Kinky Boots ou
Fábrica de Sonhos é um desses
filmes ideais para quem gosta de
moda e é
apaixonado por sapatos. Um pouco de
drama, comédia, musical, o filme, de 2005, tem 107 minutos e foi dirigido por
Julian Jarrold e escrito por
Geoff Deane e
Tim Firth. Para quem está se perguntando onde é possível encontrá-lo, assisti no Netflix.
No filme,
Charlie Price (Joel Edgerton) herda a indústria de sapatos de Harold Price, seu pai que faleceu. Certo dia, depois de beber algumas, em Londres, ele se encontra com
Lola (Chiwetel Ejiofor), uma
drag queen que está sendo provocada. Na tentativa de defendê-la, ela acaba o atacando sem querer.
Depois do encontro inicial entre os dois personagens, ambos com seus próprios
conflitos internos – ele se sentindo
impotente por não ser como o pai e sem saber administrar a fábrica tão bem quanto; ela não só tentando aceitar sua
identidade feminina que parece se libertar quando ela se apresenta, mas também lidando com o
preconceito da sociedade contra transgêneros.
Charlie e Lola começam a desenvolver um relacionamento após uma crise, na qual ele acaba demitindo quase todos os funcionários da sua indústria – localizada no interior da Inglaterra –, e está prestes a desistir. Ele tem um
insight ao se recordar do sapato de Lola, e com o apoio da linda
Lauren (Sarah-Jane Potts), Charlie encontra forças para arriscar num novo nicho que pode salvar o destino dos seus negócios.
Situados os conflitos principais dos personagens, os conflitos secundários vão entrando em cena, como o egoísmo de
Nicola (Jemima Rooper), a mulher de Charlie, com quem ele vai se casar; a necessidade de criar sapatos femininos que sejam confortáveis e atraentes para as drag queens,
transformistas e
transgêneros que frequentam os mesmos ambientes que Lola; as dificuldades de Lola de se sentir bem consigo mesma em um ambiente nada acolhedor.
O filme é bem leve e é puro entretenimento. Apesar de ter uma mensagem bacana, não dá espaço suficiente para que o espectador reflita profundamente, levando mais para o lado do humor e musical do que para o drama. Numa época em que as pessoas estão assistindo cada vez mais programas com drag queens – o
reality show RuPaul’s Drag Race está aí para quem tem dúvidas –, o filme Fábrica de Sonhos arranca algumas risadas; entretém o espectador com as apresentações musicais de Lola e sua ousadia, diferente de Charlie que está tão preso dentro do seu universo de inseguranças que se torna um daqueles personagens chatos de se acompanhar e proporciona uma dose leve de catarse, quando Lola e Charlie enfrentam seus conflitos e passam pelas suas transformações.
"E lembre-se, você não está fazendo um calçado. Você não está fazendo botas. Você está fazendo dois metros e meio de irrestível e tubular sexo"
É interessante notar que mesmo precisando da ajuda da Lola, Charlie enfrenta o seu próprio preconceito, que acaba sendo incentivado pelo medo que ele sente do que os outros vão pensar sobre aquela amizade entre o dono da indústria de sapatos e a drag queen. Todavia, Lola também ainda guarda algumas cicatrizes dentro de si, como os problemas mal resolvidos com o seu pai que não aceitava que ela se vestia como menina e gostava de sapatos femininos desde quando era pequena. O que une os dois e torna tão legal o momento da resolução é que eles são mais parecidos do que imaginam, não só porque ambos nutrem a
paixão por sapatos, e sim porque eles precisam enfrentar seus próprios demônios, para colocarem suas vidas em ordem.
Uma informação interessante para quem, além de gostar de moda e filme, também se interessa por
administração e
marketing, é que os roteiros do filme e do musical foram inspirados em fatos reais. A história é um bom exemplo de como um grupo social que sofre preconceito, pode ser bem acolhido e ganhar destaque no mercado – um ótimo estudo de caso para muitas empresas que ainda não conseguem lidar bem com a
homofobia e
transfobia e acabam perdendo seus clientes. Muitas lojas, como de sapatos, maquiagem e lingerie deveriam tratá-las bem, independente da orientação, gênero ou identidade sexual, mas ainda há muita discriminação. Que exemplos como o do filme façam os empresários perceberem a necessidade de investir no relacionamento com seus clientes potenciais, não só por interesses comerciais, como também pelo respeito.
Kinky Boots ganhou o prêmio de
Melhor Filme Internacional no
Florida Film Festival, em 2006, além do ator
Chiwetel Ejiofor – que interpretou a Lola – ter sido nomeado como melhor ator em diversas premiações, como British Independent Film Awards, London Critics Circle Film Awards, Black Movie Awards e Golden Globes, USA.
Confira o trailer de Kinky Boots (Fábrica de Sonhos):
Fábrica de Sonhos (Kinky Boots) fez tanto sucesso que inspirou a criação de um musical com músicas e letras pela cantora
Cindy Lauper e um livro escrito pelo ator e roteirista,
Harvey Fierstein. O
musical da Broadway já ganhou
seis Tony Awards, incluindo a categoria
Melhor Musical. Não só pela quantidade de prêmios, quanto pela atuação dos atores no vídeo, parece que a versão do musical é mais animada e emocionante!
Confira um vídeo promocional do musical Kinky Boots:
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