquelas que vivem em países nos quais a pressão é muito forte em cima da educação e futuro profissional, porém quando seus filhos fazem parte de uma comunidade que hipervaloriza, as notas, as competições educacionais e as escolhas tudo se torna um campo minado, no qual qualquer um pode se tornar uma vítima.

Quando Lee Eun-Pyo (Yo-won Lee) se muda para o bairro, leva um tempo até que ela entenda a dinâmica envolvendo mães e os filhos que conviverão com sua família. Acostumada a criar os filhos de forma mais livre, ela se vê em um fogo cruzado das mães hipercompetitivas que exigem sempre o melhor para os filhos e aquelas que acreditam que a fase da infância não deveria ser tratada de forma tão rígida.

Se a série pudesse ser resumida em poucas palavras seria: orgulho ferido. Até que ponto essas mulheres estão dispostas a guardarem segredos, espalharem fofocas com consequências drásticas e a colocarem a saúde mental delas e dos filhos por conta de um possível futuro bem-sucedido?

Por trás da rixa educacional, há uma série de camadas que vai sendo arrancada ao longo dos episódios e revelando mais sobre o lado sombrio e luminoso de cada um dos principais envolvidos nos estranhos acontecimentos da região. Personagens cujos passados e presentes estão entrelaçados e aqueles que se encontraram por mero acaso, mas deixaram feridas profundas uns nos outros.

Das crianças excluídas por não irem bem nos testes e aquelas com superdotação cujas obrigações são tantas que mal têm tempo livre para respirar e aproveitar a fase da vida em que se encontram, o drama coreano leva o telespectador a refletir sobre os erros e os acertos dos pais quando depositam muitas expectativas nos filhos a ponto de fazê-los internalizar comportamentos competitivos e problemáticos.

Misturando uma pitada de suspense de um assassinato com muito drama, Green Mothers’ Club revela como as ambições e os orgulhos podem servir tanto como motivação, como se transformarem em uma bomba-relógio. Entre mentiras, segredos e crimes, uma teia de superproteção familiar e de autodestruição conecta essas mulheres que vão longe demais pelo mundo das aparências. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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