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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Entrevista: Fabrício Viana fala sobre seus livros e a literatura GLS

Autor de livros com temática gay e editor da Orgástica – editora relacionada ao prazer literário e sexualidade humana, Fabrício Viana concedeu uma entrevista via e-mail para o Blog do Ben Oliveira, onde contou sobre seus livros publicados, próximos projetos literários e sobre o documentário sobre relacionamento aberto que está produzindo.

Fabrício Viana é formado em Psicologia, Pós-graduado em Comunicação e Marketing, estuda e aborda a sexualidade humana. Ao longo de mais de dez anos, Fabrício tem participado de diversos projetos relacionados à homossexualidade, aceitação da própria sexualidade e diminuição do preconceito LGBT.

Engajado com projetos LGBT, Fabrício Viana tornou-se escritor por acaso.

A entrevista com o escritor Fabrício Viana dá início a uma série de entrevistas que serão produzidas e publicadas no blog, com autores nacionais, para dar mais visibilidade para as obras brasileiras, descobrir novos escritores e explorar o produção literária. Confira abaixo a entrevista:

Ben Oliveira: Fabrício Viana, você é hoje uma pessoa bem conhecida dentro da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). Da onde vem essa popularidade?

Fabrício Viana: Antes de mais nada, obrigado pelo convite. Gosto muito do seu blog! Bom, minha popularidade – se é que podemos chamá-la assim, vem dos projetos sociais que criei na Internet (em 2002 a Campanha Digital contra o Preconceito, em 2003 o portal Armário X e em 2004 a TVTudo.com) alguns anos atrás. Depois lancei o livro O Armário sobre a homossexualidade e segui firme com meu blog pessoal. Alias, sou um dos primeiros gays assumidos a ter um blog na internet. Em outras palavras, sou uma pessoa que tem um histórico e uma boa reputação. Não sou conhecido apenas por ter participado em mais de 30 programas de TV e por palestrar em vários estados do Brasil por conta do meu primeiro livro. Tanto que ainda é comum, por exemplo, encontrar leitores ou pessoas que me conhecem na rua, baladas e em eventos que participo e escutar deles algo parecido como: “Acompanho seu blog, desde quando era lá no Mix Brasil”, “Eu assistia as entrevistas da TVTudo!”, “O Armário X é um grande projeto! Você e seus amigos estão de parabéns” ou ainda “Seu livro O Armário me ajudou tanto! Fiz questão que minha mãe também lesse!”. E por ai vai indo. Claro que nem todos gostam do que faço, não dá para agradar todo mundo. Mas eu conquistei e continuo conquistando o afeto de muita gente. E essa popularidade vai aumentar, e muito, com meus novos livros (Ursos Perversos, Orgias Literárias da Tribo, Prometheus e Incompletude). Além do documentário, em vídeo, sobre relacionamento aberto que estou produzindo.

Ben Oliveira: Sobre seu primeiro livro, O Armário, ele fala sobre o quê? É verdade que você tornou-se escritor por acaso?

Fabrício Viana: Sim. É verdade. Por conta destes projetos, e mais minha formação em psicologia, eu comecei a receber uma quantidade grande de e-mails de pais, professores, educadores e homossexuais com dúvidas sobre suas relações, aceitação e a própria homossexualidade. Assim como ainda recebo. E não consigo ler, muito menos responder. Foi por isso que em 2006 eu escrevi e lancei o livro O Armário, um livro metade autobiográfico – eu queria contar minha história, bem focada na saída do armário – para promover uma identificação com o leitor e, na segunda parte, que mais gosto, dar uma introdução sobre a história da homossexualidade, a história de sua condenação religiosa e científica, o quanto é importante homossexuais – mesmo os assumidos – se livrarem da homofobia internalizada e também os detalhes do mecanismo psíquico do machismo. A ideia foi de um livro fácil. Que deveria atingir principalmente as pessoas que não gostavam de ler livros. E, como disse a uma jornalista certa vez, ele não empurra ninguém para fora do armário, apenas mostra os caminhos que cada um pode ou não percorrer rumo a sua plena autenticidade: ser, de fato, quem realmente é.

Ben Oliveira: E deu certo, escrever O Armário? Atingiu seus objetivos?

