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Destaques

Rede de apoio

Reaprender a aproveitar os dias de calma. Ocupar a mente com coisas boas. Ter confiança de que nem tudo precisa se repetir, que a ansiedade pode ser muito mais do que um incômodo, mas conduzir para o caminho errado.  Estar no escuro e estar cercado de alarmes podem ser terríveis. É preciso uma dose de equilíbrio para que os dias voltem a se tornar leves. Às vezes, o viés pode atrapalhar. Os padrões podem dar falsos positivos.  É preciso paciência para identificar as coisas como elas são e não enxergar um padrão em tudo. Muitas vezes, é somente com uma rede de apoio que descansar se torna possível. Não ficar ansioso o tempo inteiro e criando cenários catastróficos também faz parte do tratamento. Deixar as coisas fluírem e abrir mão do controle total. É somente ao abrir mão do controle que é possível respirar com calma. É somente quando se está seguro que é possível manter vínculos saudáveis. É somente ao aceitar que o excesso de controle era pior do que não ter qualquer control...

Nossa Versão Editada

Na nossa versão editada tudo era diferente. Em vez de partir, os dois ficavam mais próximos, conscientes de que mesmo diante do amor, teriam suas diferenças. Mesmo sabendo que quando o outro estava pedindo para ir, na verdade, estava pedindo para ficar e nos momentos difíceis estariam um para o outro como um lembrete de que não estavam sozinhos.

É incrível como a mente tem a capacidade de editar nossas memórias. Esquecemos a parte triste, tentamos nos agarrar na parte feliz. Todas as pequenas brigas parecem sem sentido. Tudo o que a mente quer é reviver aquele momento que sabe que nunca será igual com outra pessoa.

E de tanto mentir para si mesmo e engolir as emoções, certo dia elas vêm à tona, como um furacão.  Então, como alguém num barco afundando que se enche de água, você pega o balde e vai tentando esvaziar a mente pouco a pouco, até que as memórias voltem a descansar, mas consciente de que elas vão voltar novamente.

Os dias, as semanas, os meses, os anos passam, mas algumas coisas nunca mudam. Tudo perto, tudo longe. Tudo certo, tudo errado. Tudo igual, tudo diferente. Tudo intenso demais, tudo indiferente demais. O coração continuava pulsando, mesmo nos dias mais sombrios em que achava que não daria conta.

Então, eram as memórias que mais amava que eram sua salvação, mas também sua condenação. Um simples nome era capaz de fazer o corpo inteiro tremer e a mente ser inundada por tantas memórias, que seja por felicidade ou frustração, o faziam entrar em colapso. Era o tipo de emoção que o queimava, mas queria mais e mais, até deixar o fogo consumi-lo por completo e inundá-lo com novas memórias editadas, desta vez, juntos em um multiverso de personagens, onde não importava quem eles fossem, sempre estariam juntos.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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