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Destaques

Escrevendo Novos Capítulos

Dezembro chegou e com ele veio a vontade de escrever novos capítulos de sua história. Estava disposto a deixar outubro e novembro para trás, tentar se focar no momento presente e se deixar perder nas novas linhas que se formavam. Era verdade que deixar os capítulos anteriores para trás não era uma tarefa fácil, mas precisava seguir em frente, sempre se movimentando em direção aos seus sonhos. Tentava não criar expectativas sobre que tipos de histórias iria escrever, o papel em branco que antes o paralisava, agora servia como um convite para deixar novas palavras surgirem. Escrevia pra quê, afinal de contas? Para se lembrar? Para esquecer? Para colocar para fora? Para simplesmente praticar o ato de escrever? Não havia uma resposta certa ou errada. Escrevia porque era sua paixão fazer isso e enquanto continuasse respirando, pretendia continuar escrevendo. Escrever capítulos novos poderia ser uma atividade interessante. Diferente do que muitos pensam, nem todos escritores deixam tudo plan...

Resenha: Eles falam, eu falo – Guia para desenvolver a arte da escrita

Eles falam, eu falo é o livro escrito por Gerald Graff e Cathy Birkenstein, lançado no Brasil em 2011, pela editora Novo Conceito e traduzido por Rafael Anselmé Carlos. Voltado para estudantes e profissionais que precisam escrever, a obra ajuda o leitor a produzir textos mais claros, estruturados e interativos.

O método de ensino dos autores consiste em fornecer modelos de escrita, nos quais leva-se em conta fatores para deixar o texto mais interessante e retórico, dialogando com outros pontos de vista e incentivando o leitor a participar da conversa. O que a princípio pode parecer óbvio, passa despercebido por muitos universitários, principalmente quando precisam fazer trabalhos acadêmicos, desenvolvendo ideais e argumentos. Através das orientações propostas pelo livro, além de melhorar a escrita, é possível treinar a leitura, até que gradualmente o escritor repita essas atitudes com naturalidade, como dirigir um carro ou escovar os dentes, e as utilize como desejar.

Antes de dar sua opinião sobre o tema que será abordado, Graff e Birkenstein recomendam ao autor de um artigo mostrar o que outros pensadores, pesquisadores, estudiosos, autoridades da área ou até a população em geral afirmam sobre o assunto. O texto acaba sendo uma espécie de resposta, uma conversa com outras pessoas em que após identificar as posições, sejam contrárias ou favoráveis as suas, torna-se apropriado compartilhar os seus próprios argumentos. Logo, mais do que várias palavras colocadas em um papel e suas respectivas significações, o trabalho permite a comunicação, deixando de ser um monólogo onde o autor só dá ouvidos e expressa a própria voz.

Ao ler o livro me lembrei das aulas de redação do ensino média. A professora sempre lia os textos dos alunos e apontava o que poderia ser melhorado, como a argumentação. Além de mostrar as causas e consequências de determinado problema, era recomendável descobrir dados e pesquisas informações complementares sobre o assunto, a fim de trazer outros pontos de vista que não sejam só o seu para enriquecer o texto. Quando o redator queria mostrar os lados negativos, mais do que escrever a sua própria opinião, ele deveria encontrar apoio em quem entendia mais do assunto do que ele e entender os lados positivos também, e vice-versa. Era preciso ver os dois lados da moeda, para só, então, tentar convencer o leitor com seus argumentos. A persuasão existe do começo ao fim da redação, mesmo quando o leitor ou quem escreveu não consegue enxergar. Ao dar mais profundidade, por exemplo, a pessoa percebe que você emitiu a opinião sabendo das complexidades do tema.

Para quem, como eu, não simpatiza com os modelos textuais, o livro pode não agradar muito. Basta perceber que em alguns momentos os autores sugerem preencher lacunas, literalmente, de algumas estruturas propostas. Apesar de afirmarem que os modelos servem para orientar, um estudante ou leitor mais desatento que não conseguir entender o conceito e a importância da retórica reproduzirá os mesmos formatos de texto a vida toda, sem nem se dar conta do que estão fazendo. A educação sobre a escrita não pode ser meramente técnica, mas propor a reflexão sobre a vida, o que estamos consumindo em formas de artigos, livros, reportagens, para proporcionar o verdadeiro aprendizado. Os próprios autores sabem e afirmam que mesmo sabendo usar os modelos, muitos alunos têm dificuldades para escrever, enquanto outros dão um salto significativo, melhorando absurdamente as suas produções textuais.

Não importa qual área de estudo ou trabalho você tenha escolhido, uma boa escrita pode ajudar bastante. Sabe-se que para escrever com coerência e falar bem, a leitura é recomendada. Quanto mais for crítica a leitura, mais reflexão e conhecimento. Em um simples debate sobre esportes, como recordou um dos profissionais participantes do livro, é necessário ter bons argumentos para dizer, por exemplo, o que diferencia um bom time de outro. Logo, seja para discutir um assunto na forma oral ou na escrita, o indivíduo aprende a analisar as informações, usando todos os armamentos, recursos e precauções necessários para conquistar os seus objetivos. Hitler, por exemplo, foi responsável pela aniquilação de milhares de pessoas, no entanto os seus feitos não se tornariam realidade caso ele não conseguisse convencer os outros de sua ideologia. Não é nenhuma novidade a esperteza que Hitler tinha e como ele usou sua persuasão para causar o mal e alienar pessoas. Há quem se identifique até os dias atuais com os discursos do nazismo. Por outro lado, vozes como a de Gandhi ajudaram a proliferar os ensinamentos de paz e amor pelo mundo todo, reprovando qualquer forma de violência.

O achismo tão criticado pelos professores e pesquisadores universitários pode ser combatido quando o estudante aprende a compreender o que os outros estão falando, lançando luz para que ele possa organizar a própria fala. O guia é referência para alguns educadores, escolas e universidades quando se trata da metodologia e estilo da escrita. Ao longo do livro são mostrados os movimentos retóricos e técnicas de redação, dando condições ao acadêmico de construir um texto bem fundamentado e estruturado. Bastante elogiado por professores de diferentes instituições de ensino, os autores ensinam como dialogar com os pensamentos de outras pessoas.

Dividido em várias partes, o livro ajuda a desmistificar o diálogo acadêmico, a resumir ideias, a fazer citações, a responder outros trabalhos e a argumentar a importância do que está sendo abordado. A linguagem em alguns ambientes acadêmicos também é comentada brevemente, como discussões em sala de aula, a escrita na área de Ciência e de Ciências Sociais, além de propor a leitura de quatro textos e disponibilizar um índice de modelos com os diferentes movimentos da retórica.

Recomendo o livro para quem deseja aprender a escrever artigos melhores, sejam acadêmicos ou jornalísticos. Em uma época onde qualquer pessoa pode ser lida, vista e ouvida por gente do mundo todo, uma boa comunicação e base para formular suas próprias ideais e argumentos pode ser fundamental para conseguir o que deseja.

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