Fabrício Viana: Ao contrário dos meus amigos escritores, eu nunca pensei em ser escritor. Porém, quando fui pesquisar como era escrever um livro e publicar: esperar a editora analisar, depois de dois anos receber uma resposta que, se positiva, receberia apenas 7% do valor de capa, desisti e parti para a produção independente. Muitos me questionaram, porque não lançar um e-book? Eu sempre gostei do papel. Sou antigo. E acho que meu público alvo, pessoas interessadas em saber mais sobre a homossexualidade, também gostariam que fosse em um papel – mães de homossexuais, principalmente. Então pesquisei, fiz empréstimo no banco – afinal, não é nada barato produzir um livro de forma independente , arquei com todas as despesas do lançamento , distribuição on-line etc. Resumindo, como tenho pós em comunicação e marketing, o Armário foi um livro que deu certo mesmo sendo vendido apenas on-line. Embora eu não me considere um bom escritor, atualmente estou me esforçando para aprimorar, o livro vendeu tão bem que  até o final deste ano vai para a quarta edição. E muitos escritores novos não saem da primeira! Quando leio matérias de escritores premiados pelo Jabuti, o maior prêmio de literatura, e que não venderam mais do que 400 exemplares, fico feliz. Meu livro vendeu isso apenas nos primeiros meses de seu lançamento, lá em 2006. Então, deu certo sim. Tanto que só agora comecei a pensar em seguir a carreira de escritor.

Livros publicados por Fabrício Viana. Foto: Divulgação.

Ben Oliveira: Depois do O Armário, você lançou no início deste ano um livro de contos eróticos gays chamado Ursos Perversos. Porque um livro deste tipo e com personagens ursos?

Fabrício Viana: A Editora Orgástica, editora nova, pequena e que atualmente é meu trabalho, precisava lançar seu primeiro título. Ano passado, conversando com um amigo escritor, ele comentou sobre um livro de contos eróticos com histórias que se passavam dentro de um lugar específico. Gostei da ideia e disse a ele que eu também escreveria um, só que focado em algum público. Daí me veio a cabeça os bears, gays grandes, peludos e barbudos. Pensei, isso é perfeito. E se chamará Ursos Perversos! Mesmo porque a comunidade dos ursos é grande aqui no Brasil e eles são muito carentes de produtos específicos. Para ajudar, eu me amarro em literatura erótica! Um livro de contos eróticos com personagens ursos será maravilhoso! Convidei mais 6 amigos para fazerem parte deste projeto – eu não queria somente contos eróticos meus – e semana antes do lançamento gravei um vídeo de 8 minutos explicando sobre ele. Podem assistir aqui. A correria foi grande. Deixei até outros projetos de lado, mas consegui e o lançamento foi um sucesso.

Ben Oliveira: Teve um bom retorno, Ursos Perversos? O que seus leitores e o publico bear acharam sobre ele?

Fabrício Viana: O trabalho literário em si foi grandioso. Um amigo urso, muito próximo, ao pegar o livro, disse que até ele que não tem conhecimento editorial faria um livro destes. Que contos eróticos são fáceis. Eu falei, se são fáceis e qualquer um faria, porque ninguém nunca fez? No fundo, não é nada fácil. Dá muito trabalho não só escrever como produzir. E, no meu caso, ainda vender. Como a Editora Orgástica é pequena, eu acabo fazendo de tudo. Para ajudar, a comunidade bear brasileira não é tão unida como muitos imaginam. Por conta da minha reputação, eu esperava o apoio incondicional de muitos. Incluindo websites e blogs ursinos. E, a cada 10 sites que entrei em contato, 5 me responderam e apenas 1 ou 2, de fato, me ajudaram. Felizmente não são todos. Sem falar que ainda rola muito preconceito contra os ursos. Amigos meus, principalmente os “bombadinhos”, não suportam ursos. Outro dia mostrei para um deles fotos de “muscle bears”, e ele ficou doido. Na verdade, curtem ursos sim, só não admitem porque acham que todo urso é um cara gordo, feio e totalmente desinteressante. Muitos homens, não necessariamente gordos, são desinteressantes. Então, é puro preconceito mesmo. Só precisamos mudar essa visão, e meu livro faz bem este papel – embora ele não tenha esse objetivo. Em outras palavras, o Ursos Perversos teve uma boa repercussão, mas não teve uma venda mínima esperada. Primeiro pelo descaso da própria comunidade ursina (não existe uma paixão coletiva de promover a cultura bear). Segundo por ser literatura erótica. Aqui temos outro problema que prometo falar em outra oportunidade. Mas para muitos, obras eróticas rementem a algo vazio: apenas sexo. E quando bem escritas, com ótimas histórias, não são.  Muitos que leram Ursos Perversos adoraram e até se apaixonaram por alguns personagens. Por isso acredito que ele será um sucesso, mas não de um dia para o outro. Terá um crescimento lento, mas modestamente respeitado. Só dar tempo ao tempo.

