O Zen e a Arte da Escrita (Zen in the art of writing), escrito por
Ray Bradbury e publicado no Brasil em
2001, pela
Editora Leya, traz uma
série de ensaios do escritor sobre o
ato de escrever, a
criatividade e
inspiração, no qual ele compartilha com os leitores como encontrou assuntos para abordar em seus
contos, romances e poemas.
No livro, Ray Bradbury utiliza algumas de suas experiências para explicar a
influência da escrita em sua vida e na busca de si mesmo, orientando como o leitor, autores estreantes e escritores veteranos também podem encontrar os seus caminhos.
O autor conta desde quando era pequeno e rasgou suas coleções de quadrinhos por causa das críticas dos colegas e em seguida preferiu manter a sua coleção – sua própria
identidade, se afastar deles, até o início de sua jornada como escritor, primeiras histórias publicadas, quais acontecimentos o inspiraram, a importância de dosar a escrita e ajudar o artista a manter o seu
equilíbrio e a necessidade de se praticar a escrita até que se torne algo natural, como quando o corpo se acostuma à corrida.
Segundo o autor, a escrita boa se dá ao não pensar, simplesmente ao deixar as palavras fluírem no papel, ato que só se tornou natural na vida dele depois de anos praticando. É preciso escrever muitas narrativas, para, só então, produzir uma história realmente boa que emocione o próprio escritor e os outros.
Ainda de acordo com Ray Bradbury, mesmo os textos iniciais e primeiras publicações não devem ser vistas como algo ruim, já que a vida está em constante movimento e estamos sempre aprendendo, seja com as histórias boas ou ruins, e a derrota acontece para aquele que desistiu no meio do caminho.
Os conselhos de Ray Bradbury são interessantes já que ele relaciona a escrita ao amor e à vida e também prova que não há nada de errado em escrever algumas histórias que não sejam tão boas, pois é a prática da escrita,
reescrita e revisão que ajudam a visão do escritor a se desenvolver e eventualmente saber exatamente o que deseja contar e expressar e o que deixar de fora. Para Ray, existem dois erros dos escritores iniciantes, o desejo de ganhar dinheiro e o de ficar reconhecido no meio literário, coisas que só devem acontecer quando foram realmente merecedoras, exigindo experiência e muita prática.
Apesar dos ensaios terem sido escritos em diferentes momentos durante um período de 30 anos, todos eles têm a mesma essência e verdades de Ray Bradbury sobre como a
escrita pode ser terapêutica (não exatamente com esta palavra, mas para expressar o seu
papel catártico) e como diariamente lidamos com uma série de situações que podem nos inspirar a escrever.
Ray Bradbury ensina como fugir dos bloqueios criativos e cativar a musa da inspiração, bastando usar a memória, criar listas de substantivos e deixar as ideias ganharem vida. Para quem como Ray tem uma boa capacidade de se lembrar, há muitos assuntos para se escrever, parecendo não ter nenhum mistério no ofício do escritor.
Outro ponto interessante dos ensaios de Ray Bradbury é o de como algumas experiências ficam marcadas no nosso
subconsciente, mesmo que a nível consciente pensemos que não conhecemos nada sobre determinada coisa ou região, quando escrevemos sobre o assunto, descobrimos que sabíamos mais do que imaginávamos.
Bradbury aconselha que para escrever é preciso ter prazer e alegria pela temática. Ao escrever sobre assuntos que o escritor gosta, ele caminha cada vez mais em busca de sua própria identidade. Na dúvida sobre o que escrever, Ray Bradbury recomenda aos contistas, romancistas e poetas revirarem suas
memórias e subconscientes para descobrirem
o que amam, o que odeiam e o que temem. O escritor recomenda criar personagens que se identifiquem com algo que você ama ou odeia com todo o coração, levando entusiasmo e o prazer da necessidade para dentro da história.
O último ensaio tem o mesmo título do livro,
O Zen e a Arte da Escrita, no qual o autor defende como a constante prática da escrita torna-se natural para o escritor e é exatamente neste momento em que ele não mais está pensando sobre o ato de escrever que as ideias fluem no texto. Ray dá como exemplo o
zen relacionado ao arqueirismo, quando o arqueiro está tão acostumado com a prática que já não precisa mais pensar antes de disparar a flecha e ficar mirando, é necessário agilidade. Segundo Ray, quanto mais rápida a escrita, mais honesta.
Sobre o autor – Ray Bradbury tem mais de 500 trabalhos publicados, entre contos de ficção científica, novelas, peças de teatro, roteiros televisivos e cinematográficos e poemas. Entre os seus trabalhos mais conhecidos estão: Crônicas Marcianas, Fahrenheit 451, Something Wicked This Way Comes e The Illustrated Man. Nascido em 22 de agosto de 1920, o escritor morreu aos 91 anos de idade, em 6 de junho de 2012.
Adorei a postagem! Legal a comparação de um arqueiro e um escritor, pois quando deixo meus pensamentos fluírem pelo ambiente ,vou escrevendo sem parar....
ResponderExcluirCom certeza vou buscar esse livro : D
Abraços
Yzzi, fico feliz que tenha gostado do texto! Tenho certeza de que vai gostar do livro. É ótimo! Vale cada centavo.
ExcluirAbraços e obrigado pelo comentário!
Nossa, Ben, fiquei muito instigada a ler esse livro, realmente é totalmente "minha cara"... Escrita terapêutica ė o que eu acredito. Vou adquirir esse livro, definitivamrnte, ótima resenha, como sempre!!! Obrigada pela indicação!
ResponderExcluirOi, Michele!
ExcluirFico feliz que tenha gostado de mais uma recomendação de leitura aqui no blog ♥ Eu super recomendo este livro. O conceito de Zen e da escrita juntos é algo poderoso: quando escrevemos é importante que estejamos presentes, tenhamos intenções, para que o texto tenha vida.
Beijos
Gratidão pelo comentário!