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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Resenha: O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão – Andrew Solomon

Quando eu comprei o meu exemplar do livro O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão, do autor Andrew Solomon, o vendedor da livraria me perguntou: “Você sabe sobre o que fala o livro?”. Respondi que tinha ideia. Pensando que eu tinha confundido a obra com outra, por causa do seu título que pode sugerir ser um romance de ficção, de terror, ele acrescentou: “É sobre depressão”, como se esperasse que eu comprasse qualquer livro, menos aquele.

Para começar a resenha sobre o livro O Demônio do Meio-Dia aqui vão algumas informações. A minha edição foi publicada pela Editora Objetiva, através do selo Ponto de Leitura, em 2010, traduzida por Myriam Campello, com 815 páginas. O seu título original em inglês é fiel à tradução: “The Noonday Demon: An Anatomy of Depression”, foi publicado em 2001.

Em primeiro lugar, não deixe o número de páginas te assustar. Do total, o conteúdo vai até a página 634, sendo as outras páginas com as notas e referências utilizadas pelo autor para compor o livro. Outro ponto bacana é o índice remissivo no final, possibilitando ao leitor encontrar com facilidade os assuntos que mais chamaram sua atenção na obra. Recomendo a leitura linear, e a utilização do índice só após conclui-la, pois mesmo o texto sendo dividido em capítulos, todas as partes estão inter-relacionadas. Ah, o fato de o livro ser de autoria de um escritor depressivo parece dar mais credibilidade e sensibilidade, além de torná-lo mais interessante, graças às inúmeras referências literárias de manifestações depressivas em romances e poemas, e da sua pesquisa – Andrew Solomon entrevistou várias pessoas com depressão e especialistas, além de citar vários estudos sobre a doença.



Saiba mais sobre o livro O Demônio do Meio-Dia:


Por que eu gostei tanto do livro? Porque tenho depressão e nunca tinha lido um livro tão completo assim. Muitas obras se focam muito em um só ponto ou você percebe que o autor está só enchendo linguiça, todavia, Andrew Solomon levou cinco anos para escrever o livro, e durante esse período teve que lidar com suas próprias crises depressivas e limitações que a doença mental provocou nele. Só de o escritor ter terminado o livro foi uma vitória e é, sem dúvidas, uma demonstração de que com paciência, esperança, apoio e tratamento é possível manter a depressão sob controle – ou o mais perto disso –, sem perder tanta qualidade de vida.

Andrew Solomon dedicou o livro ao pai dele, por tê-lo ajudado durante suas crises depressivas que ficaram mais fortes após a morte da mãe. Apesar de minha recomendação sobre ler o livro do início ao fim, em ordem, através do sumário e dos títulos de cada capítulo dá para saber qual é o ponto principal abordado em cada um deles. São eles: Depressão; Colapsos; Tratamentos; Alternativas; Populações; Vício; Suicídio; História; Pobreza; Política; Evolução; Esperança.

A proposta desta resenha, como a de qualquer uma, não é substituir o livro, muito menos ser um resumo, mas instigá-lo a adquirir o seu próprio exemplar, se a obra for do seu interesse, sabendo quais são os tópicos abordados. Confira abaixo um pouco sobre cada um dos capítulos:

Depressão 


No primeiro capítulo do livro, o autor aborda de forma geral a depressão, descrevendo como a doença está relacionada à solidão, à falta de significado da vida e das emoções. Você sabe o que é depressão? “O único sentimento que resta nesse estado de espírito despido de amor é insignificância”, declara Andrew Solomon. Ele compara a depressão ao nascimento e a morte, ao mesmo tempo, em que há uma presença e desaparecimento. Segundo o escritor, a morte simboliza a desintegração da pessoa, a infelicidade, a falta de prazer, perda de confiança nas pessoas e em si mesmo.

Uma informação interessante levantada é a de que a depressão é principal causa de incapacitação nos Estados Unidos e no exterior para pessoas acima de cinco anos de idade, além de ela mascarar outras doenças. “Na depressão, tudo que está acontecendo no presente é a antecipação da dor no futuro, e o presente enquanto presente não mais existe”. Ele descreve a ansiedade e a depressão como demônios do meio-dia. Eu não poderia pensar num termo melhor para abordar a doença, visto que, além do seu sentido negativo, a depressão foi, literalmente, confundida ao longo dos séculos com possessões demoníacas e considerada pecaminosa.

Colapsos 


No segundo capítulo do livro, apesar de Andrew presenciar alguns episódios depressivos ao longo da vida, ele conta que foi após a morte de sua mãe que ele teve um colapso, num período em que ele achava que tudo ao seu redor estava em ordem. Se por um lado a depressão é devastadora, de acordo com o autor, por outro ela pode revelar a fragilidade humana.