Ben Oliveira: Depois do Ursos Perversos você começou a produzir o Livro Orgias Literárias da Tribo, desta vez uma coletânea de textos LGBT. É isso mesmo?

Fabrício Viana: É verdade. Durante a produção do Ursos Perversos recebi  um comunicado que me deixou extremamente feliz: fui contemplado no ProAc 2013 de manifestações culturais LGBTs da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Meu projeto de livro chamado Orgias Literárias da Tribo foi um dos poucos escolhidos e eu teria uma verba direcionada apenas à sua produção. Era para começar as gravações do meu documentário sobre relacionamento aberto, mas novamente, tive que parar tudo e me concentrar nesta grande orgia! E bota grande nisso! Durante 30 dias recebi textos e inscrições de pessoas interessadas em participar desta coletânea com contos, poesias, crônicas e textos em geral, mas que falassem do nosso dia-a-dia, desejos e sentimentos. Outra obrigação do projeto, ter pelo menos um autor representando cada segmento LGBT. Foi uma correria e tanta. Mas deu tudo certo e o lançamento oficial do livro será dia 01/05/2014, feriado, durante a Feira Cultural LGBT na Praça da República em São Paulo, das 15h as 16h30. Interessados podem confirmar presença no evento que criei do Facebook.  Lá também, ou no site deste projeto, vocês podem conhecer os autores e um convidado, que fala sobre literatura GLS e sobre como é ser um escritor.


Ben Oliveira: Você fala muito deste documentário sobre relacionamento aberto, qual a ligação com seus projetos literários? Ou com a comunidade LGBT?

Fabrício Viana: Nenhuma. Tenho uma relação aberta hoje e isso, no meu ver, é fabuloso. Quebrar paradigmas, conhecer novas possibilidades de se relacionar, não querer “o amor só para si”, compartilhar, não sentir ciúmes, abrir as portas para novas possibilidades e prazeres, criar regras pequenas de convivência, separar o amor e sexo e ir além, promovendo o poliamor (amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo). Tudo isso eu quero mostrar neste documentário. A verba que tenho para ele é pequena, mas o desejos e a motivação, é grande. Tanto que é um projeto aprovado pelo Catarse.me, onde recebi 8 mil reais, de amigos, para produzir. Eu já consegui muita gente para dar depoimento, incluindo heterossexuais. Porém, só não consegui iniciar as gravações por conta do Ursos Perversos e também do Orgias Literárias da Tribo. Mas pretendo começar no final de Maio e ele estará pronto até o final deste ano. Como algumas pessoas não querem mostrar o rosto, mas vivem uma relação aberta, provavelmente eu lance um livro só com os depoimentos que não entraram no vídeo. Mesmo porque abrir a relação não é a melhor opção. Não ter relação, é. Mas ainda é cedo para falar sobre este tema. Vamos deixar para conversarmos depois que ele estiver pronto.  Quem se interessar pode assistir uma breve entrevista em vídeo que dei sobre ele no Papo Mix.

Ben Oliveira: Você tem outros projetos literários? Novos livros?

