Pular para o conteúdo principal

Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

Soltar o peso e seguir em frente

Criar memórias. Ouvir músicas antigas. Aprender algo novo. Pequenas coisas que fazem a diferença. É a soma dos pequenos hábitos que vão transformando nossa vida. Às vezes, seguir para frente é o único modo de se desprender de um passado que não te serve mais. Em vez de escolher o papel de vítima do outro, que caia tão bem ao outro, é preciso buscar caminhos alternativos para cuidar de si mesmo.

Foi ao se reconectar consigo mesmo, que precisava reaprender a viver com leveza, deixando de lado o peso que era do outro. Era levando um dia de cada vez que mais tinha certeza de que havia feito o certo: abrir mão de quem estava deixando sua vida pesada, cheia de reclamações e problemas.

Somente ao deixar ir, foi notando que a vida poderia ser leve. Estar próximo de quem reclamava de tudo e tinha uma visão tão negativa sobre a vida, estava afetando a própria saúde mental, gerando estresse, alimentando a ansiedade e afetando sua estabilidade. Enquanto fazia bem para o outro desabafar, ela estava te sobrecarregando: algo de conhecimento tão comum, mas que a pessoa era incapaz de enxergar.

Foi vivendo no momento presente que lentamente se desprendia do passado, bisbilhotando o que poderia fazer no futuro, ia dia a dia, aprendendo algo novo e tentando se transformar. Não precisava da validação dos outros: trocava a reclamação pela gratidão, algo que o outro parecia ser incapaz de sentir.

A leveza vinha da possibilidade de conhecer mais sobre si mesmo e reconhecer o que jamais aceitaria de novo, também vinha da certeza do que nunca queria se tornar. Uma vez que fechava uma porta, dificilmente deixaria abri-la de novo. Desde que percebera que o outro fazia mais mal do que bem para sua saúde mental, escolhera a si mesmo.

Quando você escuta muitos problemas e reclamações, enxerga padrões neles e vê que a pessoa não faz nada para mudar, muitas vezes, além de limites, você precisa se afastar. Você não pode resolver os problemas do outro. Você pode até se colocar no lugar do outro e ter empatia, mas há limites do que você pode fazer ou não.

Entre ter uma conversa e sair se sentindo pesado e ter uma conversa que era capaz de recarregar as próprias energias, preferia a segunda opção. Todos nós passamos por problemas e fases difíceis, mas como lidamos com isso importa. Se você é colocado no papel de quem tem que escutar diariamente e sente sua energia sendo drenada, as chances são de que você vá adoecer, enquanto o outro sente alívio. Esse desequilíbrio na relação te faz se questionar: por que ainda estou andando com essa pessoa? 

Independente da empatia, não dá para negar os impactos negativos de estar próximo de alguém com esse comportamento recorrente. Se você conhece a história da pessoa, muitas vezes, você sabe que não é algo que vai se resolver em uma sessão de terapia e a distância pode ou devolver as demandas para o outro, ou fazê-lo repetir o ciclo com outra pessoa – no entanto, deixa de ser um problema seu. De todo modo, quando você aprecia sua paz, às vezes, tudo o que você precisa é soltar o peso e seguir em frente.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Mais lidas da semana