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Destaques

Terminar de processar as emoções

Processar as emoções era muito mais importante do que fingir que algo não aconteceu. Era reconhecer os próprios erros e acertos e se permitir sentir as coisas boas e ruins. Era tentador fingir que nada aconteceu. Mas também era imaturo, também era um sinal de que havia se desconectado do real e emoções não processadas voltariam de um jeito mais cedo ou mais tarde. Foi reconhecendo os dias bons, mas acima de tudo, sentindo os ruins. Foi deixando tudo para trás, consciente de que não havia mais nada para revisitar, não havia pontas soltas. Então, de tanto sentir tristeza, dúvida e medo, havia sentido intensamente as emoções de forma que elas já não cabiam mais dentro de si. Ia se despedindo das emoções negativas, das emoções positivas, e abrindo as portas para novas emoções chegarem. Tudo o que sabia era que ficar em negação não era a resposta que buscava. Os dias pareciam que nunca iam chegar ao fim, mas finalmente se sentia livre do fantasma do outro.

Problemas dos tempos modernos - Julio Mesquita

A imagem que agora me vem à mente é a figura mítica de um cavalo alado, de asas angelicais, uma aparição única de forte impacto aos olhos das pessoas supostamente normais. Existe algo mais poético? Mas, é claro que, um animal com esta anatomia, aparecendo aqui logo irão capturá-lo e levá-lo para um circo qualquer.

O antropólogo e professor Darcy Ribeiro, numa entrevista descontraída, disse: “A educação é o primeiro alimento do homem” Enquanto estou escrevendo, o mundo lá fora está rumo ao conhecimento de novos elementos. Pois bem. Acho que a figura da homossexualidade tornou-se esse cavalo alado, o unicórnio da (Caverna dos Dragões), que muito assisti quando ainda era bem inocente. Penso que muitos vêem como algo mítico, coisa do outro mundo, se bem que na época das grandes guerras antes mesmo do cristianismo, o homem já se enamorava por outro homem naturalmente como já é do conhecimento de todos.

“Portanto, é bom deixar bem claro aqui, que no mundo em que vivemos hoje cheio de informações e direitos adquiridos, que existem leis e medidas jurídicas de retorno sócio-educativo para punir tais delitos homofóbicos. Homofobia não é um equívoco, homofobia é crime de lesa aos direitos sociais! Produz violência, discriminação, dor, perda e exclusão de uma camada que vive em grupo. Minimizá-lo significa descriminalizá-lo perante a sociedade tornando-o algo de menos importância e torná-lo mero delito de pequeno potencial ofensivo resultará, consequentemente, na redução da culpa, na pena do réu e na aplicabilidade do mesmo em todas as esferas judiciais.”

Portanto, digo-lhes que chamo desse modo toda representação capaz de nos fazer entrever correlação e interdependência entre essas esferas vitais que tendemos a separar: a lei, conhecimento e razão, saber e arte, matéria e espírito, sentimento e emoção, antiguidade e modernidade.... Em vez de compartimentar, é preciso ligar, articular, unir e dar conotação humana ao que todos chamam de homossexualidade.

Essencialmente, a significação dessas proposições que são apenas uma repetição de tudo o que se desejou, praticou e não se legalizou. Devo, em atenção ao pai da filosofia, colocar em parênteses minhas convicções; convicções estas que tenho certeza de que todos meus leitores também compartilham.

A filosofia tem muito a ensinar sobre tudo isso. O poderoso Platão dizia: (somos sensações, somos mutáveis e imprevisíveis). Quer dizer que não é de se espantar ao mudarmos o rumo. Caminhar é preciso, diz o ditado. Tendo em mente essas características do platonismo, corre se o risco de privilegiarmos tudo o que se transmuta. Si é assim, assunto encerrado.


*Julio Mesquita é publicitário e escritor. www.juliomesquitaescritor.com / E-mail:mesquita.julio@uol.com.br

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