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Destaques

Outro dia sem cigarro

Rumo ao quinto mês sem cigarro. Tinha pensado em como um dia tudo isso parecia impossível, mas também gostava de compartilhar a experiência, na esperança de que mais pessoas acreditassem que era possível. Não era fácil lidar com a abstinência que aparecia de surpresa. Nem sempre vinha por razões óbvias. Resistir ao cigarro era mais difícil do que parecia, mas estava longe de ser algo impossível.  Um hábito puxava o outro. Era necessário aprender a reinventar a rotina, não para se sobrecarregar, mas para preencher o tempo com outras atividades. A tentação por algo mágico era grande. Uma fórmula instantânea que pudesse eliminar o hábito. Até o momento não existia algo assim, mesmo com o suporte de medicamentos e outras formas, parar de fumar cigarro poderia ter dias bons e ruins. Há quem se questiona por que não tinha parado antes. Mas há também quem continua lutando dia após dia: mesmo com a diminuição da vontade de fumar cigarro, ela não desaparecia completamente. Era importante re...

Resenha: Mathilda Savitch – Victor Lodato

Mathilda Savitch é o romance de estreia do dramaturgo e poeta Victor Lodato. O livro foi traduzido para o português por Vera Ribeiro e publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, em 2012. A obra foi publicada em mais dez países.

Considerado o melhor livro de 2009 pelos The Christian Science Monitor, Booklist e The Globe and Mail, o romance conta a história de Mathilda, uma adolescente que perdeu a irmã Helene. Desde que Helene morreu numa estação de trem, embora todos digam que ela cometeu suicídio, Mathilda tem a fixação de descobrir quem foi que a empurrou.

Narrada em primeira pessoa, a narrativa o leitor pelos pensamentos confusos e geniais da garotinha que procura desesperadamente encontrar um culpado pelo ocorrido com Helene e chamar a atenção dos pais.

Após a morte de Helene, Mathilda sentiu como se os pais tivessem se transformado em zumbis. Na tentativa de despertá-los a menina prática várias loucuras e se perde no meio de suas mentiras e de sua imaginação.

Ao longo do livro o leitor percebe que o comportamento de Mathilda está relacionado à culpa que ela sente pelo suicídio da irmã e ao luto e depressão dos pais. Para fugir de sua realidade, Mathilda falta as aulas, cria brincadeiras sexuais com a melhor amiga Anna, se interessa pelo vizinho Kevin e desobedece os pais e outras autoridades.

Na busca enlouquecida para se livrar da culpa, Mathilda revira as coisas da irmã e se passa por ela para entrar em contato com o último homem com quem ela se envolveu antes de morrer. Ao chegar lá, Mathilda descobre mais do que gostaria e os motivos que poderiam ter levado Helene a se matar.

A narrativa é envolvente e a trama é inteligente. Mesmo sendo narrada por uma garotinha, é possível perceber algumas críticas, como como a sociedade norte-americana molda as personalidade das pessoas. As leituras de Mathilda, fazem com que a própria menina reflita sobre o assunto.

Entre a própria descoberta desta fase de transição tumultuada que é a adolescência e a busca pelos segredos de Helene, a protagonista-narradora Mathilda Savitch tira o leitor da inérgia, levando-o a acompanhar suas aventuras, inquietações e dramas comoventes e engraçados. No final, a sensação que se tem é a de que nem tudo o que parece realmente é e, às vezes, a pressão da sociedade e dos segredos pode levar uma pessoa a colocar ponto final em sua vida.

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