Últimos meses
Escrevia para se dar conta do quanto havia mudado nos últimos meses. O cigarro, que antes julgava impossível de abrir mão, agora havia ficado no passado. Relacionamentos que pareciam durar, agora não estavam no presente. Novos relacionamentos ganhavam espaço e vida dia após dia.
Fizera as pazes com o passado quando aceitara que já tinha cumprido seu papel. Entre abrir mão e aceitar que estava tudo bem não fazer parte da vida do outro, a vida acontecia.
A frustração de achar que as coisas seriam diferentes. A repetição de padrões problemáticos. A pergunta: por que aceitar o inaceitável? A mudança que era sustentada dia após dia, até parecer que o passado já não incomodaria.
Era ao aceitar que não tinha controle sobre tudo. Era ao entender que aceitar ajuda dos outros e não precisava carregar tudo sozinho. Era ao se dar conta de que o que algum dia fizera sentido, agora poderia não fazer.
Dia após dia, seguindo em frente, mesmo quando parecia que nada estava acontecendo. Se dera conta de quanto havia usado o tempo para costurar novas possibilidades e manter a estabilidade, mesmo quando tudo parecia tremer ao redor.
Escrevia, então, como um lembrete de que não estava sozinho, mesmo quando parecia. Escrevia para que o leitor soubesse o mesmo. Escrevia para lembrar que os pequenos progressos também importavam. Escrevia para se lembrar de que estava tudo bem continuar seguindo em frente e que a nostalgia poderia ser tentadora, mas o verdadeiro desafio estava no aqui e agora.