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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Viagem de Amigos - Memórias e Expectativas


Algumas vezes as coisas não saem da maneira que esperávamos e nem sempre isto significa algo ruim. Passamos a nossa vida toda idealizando relacionamentos, viagens, empregos, momentos, e o tempo acaba nos trazendo boas surpresas.  
Israel, Tiago e eu prontos para sair de Campo Grande.
No último final de semana viajei com dois amigos para Dourados (MS), uma cidade localizada a aproximadamente 235 quilômetros de Campo Grande. Entre as expectativas que tínhamos da viagem, estava a de conhecer alguma boate ou lugar bem interessante para sair. Na primeira noite na cidade nossas esperanças foram água abaixo.

Já era noite quando chegamos ao hotel. Nosso desapontamento começou na recepção. Nem sempre é preciso palavras para mostrar preconceito. Os diversos músculos faciais do funcionário da recepção entregaram o quanto ele estava desconfortável com a nossa presença, mas ao mesmo tempo feliz de termos escolhido o hotel para nos hospedarmos.

Entramos no quarto e ficamos felizes de finalmente termos chegado ao nosso destino. Depois de nos arrumarmos para procurar algum lugar para jantar, a decepção só aumentou. Eram 11 horas da noite daquela sexta-feira quando dirigimos pelas ruas da cidade à procura de algum restaurante ou lanchonete para comer e todos os locais que nós passamos pela frente estavam fechando.

Depois de dirigir bastante pela cidade, entramos em um dos únicos locais que nós achamos aberto. A lanchonete e pizzaria oferecia uma variedade de pratos, mas o que mais desagradava no estabelecimento era um maldito Karaokê. Já se sentiu como se você estivesse preso dentro de um péssimo musical? Não queira sentir esta sensação. Os minutos pareciam durar uma eternidade enquanto os nossos lanches não ficavam prontos. Tivemos que aguentar durante cada segundo no local uma pessoa cantando músicas antigas, que em uma determinada época deviam fazer bastante sucesso, mas na atual deveriam ser proibidas.
Israel, eu e Tiago na lanchonete com Karaokê.
Ah, se má música realmente fizesse mal aos ouvidos, tenho certeza de que os meus estariam sangrando naquele momento. Não sabia dizer o que era pior, se eram as seleções musicais ou as vozes de quem estava cantando. Para mim, era triste ver como os moradores da cidade se divertiam com aquilo. Tudo o que eu pensava era: isso não é para mim. Se eu morasse lá, além de odiar a cidade, tentaria me mudar o mais rápido possível. Aliás, viajar para alguns lugares, faz você valorizar mais a sua cidade, e o pior de tudo, cria o efeito contrário do esperado, te faz querer voltar o mais cedo possível para sua casa.

Após percorrermos diferentes ruas e avenidas da cidade em busca de algum bar aberto, o único local da cidade que estava aberto estava lotado e ninguém mais poderia entrar. Era como se o universo estivesse dizendo: O que vocês vieram fazer aqui? Voltamos para o hotel na expectativa de que o outro dia seria um pouco melhor.

Acordamos às 8 horas da manhã para o café da manhã. Não esperávamos um banquete, mas ficamos decepcionados com a refeição.

O ponto alto da nossa manhã foi um filme francês de terror, Livide, que estava no meu notebook. O filme contava a história de uma garota que deseja ser enfermeira e acaba conhecendo o segredo e o tesouro de uma ex-professora de Ballet que estava em coma.

Chegando a hora do almoço, nós decidimos ir ao shopping. Queríamos conhecer outros lugares do centro da cidade, mas a chuva e o frio não deixaram. Buscamos refúgio dentro das lojas e ganhei o meu dia com um lindo par de sapatos que estava na promoção. Algumas horas mais tarde, nós estávamos levemente alcoolizados com as torres de Chop e desfrutando de alguns ótimos momentos. Depois de muitas risadas, estávamos dentro de uma farmácia furando a orelha de um amigo. Por um breve momento, apesar de estarmos em uma cidade sem muitos atrativos, só de estarmos juntos era o suficiente.

De volta ao quarto do hotel, algumas horas depois nós nos arrumamos para finalmente sairmos para a balada. “Eu sei que a noite de ontem não foi boa, mas prometo que a de hoje será melhor!”, digo aos meus amigos. Procuramos algum lugar para jantar antes de sairmos. Como já era madrugada, todos os outros estavam desérticos e prontos para fechar. Tivemos que retornar ao mesmo da noite passada. Só quem se sentiu mal com um deja vú sabe dizer como me senti. Não é tão difícil imaginar. Pense numa noite ruim e piore ela. Além das músicas ruins, a atração da noite era diversas pessoas bêbadas a ponto de quase caírem soltando a voz no Karaokê.

Pesadelo terminado, com a ajuda do GPS do celular, procuramos a boate gay da cidade. Já estranhamos o local desde a entrada e dentro não foi muito diferente. Senti-me dentro de um filme trash de comédia. A música ruim, o lugar mal decorado (para não dizer, sem nenhuma decoração), as pessoas esquisitas e mal vestidas. Não conseguia imaginar como o clube fazia para lucrar, pois naquele dia em especial poucas pessoas visitaram o lugar.

O que salvou a viagem e fez tudo valer a pena foi a presença dos meus amigos. Acredito que não importa aonde você vai, sem seus amigos não tem muita graça. Conseguimos dançar ao som péssimo do DJ, rir de coisas bobas, conversar, fofocar. No final, o que ficaram foram lembranças de uma viagem de amigos que não deu muito certo, por conta do destino, mas que nunca será esquecida pelas pessoas que estavam nela.

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