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Destaques

Humor a um

Humor a um. Nos últimos dias vinha pensando o quão importante era o humor para um relacionamento. Poderia ser capaz de ignorar aspectos do outro que o incomodava? Ou seria o humor tão parte da personalidade de que era algo impossível de se desassociar? Não sabia a resposta. Não estava satisfeito com a pergunta. Era como se fosse algo que não deveria quebrar a cabeça pensando.  Poderia encontrar conforto no desconforto? Poderia entender a linguagem completamente diferente da sua? Deveria deixar o tempo dissolver aquilo que não era para ser? Tantas perguntas sem resposta. Talvez nada de bom poderia sair de algo unilateral. Talvez aceitar que não era para ser era tudo o que restava. Talvez seus textos nunca fossem rimar juntos. Talvez, mas só talvez, havia perdido a cabeça de sequer imaginar os dois juntos.  Ia escrevendo, costurando idéias e pensamentos, mudando a narrativa. Escrevia para encontrar um novo sentido, romper velhos padrões e fazer as pazes com o momento presente. E...

O preço da mudança

As coisas serão diferentes dessa vez. Você repete as palavras até acreditar que seja verdade, mas os comportamentos do outro revelam que tudo vai ser igual mais uma vez. É nessa tentativa de enxergar o melhor do outro, de ser compreensivo, que você se dá conta de que há muitas situações que não toleraria e passou a tolerar por causa do outro.

Os dias passam lentamente. Cada dia sem falar com o outro parece uma eternidade. Pelo menos é assim nos primeiros dias. Mas já estava acostumado com a distância, com a dificuldade de ser lido direito pelo outro e a necessidade de se afastar, mesmo quando uma parte ainda insistia em querer manter por perto.

Da outra vez, levara 10 dias para esquecer. Desta vez, havia deixado o outro se aproximar enquanto baixara a guarda. Era tão baixo e havia algo tão podre na maneira que o outro gostava de se manter no controle da narrativa, distorcendo histórias para sempre sair como uma vítima, mesmo quando agia como vilão.

Não era o primeiro relacionamento tóxico na vida, mas uma pergunta se repetia: por que ainda insistia, mesmo quando tudo dizia para ficar longe? Os relacionamentos tóxicos não eram impossíveis de identificar, mas certamente também não tinham só o lado sombrio, fazendo com que a confusão se instalasse.

Desejar alguém que não fosse tóxico era o mínimo que esperava em todas áreas da vida. Tolerar os comportamentos do outro era algo que deveria acontecer somente quando valia a pena. Havia pessoas que só estavam de passagem na vida, pessoas destinadas ao adeus. Pessoas que nem sequer valia a tentativa. Pessoas incapazes de reconhecer os próprios erros e que sempre repetiam os mesmos comportamentos. Não se enganem: pessoas mudam, mas nem todas e não quando queremos. 

E essa mudança exige coragem para reconhecer a si mesmo, muita dose de autoconhecimento e de percepção de que algo precisava mudar. O excesso de compreensão e de presença, muitas vezes, te torna invisível aos outros. Às vezes, tudo o que você precisa é de distância, para cada um reconhecer seus próprios papéis na história e perceber que narrativas iam muito além de heróis e vilões, mas de reconhecer que todos temos uma parte tóxica e até que ponto estamos dispostos a mantê-la ou mudar pelos outros.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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