Pular para o conteúdo principal

Destaques

Escrevendo Novos Capítulos

Dezembro chegou e com ele veio a vontade de escrever novos capítulos de sua história. Estava disposto a deixar outubro e novembro para trás, tentar se focar no momento presente e se deixar perder nas novas linhas que se formavam. Era verdade que deixar os capítulos anteriores para trás não era uma tarefa fácil, mas precisava seguir em frente, sempre se movimentando em direção aos seus sonhos. Tentava não criar expectativas sobre que tipos de histórias iria escrever, o papel em branco que antes o paralisava, agora servia como um convite para deixar novas palavras surgirem. Escrevia pra quê, afinal de contas? Para se lembrar? Para esquecer? Para colocar para fora? Para simplesmente praticar o ato de escrever? Não havia uma resposta certa ou errada. Escrevia porque era sua paixão fazer isso e enquanto continuasse respirando, pretendia continuar escrevendo. Escrever capítulos novos poderia ser uma atividade interessante. Diferente do que muitos pensam, nem todos escritores deixam tudo plan...

Pesadelos, escrita e bloqueio criativo

Pesadelos. Quem é que nunca teve pesadelos? Sonhos estranhos, macabros, dolorosos, assustadores. Acordar com o coração acelerado, olhar para os lados e perceber que tudo não passou de obra do seu subconsciente. Por mais irreais e desconexos que eles possam parecer, essas histórias trazem significados.

Não tenho tido sonhos ruins nos últimos meses. Confesso que gosto de acordar no meio da madrugada ou até mesmo pela manhã e tentar lembrar o que aconteceu. Sempre que consigo me recordar dos pesadelos, fico tentando encontrar motivos e respostas.

Lembro-me de quando estava lendo um livro sobre a ciência da auto realização, escrito por um líder religioso indiano Abhay Charanaravinda Bhaktivedanta Swami Prabhupada. À medida que eu aprendia mais sobre os ensinamentos da religião e compreendia mais a cultura e tradições dos homens e mulheres que dedicam sua vida ao movimento Hare Krishna, mais as imagens surgiam na minha cabeça. Naquela noite, depois de horas de leitura, abri os olhos e vi um velho indiano careca na minha frente. Sabe quando você sente tanto medo que os seus pelos do corpo se arrepiam, como se eles te dissessem para fugir, os seus olhos se abrem por causa do espanto e parece que o seu coração vai parar? Depois que a visão do homem desapareceu, fiquei pensando se estava sonhando ou alucinando, porque parecia que eu estava acordado.

Preciso escrever um conto de terror com o tema “pesadelos”. Dizem que a melhor maneira de começar a escrever sobre algo, principalmente quando você está travado ou não sabe por onde iniciar é escrevendo. Escrever sobre suas dificuldades, sobre o assunto e de repente, como em uma corrida – ao começar, o seu corpo não está acostumado com o ritmo até o momento em que se torna algo natural e você não quer mais parar – tudo começa a fluir.

Gosto de desafios literários porque eles nos fazem sair da zona de conforto. Escrever sobre coisas que talvez você não abordaria tão cedo e forçar o seu cérebro a visitar aquelas zonas obscuras da sua memória. Dizem que antes de escrever narrativas sobre o desconhecido, é preciso treinar com suas experiências de vida, saber contar um acontecimento com naturalidade, simplicidade e coerência, para, então, mergulhar em outros mundos.

Antes de pensar no personagem e no pesadelo que ele terá, fico me questionando como nem sempre os sonhos são universais. Por mais que Freud e a sua psicanálise tentou decifrar o significado de centenas de sonhos, quando se trata de pesadelos, o que pode ser terrivelmente assustador para mim, para o outro pode ser algo engraçado e vice-versa.

Nesses momentos de falta de inspiração, sinto falta de deixar um caderninho próximo à minha cama para sempre que eu tiver bons ou ruins sonhos, anotar o que aconteceu. Em frente ao computador, vendo a página em branco e sem ter ideia do que escrever, senti vontade de ter um sono cheio de pesadelos. Afinal, se eles representam nossas frustrações, angústias e indecisões, para um escritor não há algo mais agoniante e indesejável do que um bloqueio criativo. Um verdadeiro pesadelo acordado...

Comentários

  1. Excelente post. Demonstra a dificuldade, até mesmo para o experiente escritor de muitas vezes criar algo diferente, diverso daquilo que costuma criar. Parabéns.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário, Robert! Fico feliz que tenha gostado. Realmente, às vezes, é complicado escrever sobre aquilo que está longe da nossa zona de conforto. Abraços e volte sempre!

      Excluir

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Volte sempre!

Mais lidas da semana