Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...
Esta semana matei a minha vontade de ler o livro Nascida à Meia Noite: Os Sobrenaturais, da escritora C. C. Hunter, publicado no Brasil, em 2011, pela Editora Jangada. O romance é o primeiro da Saga Acampamento Shadow Falls. Não tive muitas surpresas ao ler o livro – não porque a história seja óbvia, aliás não foge muito do que se lê das narrativas norte-americanas de Fantasia voltadas para adolescentes –, mas porque comprei-o de um amigo que já havia lido, recomendado e contado grande parte do que acontecia.
A capa do livro Nascida à Meia-Noite é muito linda. O texto foi diagramado de forma que a leitura não se torne cansativa, com bastante espaço entre as palavras e linhas, dando a sensação de que o leitor está devorando o livro. O romance contém 320 páginas, além de trazer um pouco sobre o que acontece no segundo livro da série.
Narrada em terceira pessoa, a história conta sobre a protagonista Kylie Galen, uma adolescente que foi mandada para um acampamento de adolescentes problemáticos, chamado Shadow Falls. A viagem do leitor começa junto com a da protagonista, quando ela está dentro do ônibus ao lado de outros rapazes e garotas misteriosos e desconhecidos. Com o fim do namoro com Trey e o divórcio dos pais, quando Kylie pensava que sua vida não poderia piorar, ela vê tudo ficando de pernas pro ar ao descobrir que os jovens do acampamento são seres sobrenaturais.
Kylie se sente deslocada ao descobrir todos adolescentes sabiam sobre o acampamento Shadow Falls, menos ela. Até mesmo os jovens que estão lá pela primeira vez sabem que são sobrenaturais e conhecem seus dons, enquanto Kylie não faz ideia do que está fazendo lá, pois até onde ela sabia não passava de uma humana. Cercada de vampiros, lobisomens, bruxas, metamorfos e fadas que estão aprendendo a controlar seus poderes, a jornada da protagonista é em descoberta de si mesma.
Nessa jornada de Kylie, ela começa a perder o contato com sua melhor amiga, Sara e se decepciona com os pais, sem querer entender o seu divórcio. Kylie também faz amizade com a bruxa Miranda e a vampira Della, além de lidar com o dilema de garotos, o fae (fada) Derek e o lobisomem Lucas. Sua mentora é uma das líderes do acampamento, Holiday. É claro que o ex-namorado Trey não poderia ficar de fora e fazer sua parte para tornar Kylie mais confusa ainda.
No turbilhão de emoções que é a adolescência, Kylie fica cada vez mais perdida e para piorar sua situação, ela enxerga o fantasma de um soldado e não tem a mínima ideia de quem ele é ou o que ele quer com ela. Lutando com o desejo de fugir para casa e esquecer aquela loucura sobrenatural, Kylie imagina estar ficando louca ou ter um tumor no cérebro – o que poderia explicar suas visões.
A leitura de Nascida à Meia-Noite é bem leve, ideal para quem busca entretenimento, apesar de não propor muitas reflexões – é claro, o que pode mudar de acordo com a bagagem cultural do leitor, há quem possa tirar um milhão de lições de vida, graças aos arquétipos e o mito da Jornada do Herói.
Para quem gosta de uma dose de romance, conflitos adolescentes e sobrenatural, Nascida à Meia-Noite é uma boa opção. No quesito seres sobrenaturais, é legal que o livro da C. C. Hunter não se prende a uma espécie, mostrando suas diferenças e abordando até mesmo uma espécie de preconceito.
A identificação de muitos jovens com o romance de C. C. Hunter se dá devido aos problemas serem parecidos desta fase conflituosa da vida com os da protagonista e do desejo secreto que os leitores têm de terem poderes e poderem fugir do mundo real, em um lugar onde todos sejam diferentes e especiais e possam se sentir a vontade sendo eles mesmos.
Acredito que nesses livros de sagas, as histórias se desenvolvem mais a partir do segundo livro. Já estou curioso para ler os outros romances do Acampamento Shadow Falls. Seguindo a ordem de publicação, os títulos dos outros livros são: Desperta ao Amanhecer, Levada ao Entardecer, Sussurros ao Luar e Escolhida ao Anoitecer.
Sobre a autora – C. C. Hunter é uma romancista norte-americana autora da série Shadow Falls e também escreve livros do gênero suspense. Christie Craig é o seu nome verdadeiro.
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