Fabrício Viana: Sim, tenho. Tem um livro de ficção GLS que venho escrevendo há anos. Chama Prometheus. O filme, que nem imaginava, chegou primeiro e como não tem relação alguma, mudei o título. Será apenas Theus. A história é de um jovem que chega a São Paulo e se envolve com um enigmático rapaz. No final do livro o leitor terá que voltar algumas páginas para juntar o quebra cabeça. Esse quebra cabeça será o grande diferencial deste meu livro. Porém, já venho escrevendo o Theus há anos. Leitores do livro O Armário sempre me cobram. Como agora estou focado na editora, provavelmente devo terminar e lançar ainda este ano. Alias, falando da Editora Orgástica, no dia 30 de Abril agora, lançaremos na Galeria Olido em São Paulo o livro Bem-te-vi, da escritora Marli Porto. É um livro que estou trabalhando neste momento que dou esta entrevista e que faremos um grande trabalho de marketing. Fui contratado pela Marli para isso. E estou bem otimista. Mesmo porque Bem-te-vi será distribuído em muitas escolas, por ser um livro infantojuvenil.

Ben Oliveira: Para finalizar, como você consegue produzir tanta coisa diferente? 

Fabrício Viana: Depois que lancei o primeiro livro em 2006 eu abri minha relação e me perdi no mundo. Literalmente! Foi uma época grandiosa, onde morei junto com dois namorados durante um bom tempo: éramos “casados”. Tínhamos alianças e só não deu certo porque, na época, baseamos nossa relação a três nos mesmo modelo da relação a dois. E essa forma tradicional de se relacionar à dois ,que todos nós conhecemos e reproduzimos sem questionar, não dá certo. Estatísticas provam isso. Mesmo assim insistimos. Por isso me afastei de tudo e todos. Inclusive dos meus projetos. Depois de muitos anos, bem turbulentos, de separações e busca de informações sobre o amor e sexo (daí o livro Incompletude que comecei a escrever) eu finalmente resolvi voltar e me concentrar mais nas minhas produções: documentários, livros, blogs, etc. E estou muito feliz por siso. Porém, totalmente sem tempo. Nem para os amigos mais próximos. Meu namorado pega no meu pé, diz que não estou me alimentando bem e estou deixando de lado minha saúde. E é verdade. Nestes últimos meses ando dormindo pouco e trabalhando demais. Será por uma boa causa, eu sei. E espero que meus queridos mais próximos também.

Ben Oliveira: Deixe aqui o link para suas redes sociais, seu site e também onde os leitores podem encontrar e comprar seus livros.

Fabrício Viana: Mais uma vez, obrigado pela oportunidade! Espero que a entrevista não tenha ficado tão grande. E olha que nem falei do meu blog literário chamado Meu Prazer Literário e nem sobre o vídeo que gravei recomendando livros da Literatura GLS. Fica para uma próxima mesmo. Meu Facebook, para os interessados, é o Facebook.com/FabricioViana.Escritor, meu Twitter (tenho usado muito ultimamente) é o  @FabricioViana. Já meu site pessoal é o www.fabricioviana.com. Para comprar meus livros, você pode ir diretamente à Banca Vermont, que fica na Rua Dr. Vieira de Carvalho, 10, ao lado da Praça da República em São Paulo ou comprar on-line na Editora Orgástica ou no meu site pessoal.

Ben Oliveira: Para finalizar, qual recado você deixa para os leitores do blog?

Fabrício Viana: Ben, seu blog é fabuloso. Tem qualidade. E é isso que busco nos meus novos trabalhos. Desde que lancei O Armário, sempre publiquei textos on-line pensando-se, principalmente, no SEO e em aumentar visitantes nas minhas páginas. Hoje meu foco é qualidade. E, embora eu não tenha tempo de ficar visitando sites literários, este é um dos que faço questão de ler. E se mais alguém esta aqui, inclusive lendo o término desta entrevista, é porque também gosta. Logo, muito obrigado. Obrigado pela oportunidade e obrigado por todos separarem um tempo  e conhecerem meu trabalho. Vem muita coisa por aí e, para ajudar, sempre estou aberto a novas ideias e parcerias. É isso.

Comentários

  1. Bela entrevista... Ainda não tive tempo de comprar os livros... Mas vou entrar em seu site e comprar.... Me identifico demais com seu estilo... Continue assim. Um forte abraço

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    Respostas
    1. Olá, anônimo! Fico muito feliz que tenha gostado da entrevista e se interessado pelos livros! Obrigado pelo comentário... Volte sempre!
      Abraços

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