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Destaques

Autorregulação e nostalgia

Em um ano marcado por tantas referências de nostalgia, é difícil não se lembrar do passado. Mas, às vezes, as respostas que buscava estavam no presente, naqueles que permaneceram mesmo com tanta intensidade, incoerência e riscos. Talvez em vez de focar nos ciclos que se encerraram, deveria se focar nos que permaneceram abertos. O tempo de lamentar fora mais do que o suficiente. Então, mesmo com excesso de compreensão, precisava se soltar de uma vez por todas: um exercício muito mais fácil na teoria do que na prática.  Em um ano muita coisa poderia mudar. Pensara em como finalmente havia conseguido abandonar o cigarro, por exemplo, e se lembrava de que vícios não eram tão diferentes de relacionamentos que não estavam funcionando: mesmo quando sabemos que algo não está bem, às vezes, continuamos. Às vezes, escolhemos deixar para trás. Aceitamos a importância do novo e parar de encontrar conforto somente no conhecido. Às vezes, a beleza está em descobrir o novo, mesmo que a princípio ...

Resenha: Mathilda Savitch – Victor Lodato

Mathilda Savitch é o romance de estreia do dramaturgo e poeta Victor Lodato. O livro foi traduzido para o português por Vera Ribeiro e publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, em 2012. A obra foi publicada em mais dez países.

Considerado o melhor livro de 2009 pelos The Christian Science Monitor, Booklist e The Globe and Mail, o romance conta a história de Mathilda, uma adolescente que perdeu a irmã Helene. Desde que Helene morreu numa estação de trem, embora todos digam que ela cometeu suicídio, Mathilda tem a fixação de descobrir quem foi que a empurrou.

Narrada em primeira pessoa, a narrativa o leitor pelos pensamentos confusos e geniais da garotinha que procura desesperadamente encontrar um culpado pelo ocorrido com Helene e chamar a atenção dos pais.

Após a morte de Helene, Mathilda sentiu como se os pais tivessem se transformado em zumbis. Na tentativa de despertá-los a menina prática várias loucuras e se perde no meio de suas mentiras e de sua imaginação.

Ao longo do livro o leitor percebe que o comportamento de Mathilda está relacionado à culpa que ela sente pelo suicídio da irmã e ao luto e depressão dos pais. Para fugir de sua realidade, Mathilda falta as aulas, cria brincadeiras sexuais com a melhor amiga Anna, se interessa pelo vizinho Kevin e desobedece os pais e outras autoridades.

Na busca enlouquecida para se livrar da culpa, Mathilda revira as coisas da irmã e se passa por ela para entrar em contato com o último homem com quem ela se envolveu antes de morrer. Ao chegar lá, Mathilda descobre mais do que gostaria e os motivos que poderiam ter levado Helene a se matar.

A narrativa é envolvente e a trama é inteligente. Mesmo sendo narrada por uma garotinha, é possível perceber algumas críticas, como como a sociedade norte-americana molda as personalidade das pessoas. As leituras de Mathilda, fazem com que a própria menina reflita sobre o assunto.

Entre a própria descoberta desta fase de transição tumultuada que é a adolescência e a busca pelos segredos de Helene, a protagonista-narradora Mathilda Savitch tira o leitor da inérgia, levando-o a acompanhar suas aventuras, inquietações e dramas comoventes e engraçados. No final, a sensação que se tem é a de que nem tudo o que parece realmente é e, às vezes, a pressão da sociedade e dos segredos pode levar uma pessoa a colocar ponto final em sua vida.

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