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Destaques

Escrevendo Novos Capítulos

Dezembro chegou e com ele veio a vontade de escrever novos capítulos de sua história. Estava disposto a deixar outubro e novembro para trás, tentar se focar no momento presente e se deixar perder nas novas linhas que se formavam. Era verdade que deixar os capítulos anteriores para trás não era uma tarefa fácil, mas precisava seguir em frente, sempre se movimentando em direção aos seus sonhos. Tentava não criar expectativas sobre que tipos de histórias iria escrever, o papel em branco que antes o paralisava, agora servia como um convite para deixar novas palavras surgirem. Escrevia pra quê, afinal de contas? Para se lembrar? Para esquecer? Para colocar para fora? Para simplesmente praticar o ato de escrever? Não havia uma resposta certa ou errada. Escrevia porque era sua paixão fazer isso e enquanto continuasse respirando, pretendia continuar escrevendo. Escrever capítulos novos poderia ser uma atividade interessante. Diferente do que muitos pensam, nem todos escritores deixam tudo plan...

Resenha His Dark Materials - Philip Pullman

*Texto: Ben Oliveira

Ficar fascinado por um livro e pelo seu autor não é algo que acontece todos os dias. Acostumado a ler diferentes obras, poucas delas chamam a sua atenção a ponto de te marcarem, provocarem uma reflexão real e te ensinarem sobre os diversos mistérios da vida através da fantasia.

É necessário mais do que uma imaginação para criar diferentes personagens, mundos e histórias de aventura, como Philip Pullman fez na trilogia dos livros His Dark Materials: Northern Lights, The Subtle Knife e The Amber Spyglass. Fronteiras do Universo − título brasileiro dado para a trilogia das obras define bem sobre o que é abordado pelo autor de maneira inteligente e cativante.

As obras que têm como público-alvo os adolescentes mostram-se mais complexas do que parecem. Além dos elementos integrantes de uma boa narrativa, que a tornam impossível de definir em só uma palavra, Philip Pullman tece suas histórias utilizando-se de conhecimentos teológicos, filosóficos e sociológicos.

Pesquisando sobre a vida do autor, percebe-se que muito da sua obra tem relação com a sua própria vida, como os locais descritos que foram inspirados em suas viagens pelo mundo. Mais do que entreter e estimular a imaginação de quem está lendo, Pullman consegue tratar de assuntos polêmicos em suas narrativas, entre eles, o amadurecimento, o sexo, Deus, a vida após a morte e religiosidade, razão pela qual ele é criticado por religiosos.

Mesmo com diferentes mundos, é possível perceber que todas as criaturas descritas possuem preocupações semelhantes, retratando a complexidade do ser humano independente de seus diferentes contextos sociais e geográficos.

Lyra Belacqua é a protagonista do livro, uma garota que cresceu pensando que os seus pais estavam mortos, quando na verdade eles estavam vivos e a tinham deixado sob os cuidados do colégio em que ela estudava. Ao longo do primeiro livro, o leitor acompanha as aventuras da criança selvagem e do seu demônio chamado Pantalaemon, uma criatura que conseguia se transformar diferentes formas de animais, e apesar do nome intrigar os mais religiosos, o termo é utilizado para se referir a essência ou alma de cada ser humano.

Criada em um colégio de senhores, a menina fez amizade com um garoto chamado Roger. Os dois se aventuram pelos diferentes cantos da região em que Lyra vive. Após se esconder em uma sala e ouvir uma reunião secreta sobre as Luzes do Norte e o Dust (Poeira), a vida da garota se transforma.

A menina ganha um instrumento chamado Aletiômetro, uma búlsola dourada com diversas imagens, através do qual ela consegue saber a verdade. Ela passa por diversas situações, como sequestro e tentativa de separação do demônio e seu corpo, ação que pode ser comparada à castração emocional até a escapar de instituições que querem controlar as pessoas, como a igreja e a ser salva por um urso guerreiro.

No segundo livro, a garota está dentro de um universo paralelo onde as crianças não possuem demônios externos iguais aos dela, somente suas almas dentro dos seus corpos. Acidentalmente ela conhece Will Parry, um garoto que veio do universo que poderia corresponder ao nosso mundo real e em uma tentativa de escapar dos seus problemas, como matar acidentalmente um homem, ele entrou em uma janela que o transportou para um mundo só de crianças, pois os adultos eram atacados por criaturas espectrais.

Os dois tentam se ajudar e enfrentam diferentes problemas. O menino é escolhido para ser o dono de um objeto que poderia cortar tudo o que fosse feito de matéria, não importa o quão duro e resistante fosse, e capaz de abrir passagens para outros mundos, a Faca Sútil. Com poder em mãos, literalmente, tanto Will quanto Lyra atraem a atenção de instituições e pessoas por trás delas.

O terceiro e último livro de His Dark Materials é o mais complexo, e além de possuir maior quantidade de páginas do que os outros, também apresenta diferentes narradores e mundos. Ao decorrer das páginas o leitor vivencia e se emociona com os conflitos entre diversas criaturas e instituições. As diferenças ideológicas e religiosas e a moralidade são as responsáveis pelas guerras, assim como acontecem na vida real.

Através das histórias fantasiosas observa-se como os personagens reagem diante da família, morte, amor, sexo e conhecimento. Mesmo direcionados para adolescentes e jovens e se tratando um livro de fantasia, o livro consegue ser educativo e encantador. A descoberta dos mistérios da humanidade, suas angústias em relação à vida e à Deus, assuntos buscados pelos seres pensantes desde o seu surgimento, fazem com que o leitor acompanhe até o final em uma tentativa de achar essas respostas junto com personagens.

Há tantas histórias paralelas e complexidade nos livros que mesmo que eu tentasse não conseguiria retratá-los apropriadamente. O que me resta é recomendar estes livros que estimulam o pensamento crítico, a imaginação e a vontade de buscar conhecimento.

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