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Destaques

Um Natal diferente

Um Natal diferente. Um Natal sem carregar velhos fantasmas do passado, para se permitir viver o aqui e agora e encerrar um ciclo que já precisava ter encerrado faz tempo. Talvez por fora tudo fosse igual. Talvez tudo parecesse diferente. Mas a verdade era que alguns vínculos se tornavam pesados demais e não valiam a pena manter. Não, nenhuma relação unilateral valia o tempo. Escrevia para se lembrar o quanto algo assim parecia impossível há uns anos. Escrevia para dizer que pouco a pouco havia aprendido a se libertar. Se importava menos com o que os outros pensavam e focava nos próprios limites. Seria um Natal diferente, como deveria ser há anos. Algumas relações se desgastam com o tempo e não têm salvação, não importa o quanto você tente encaixar. De tanto ir deixando ir aos poucos ao longo dos anos, finalmente havia chegado a hora de se soltar de uma vez por todas. Escrevia para dizer o quanto era libertador e que não havia espaço para arrependimento, aliás, recomendava o mesmo ao ou...

Sentir leve

“Você parece tão leve”, escutou as palavras da psicóloga. Era como se ao deixar para trás o que estava pesando, estava recuperando sua leveza. “Quando foi a última vez que você se sentiu assim, tão leve?“, a pergunta era um convite para refletir e se dar conta de quanto tempo estava sentindo as coisas pesadas, sempre envolvido de uma forma ou outra nos desabafos e reclamações do outro. Se dera conta de que sua leveza vinha de antes de uma série de problemas acontecer e o outro depender  dele.

O peso do outro não precisa ser carregado por você. É somente quando nos damos conta disso que nos lembramos que mesmo a empatia tem limites e quem se vê muito envolvido nas questões emocionais do outro pode sofrer com esgotamento emocional e/ou fadiga por compaixão. Não, já havia pagado o preço uma vez por se importar demais, decidira que o melhor para sua saúde mental era seguir em frente sem o outro.

Mais do que uma fantasia da cabeça, era possível sentir no corpo, nas expressões e na mente o quanto estava diferente. Todo mundo sabe na teoria que ficar por perto de quem reclama faz mal à saúde, mas nem todos estão dispostos a encarar a realidade e se afastar quando necessário, nos vemos presos a um papel que sequer tínhamos escolhido.

Longe de encarar o fim como algo passivo, estava usando os dias com pequenas mudanças de comportamentos, pequenas formas de ativar o cérebro e cuidar da própria mente, dando uma onda de adeus diariamente, até que a mente estivesse completamente livre do peso do outro. Já estava sentindo diferença e o plano era continuar, até a mente encontrar novos vínculos saudáveis, novas formas de autoexpressão e novas maneiras de se relacionar, sem ter que abrir mão da própria saúde mental.

O adeus era um convite para novas pessoas. Pessoas que também conseguiam lidar com as coisas com leveza, tentando transformar dias ruins e protegendo a própria energia do outro. Depois que havia percebido um padrão de estar no papel de quem era drenado ou tinha que escutar problemas como uma espécie de terapeuta, se negara a se colocar nessas situações novamente. Com o tempo, escolheria opções mais saudáveis para se relacionar, desta vez consciente do que não queria passar novamente.

Então, deixar ir, que no início parecia uma ideia estranha, estava cada vez mais sendo naturalizada. Depois de tantos vídeos e textos sobre a importância de impor limites, fins de relacionamentos e cuidados com a saúde mental, se dera conta de que eles chegaram tarde demais, quando já não havia mais opção: não estava disposto a ouvir mais nada do outro. Desejava bem, mas também desejava distância, se libertando de um vínculo que mais parecia dependência emocional do que amizade e que de tanto ouvir o outro como vítima, agora sabia que era um vilão na história de alguém.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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