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Destaques

Escrita além dos benefícios

Escrevia para não ter que ficar engolindo sempre as emoções. Escrevia para processar os pensamentos e as emoções. Escrevia para entrar em contato com sua voz interior. Escrevia. Muitas vezes, era somente quando estava escrevendo que se dava conta melhor das coisas que estavam acontecendo. Escrevia, pois era humano, e sabia que deveria encarar suas fragilidades. Escrevia para encontrar momentos de paz ao longo da semana. Escrever tinha muitos benefícios, mas ainda que não tivessem, continuaria a escrever, era mais forte do que ele. Escrevia pelo prazer de escrever e também para que outros pudessem ler e se identificarem de alguma forma ou outra. O que faria sem a escrita? Não fazia ideia. Era tão parte dele quanto qualquer traço de personalidade que não conseguia mudar. Escrever se tornara parte da sua vida há tanto tempo que poderia abrir mão de outras coisas, mas não abriria da escrita. É sempre encarando a página em branco que as coisas começam a ganhar sentido. Sempre uma palavra pu...

Uma viagem pelo tempo com os amigos


Não era um aniversário qualquer. Aproveitou para comemorar mais um ano de vida e tecer um capítulo onde quem estivesse acompanhando aquela história pudesse entendê-la mesmo sem tê-la observado desde o início. Não deixaria a audiência diminuir mais, caso contrário corria o risco de perder o seu próprio seriado com o registro de sua vida e dos seus principais amigos.

Todo ano era sempre igual. Somente por alguns minutos, eles viajavam para a vida passada. Prometeram a si mesmos que limitariam a ação de se transportar pelas malhas do tempo. Uma vez a cada temporada era mais do que suficiente. Não havia muito que o roteirista pudesse fazer, somente assistir aquela cena que se repetia e repetia. Por um minuto ele sentava e assistia o roteiro que já havia sido escrito, dando lugar para os mesmos personagens em outras histórias paralelas.

O garoto que queria ser uma bruxa na verdade estava interessado em outros planetas; enquanto o outro queria saber do seu castelo. Um buscava trazer para o presente uma amizade do passado, já o outro desejava poder parar de cometer os mesmos erros todas as vezes.

Todos estavam juntos e separados ao mesmo tempo, era como se todas as histórias passassem em lugares e tempos diferentes, mas todos estavam reunidos como deveria ser. Como algo podia ser tão singular e tão coletivo? A resposta era uma só. Eles se conheceram em cada uma das viagens que tiveram. Era sempre aquele velho grupo de amigos.

Várias regras foram quebradas. A primeira e principal delas dizia que eles não podiam chamar a atenção que deveria ser totalmente destinada ao amigo. Faltavam apenas alguns dias para o ano novo. Os jovens decidiram seguir por caminhos diferentes: passado, presente e futuro. Eles não poderiam falar sobre o passado, nem sobre o que ainda não havia acontecido neste plano, caso contrário poderiam alterar as suas vidas para sempre.

No final, todos conseguiram o que queriam. As histórias continuariam por mais um ano. Era só mais um daqueles finais de temporada confundido com final de série. Como sempre faziam, episódio após episódio, eles esqueceram o passado, e o que se lembravam era confundido com ficção. Uma história dentro de outra. Quem poderia julgar a loucura deles tentando sobreviver em um mundo tão diferente do que estavam acostumados.  Ilusão ou realidade, eles conseguiram salvar suas próprias vidas sem querer. Eram fantoches criados para entreter o autor daquela história e quem mais tivesse interesse no que acontecia na vida daqueles quatro jovens rapazes.

O jogo devia continuar. "Eles dizem não odeiem o jogador, odeiem o jogo. Mas quando você inventou as regras, perder é realmente uma droga".

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