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Destaques

O silêncio nada inocente

Nem sempre o silêncio significa concordar com o outro, às vezes ele vem da noção de que não importa o que será dito, você será mal interpretado. Então, tudo o que resta é deixar o outro projetar em você, coisas que sequer passam pela sua mente, te julgar e aprender internamente a não se deixar levar pelo julgamento do outro. Escutar sem reagir nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente diante de uma injustiça, mas pelo bem da sua saúde mental, muitas vezes você tem que deixar o outro pensar o que quiser de você e aceitar que uma invalidação do outro, não significa que você precisa aceitar como uma verdade absoluta. Se você está em uma posição onde há pouco espaço para a expressão, muitas vezes é inevitável que você saia de uma conversa onde um dos lados se comunicou e o outro esteve no papel de mero ouvinte. Esse desequilíbrio nas relações geram interpretações erradas e cabe a cada um validar ou invalidar a invalidação do outro. Nem tudo o que é dito sobre você precisa fazer sentido ...

A Caixa

Dentro de cada um de nós há uma caixa repleta de coisas que não dizemos e gostaríamos de ter dito. Essa caixa pode estar organizada por nomes, datas e acontecimentos ou completamente bagunçada sem critérios, gerida pelo caos. 

Há quem consiga manter essa caixa tão escondida de si mesmo, que é como se ela deixasse de existir. Mas há também quem mantenha sempre consciente de que a caixa não para de expandir a cada vez que se engole palavras e sentimentos.

A caixa pode ser pesada ou leve, tudo depende de como se passou a vida. De tanto engolir as coisas pode-se ficar com indigestão. O peso das palavras não ditas é esmagador e por vezes parece intolerável, como se o simples ato de se dar conta dele, fosse capaz de provocar uma terrível ressaca moral.

Mas não são só as coisas não ditas que se acumulam na caixa. A caixa também traz aquelas coisas que dizemos e gostaríamos de não ter dito. Todas emoções mal digeridas vão criando ondas arrebatadoras que uma vez aberta a caixa é praticamente impossível de fechar.

A pergunta que fica é como você está cuidando da caixa: está deixando ela crescer de forma monstruosa ou está reorganizando as notas e tentando tirar algumas lições para a vida? Sem a caixa, ficamos mais leves, mas também podemos nos esquecer de coisas que foram importantes um dia. Cabe a cada um ter mais cuidado com as coisas ditas e não ditas, com as expectativas que criamos e situações que projetamos. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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