Texto: Ben Oliveira
Segue abaixo um texto escrito das Crônicas do Príncipe de Gelo, o primeiro de outros que virão inspirados nos devaneios de um amigo cujo coração foi congelado e sua alma queria ser tão jovem quanto a do Peter Pan. Espero que gostem! ;-)
Era uma vez um garoto que acreditava no amor até o dia em que ele descobriu que as coisas não eram como aparentavam ser. Dizem que quando se ama você não tem olhos para outra pessoa, para o Príncipe de Gelo as coisas não eram assim.
− Será que eu nunca amei? − A frase piscava dentro da cabeça dele como um daqueles letreiros luminosos no escuro, algo impossível de ignorar.
Desde o dia em que deixou o seu coração congelar e mudou a sua identidade, o rapaz nunca mais foi o mesmo. Por mais que ele tentasse, a sua nova natureza era mais forte e o dominava como um cavalo selvagem descontrolado. Lutar contra os seus próprios instintos era um esforço que ele não estava disposto a fazer. Como entender o que o Príncipe de Gelo pensava quando nem mesmo ele sabia?
− Ele havia dito as palavras que eu mais gostava juntas: “eu te amo”. Tudo bem, eu disse que amava também... Não era o que eu sentia, mas por algum motivo sabia que deveria dizer o mesmo.
Quando você aprende que o amor machuca, queima e quebra, você não deixa ele se aproximar novamente. Algumas pessoas levam dias para superar decepções, enquanto outras transformam suas experiências em um guia e pretendem nunca mais repetir os mesmos erros. Aliás, para o rapaz, muitas pessoas sabiam falar sobre amor, mas nem mesmo sabiam o seu significado.
O Príncipe de Gelo se lembrava como se fosse ontem a última vez em que um homem o disse "eu te amo" enquanto os dois faziam sexo. Para ele era tão fácil arrancar sentimentos que nem existiam de dentro de outras pessoas e só ele sabia o prazer que sentia quando alguém que o nunca tinha visto na vida antes o chamava de "amor". Era como se fosse uma espécie de jogo, e mesmo sem sentir o mesmo pela pessoa, o príncipe se divertia com a situação e aquilo tudo, o fazia pensar mais ainda em como as pessoas e seus relacionamentos eram patéticos.
− O beijo era ótimo, o sexo incrível, mas mesmo assim eu continuava a olhar para os outros caras. Por mais frio que meu coração fosse, meu corpo inteiro parecia em chamas. − De olhos fechados, o príncipe pensava em seu último namorado.
Enquanto o outro tinha se entregado e se derretido por ele, para o ser do reino do gelo esta era só mais um relacionamento. De forma alguma ele tinha a intenção de machucar, mas também não queria consolar.
− A dor vai passar, sempre passa. Você vai sobreviver e em breve você vai me esquecer. − Era tudo o que ele conseguia dizer.
Loiros, morenos, negros, japoneses, altos, baixos, magros e altos... Todos conversavam com o príncipe e queriam algo que ele também desejava, apenas sexo. Ele não queria se envolver emocionalmente com ninguém, e às vezes por engano deixava as coisas se tornarem mais duradouras do que deveriam ser.
− Sou carnal. Gosto de me sentir desejado e sou desejado. − O pensamento poderia parecer fútil para qualquer pessoa, mas para ele brotava dentro de si tão natural quanto aqueles que procuravam desesperadamente por um relacionamento e tinham medo de ficar sozinhos.
O problema de reprimir os seus desejos é que uma hora eles explodem como um vulcão e atingem todos os que estão ao seu redor. Ele poderia pedir desculpa para o outro, mas certamente não pediria para si mesmo. Sexo, era o que ele desejava e era o que ele teria. Até o dia em que terminou, Príncipe de Gelo tentou se manter firme e não fazer nada com os outros.
− Eu quero e consigo todos! − Por mais que ele tentasse afastar os pensamentos e desejos por outros rapazes, a carne era mais forte e os sentimentos dos outros, hum, para o rapaz de olhos verdes o que importava era se ele mesmo estava bem. O príncipe era egoísta o suficiente para não deixar a tristeza dos outros o afetarem. Não importava quantos corações ele teria que destruir, contanto que o dele estivesse intacto e congelado.
− Eu não estava mais amando? Eu amava? − O príncipe se perdeu em suas ideias. Para ele, nada mais importava. Por mais que houvesse carinho, de agora em diante o rapaz faria o que ele mais queria.
− Sexo, eu quero sexo. Agora estou livre e quero sexo com todos que me desejam. Ok, estou livre. Posso ter quem eu quero? Não posso? Posso, claro! Quero e posso! Ok, talvez eu não queira. Não quero. − O Príncipe de Gelo não conseguia parar de pensar. Parado em frente ao espelho, ele ria enquanto arrumava o seu cabelo.
Se relacionar com ele era algo tão instável e perigoso quanto andar em uma fina camada de gelo. Para a sua defesa, sempre que conhecia alguém, o rapaz alertava sobre o seu histórico e sobre como realmente era. Ele não se sentia responsável por nenhuma dor. Cada um que cuidasse do seu próprio inferno.
− Eu sou lindo. Muito lindo! − Ele repetia as palavras em frente ao espelho e não conseguia parar de sorrir para a própria imagem. Quem olhava para aqueles cabelos loiros e olhos de esmeralda, não conseguia acreditar que aquele anjo não passava de um demônio, e que sua próxima vítima já estava encantada e pronta para ter o seu coração devorado vivo.
O retrato de Dorian Gray meets Queer as folk
ResponderExcluirBrian Kinney feelings!
ResponderExcluirMuito bommmm, parabéns
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