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Destaques

A terceira semana sem fumar cigarro

Como era difícil criar hábitos positivos. Havia acabado de passar da terceira semana sem fumar cigarro e ainda sentia certo desconforto. Seja para bem ou para mal, descobrira que mesmo após anos, algumas pessoas continuavam lutando contra a vontade de fumar, ou seja, era muito mais difícil do que parecia. Na tentativa de substituir comportamentos negativos por mais saudáveis, se via diante da necessidade de se desapegar um pouco da nostalgia e voltar a se focar mais no momento presente. Havia tomado mais do que o suficiente sua dose de nostalgia e agora estava preparado para continuar seguindo em frente. Era chocante o quanto o cigarro havia segurado comportamentos e ao abandoná-lo, comportamentos que antes estavam sob controle, agora pareciam soltos. Precisava de um detox das redes sociais, como quem sabia que fumar fazia mal. Precisava voltar a focar em si mesmo, deixando o passado de uma vez por todas para trás. Era no momento presente que ia celebrando as pequenas conquistas. Para ...

Criação literária e psicologia


Texto: Ben Oliveira

Qual é a relação entre a psicanálise e a criação literária? Muitas pessoas tem curiosidade sobre a produção literária, tanto para descobrirem mais sobre seus escritores favoritos, quanto para encontrarem alguma fórmula de escrita.

Psicanalista e escritora, Ana Cecília Carvalho publicou em 1994, na revista Psicologia: Ciência e profissão, o artigo "O processo de criação na produção literária: um depoimento", no qual a autora aborda um pouco deste tema tão complexo e que desperta o interesse nos leitores.

Ana Cecília Carvalho explica a criação literária vista através da psicologia, sendo a primeira a  arte que possibilita a invenção e reinvenção do mundo, fantasiando e inventando pessoas, situações e realidades.
Segundo a autora do artigo, o escritor criativo tem a capacidade de "recriar a partir do caos, dando forma ao que não tem forma".

Ao escrever, a psicanalista acredita que o escritor precisa lidar com a sensação do vazio, do desprendimento, de luto, e por isto, muitos deles buscam o distanciamento físico e geográfico, uma forma de entrarem em contato consigo mesmo. Carvalho justifica que a escrita tem o poder de restauração, algo perdido é transformado por meio das palavras e ganha um significado.

Portanto, segundo o artigo, a produção literária consegue dar sentido para coisas sem sentido, resultante do distanciamento interno do escritor – uma maneira de se buscar os silêncio, explorar questões profundas da alma e proporcionar alívio das tensões de quem está lendo.

Quando se está escrevendo é preciso romper consigo mesmo. Porém, ao mesmo tempo em que a produção literária representa o rompimento, Ana Cecília Carvalho afirma que ela tem o poder de reparação, no momento em que ela está pronta e é entregue ao mundo. A psicanalista compara o texto pronto aos filhos, comentando que um dia ele vai embora.

A autora ainda fala sobre a capacidade do escritor se desnudar e se disfarçar no texto literário, produzindo inúmeras possibilidades. "Ao falar de todos, o escritor criativo fala de um, e ao falar de um, todos os outros se reconhecerão", ressalta Ana Cecília Carvalho.

Além de aliviar tensões, o texto literário também tem seu caráter agressivo. Ana Cecília Carvalho dá como exemplo o conto, gênero literário no qual o leitor é pego de surpresa e leve uma espécie de "soco no estômago" no final do texto.

Mais do que repetir, o escritor transforma, e ao mesmo tempo em que aproxima, ele limita. "Escrever é tornar possível a impossibilidade", justifica.

Confira o artigo na íntegra: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98931994000100002&script=sci_arttext

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