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Destaques

Palavras não ditas

Era uma vez um escritor que tinha tanta empatia por alguém próximo, que, muitas vezes, levava para a terapia problemas que não eram seus. Nem sempre sabia como ajudar. Não sabia como dizer não. Sempre estava disposto a ouvir. Até o dia em que se esgotou e se deu conta de que se as coisas não mudassem, ali não era seu lugar para ficar. Quando foi que precisou se diminuir tanto para caber nas expectativas do outro? O outro sequer sabia que seus posicionamentos ideológicos eram contrários e, vez ou outra, sofria com microagressões, mas se silenciava em bem da amizade – era quase como se vivesse uma vida dupla, da qual o outro desconhecia. Foi deixando um monstro crescer cada vez mais, um monstro alimentado pelo silêncio e que tanto se preocupava com o outro, que às vezes se deixava de lado. Para pessoas que estão familiarizadas com impor limites, o caso poderia ser bobeira, mas para ele, havia chegado a um estado de exaustão, no qual não queria voltar atrás. Estava exausto de ouvir proble...

Vampiros Emocionais

Quando se fala em vampiros emocionais ou vampiros de energia, logo se pensa ou nos aspectos psicológicos de alguém ou na questão energética e espiritual – ou você pode até mesmo pensar em livros de fantasia. Sabe aquela pessoa que está sempre envolvida em problemas e os problemas sempre parecem maiores que os seus, e quanto mais você tenta ajudar, mais se frustra, pois se dá conta de que a pessoa quer só reclamar, não realmente buscar soluções para os seus problemas.



Muito se fala do cuidado de saúde mental com o outro, ter empatia e compaixão, mas muitas vezes a pessoa que está precisando dessas coisas é você mesmo. Quando a vida começa a parecer pesada demais e você se sente drenado quando entra em contato com a pessoa, você precisa refletir até que ponto vai deixar a situação se repetir.

Não é saudável se manter muito tempo conectado com alguém que veste a personagem de vítima de tudo e todos, mas não se responsabiliza por sua parte. Independente do nível de relacionamento, chega o momento em que você precisa escolher sua paz ou continuar no papel de ouvinte de alguém que sempre está com problemas, cria novos problemas e fica preso em um looping infinito de reclamações. Nada está bom o suficiente. Há sempre algo a mais para se reclamar.

Saber a hora de cortar uma pessoa da sua vida nem sempre é fácil, mas você percebe os sinais ao longo do tempo, como evitar ver a pessoa ao vivo para não ter que ficar escutando os problemas, em vez disso você prefere uma companhia leve com quem pode ser você mesmo, sem se preocupar em excesso, afinal, todos nós temos nossos problemas e cabe a cada um de nós saber como lidar com eles.


Se você sente sua vida ficar mais leve quando não estão juntos, mas sai sobrecarregado quando estão juntos, uma das coisas a fazer é avaliar até que ponto você quer levar isso. Porém, quando você percebe que é um padrão que não vai mudar, muitas vezes, tudo o que resta é cortar o contato, deixar a pessoa lidar com os próprios problemas e depender menos de você.

Então, da mesma forma que você passa a cobrar autorresponsabilidade do outro, você se dá conta de que ao não impor limites ou se afastar, você também está deixando de fazer a sua parte. Às vezes, você precisa deixar o outro na fantasia de que é vítima de tudo e todos e assumir o protagonismo da própria vida, se recusando a exercer o papel de quem fica escutando tudo, nem sempre podendo ser sincero pela imaturidade do outro e, de uma vez por todas, colocar um fim que você já deveria ter colocado há tempos e foi deixando levar, na esperança de que o outro fosse mudar ou com receio de como o outro ia reagir. 

Muitas vezes, tudo o que resta é se afastar, perceber que você não precisa carregar as emoções ou os problemas do outro e direcionar que algumas coisas a pessoa precisa lidar em terapia e não é o seu papel de agir como terapeuta dela. De repente, após tanto ajudar alguém, talvez agora você se torne mais um alvo das reclamações e está tudo bem. Você só é responsável pela sua parte.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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