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Destaques

Sem mais dias quentes e frios

Era engraçado como tudo poderia mudar em poucos dias e a diferença que fazia quem a gente deixava entrar ou não em nossas vidas. Às vezes, uma simples vez é o suficiente mesmo quando queremos acreditar que as pessoas mudam. Proteger a própria saúde mental sempre cobrava um preço.  Impor limites nem sempre era fácil. Manter distância quando uma parte gostaria de estar perto. Não, algumas situações eram lições de que há casos em que nada pode ser feito.  Quantas vezes ia ter que lidar com a manipulação do outro? Os dias de emoções quentes, seguido por emoções frias. Os dias de companheirismo, seguido por dias de tratamento de silêncio. Ainda que exista quem veja o bloqueio como algo negativo, muitas vezes, ele é um ato de autopreservação, de quando todos limites já foram comunicados e ultrapassados, de quando o adeus era a melhor resposta. Seguia o dia, desfrutando do silêncio que antes era preenchido por uma presença duvidosa e calculista. Uma presença que indicava que era melh...

Ser lembrado por um leitor

Há algo encantador em ser lembrado por um leitor, como se de alguma forma estivessem conectados pelas palavras, mesmo com o passar dos anos. Havia algo reconfortante em saber que um leitor aguardava um livro novo.

Tantas coisas tinham acontecido na vida após a publicação do último livro. De alguma forma, era como se tivesse se tornado outra pessoa. Estaria mentindo se dissesse que ainda não escrevia, mas nem sempre tinha energia ou foco para tal, já não era mais como antigamente quando conseguia prever quando iria terminar de escrever um livro.

Um simples e-mail poderia fazer um escritor feliz e trazer uma dose de esperança de que em algum lugar do mundo, havia um leitor ansioso e animado com a possibilidade de um novo livro. Poucas sensações eram tão boas para os escritores. Só tinha como agradecer, ainda que em forma de texto aberto.

Leitores, muitas vezes, são lembretes de que os livros importam. Escritores, em muitas situações, precisam deste lembrete constante para vencerem as dificuldades de ser autor no Brasil: um país em que ainda se lê pouco, não valoriza tanto os escritores e em que o acesso à cultura ainda é precário.

Se você for escritor e estiver lendo este texto, sorria, consciente de que em algum lugar existe um leitor lembrando de você e seus livros. Se você for leitor, talvez seja a oportunidade de enviar um mensagem para escritores brasileiros que você gosta e fazer o dia deles mais feliz.

Quem seriam os escritores sem os leitores? Quem seriam os leitores sem os escritores? Ambos precisam um do outro. Há algo mágico nesta conexão, algo que ultrapassa fronteiras. Há algo de cumplicidade, mesmo no silêncio que diz: “Eu vi tal livro e lembrei de você”. Há algo para se guardar no coração e compartilhar com o mundo.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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