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Destaques

Ia escrevendo

Mesmo quando falavam do mesmo assunto, eram como dois livros diferentes. Estranho era como se havia conectado com alguém completamente diferente. Uma dose de nostalgia, outra de fantasia, e assim se misturavam os sentimentos que nutria pelo outro. Aprendera na terapia que era possível gostar de alguém e não querer estar com essa pessoa. Aprendera a definir os próprios limites sobre o que era aceitava ou não. Aprendera que não poderia ignorar tudo só por gostar do outro e dar um tratamento especial, que estava longe de ser recíproco. Ia escrevendo sobre os dias que iria esquecer. Ia escrevendo na esperança de que o passado ficasse para trás. Ia escrevendo. Então, não havia muito sobre o que pensar. Aceitar que algumas diferenças eram irreconciliáveis, que não se tratava de gostar ou não um do outro, mas de aceitar que algumas coisas não se encaixavam. Escrevia como um adeus. Escrevia como uma forma de dizer que estava tudo bem desistir, quando só um dos lados procurava consertar as cois...

Bandeiras vermelhas

É preciso tomar cuidado para não ser tão compreensivo a ponto de ser desrespeitado. A frase girava dentro dele, o fazendo perceber o quão duvidoso e traiçoeiro poderia ser ignorar bandeiras vermelhas.

Bandeiras vermelhas ou Red flags serviam como um alerta de que havia necessidade de prestar atenção no comportamento do outro. Ignorar bandeiras vermelhas tinham um preço que não valia a pena pagar. Em alguns casos, impor limites é o suficiente.  Em outros, se afastar é fundamental.

Então, a empatia, muitas vezes, pode atrapalhar mais do que ajudar. Você quer ser compreensivo e entender esse lado, muitas vezes, sombrio do outro, se esquecendo que no final quem vai se machucar é você. 

Existem palavras que não podem ser ignoradas. Existem coisas que você não pode esquecer, simplesmente por gostar de alguém. Existem comportamentos que são desnecessários e tóxicos, não importa o quanto você tente ignorar. 

Reconhecer a toxicidade do outro também envolvia reconhecer que em algum momento da vida, nós também fomos tóxicos e ainda assim, perceber que existem limites que não devem ser cruzados.

Era ao aceitar que bandeiras vermelhas jamais trariam paz, que o tipo de relacionamento que buscava não era esse, que ia confrontado suas contradições. Por que havia levado tanto tempo para se afastar? Por que havia uma parte que sempre esperava pelo melhor do outro? Ia, então, se distanciando, consciente de que a melhor coisa que poderia acontecer aos dois era de que seus caminhos nunca se cruzassem novamente e não precisava ser nem um pouco compreensivo, não quando ser compreensivo significava se machucar.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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