Um dos sintomas da depressão, a falta de impulso sexual, é abordada no livro. Além de não sentir vontade de fazer sexo, a pessoa sente que ninguém poderá amá-la e que nunca terá um relacionamento. Neste capítulo, Andrew define bem a sua depressão:


“Tornar-se deprimido é como ficar cego, a escuridão no início gradual acaba englobando tudo; é como ficar surdo, ouvindo cada vez menos até que um silêncio terrível o envolve, até que você mesmo não pode fazer qualquer som para penetrar o silêncio. É como sentir sua roupa lentamente se transformando em madeira, uma rigidez nos cotovelos e joelhos progredindo para um terrível peso e uma isolante imobilidade que o atrofiará e, dentro de algum tempo, o destruirá”.

Andrew compartilha como se sentiu mal quando teve seus colapsos, situações que poucas pessoas imaginam que aconteça a um depressivo. Ele conta que entre os sintomas de depressão sentidos estavam o de não conseguia comer, vomitava, estava sempre chorando e não conseguia falar. Ainda para o escritor, quando se está depressivo é como se os minutos se tornassem “anos terríveis, baseados em alguma noção artificial do tempo”, fazendo a pessoa pensar que aquilo nunca vai terminar e que a morte pode ser a única solução, embora nem sempre o indivíduo tenha energia e a coragem para ir até o fim.

“Quando se está deprimido, o passado e o futuro são absorvidos inteiramente pelo momento presente, como no mundo de uma criança de três anos. Não se consegue lembrar de um tempo em que se sentia melhor; pelo menos não claramente; e certamente não se consegue imaginar um futuro em que se sinta melhor”.

Foi nessa época da vida dele que ele começou a tomar os remédios, porém além da sensação incapacitante da depressão, ele tinha que lidar com os efeitos colaterais. Alguns entrevistados, por exemplo, lamentaram a perda de memória que tiveram por causa do tratamento. Andrew também se sentia mal por não conseguir fazer o seu trabalho. Outra informação interessante é a dificuldade das pessoas que convivem com o depressivo, seja família ou amigos, fazendo com que muitos se afastem ou achem que não se passa de um exagero.

Tratamentos – Como tratar a depressão? 


No terceiro capítulo do livro, o autor fala sobre alguns dos principais tratamentos para depressão, como terapias, remédios e eletrochoque. Ele chama a atenção para o fato que é impossível se focar somente na química e deixar de lado os outros elementos que influenciam a depressão. Os remédios ajudam, no entanto outras funções são complementares, como a terapia da fala – auxiliando o depressivo a compreender a si mesmo e lutar contra a solidão e se conectar com outras pessoas.

Segundo o autor, é preciso escolher um bom psiquiatra e psicanalista, pois é preciso que o paciente tenha confiança para poder começar e manter o tratamento. É interessante notar uma crítica feita pelo escritor, já que há muita preocupação com quais drogas usar e pesquisas sobre o assunto, porém não acontece uma análise para verificar se os profissionais estão adequados para tratar corretamente seus pacientes.

Para quem tem curiosidade sobre como funcionam essas terapias, ele aborda de forma breve algumas delas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Interpessoal (TIP), sendo a primeira, normalmente, utilizada para criar objetivos específicos e ajudar a mudar o presente do paciente, investigando o seu passado e infância e a outra se focando mais no presente, com limites mais definidos e praticidade.

Um dos neurotransmissores diminuídos em quem tem depressão é a Serotonina. Andrew aponta algumas de suas funções no organismo, como na circulação sanguínea, digestão, sono, agressividade e mais. O livro ainda questiona se só aumentá-la seria possível controlar a depressão. O autor comenta que existem outros neurotransmissores e que eles estão inter-relacionados, e que a depressão vai além da química do cérebro. Então, ele comenta suas experiências com os antidepressivos e comenta que além da letargia da depressão, o paciente lida com a diminuição do desejo sexual, entre outros efeitos. Andrew também fala sobre como o eletrochoque pode funcionar rapidamente, podendo ajudar pessoas com tendências suicidas, porém como também pode afetar a memória de curto prazo e de longo prazo, fazendo a pessoa perder lembranças importantes da vida.

Alternativas – Como combater a depressão? 


No quarto capítulo, são comentadas as terapias alternativas para quem tem depressão. Ele comenta que os tratamentos alternativos podem ser complementares e que há casos em que é impossível deixar os remédios de lado. É abordada a importância dos exercícios físicos e da dieta, de como o excesso de café e álcool podem causar ansiedade e estressar mais o organismo, entre outros métodos que podem ajudar o depressivo a melhorar, como hipnose, acupuntura, medicina natural, homeopatia e terapias de grupo.

Populações


No quinto capítulo, Andrew aborda a complexidade da depressão, afirmando que cada pessoa tem sua própria depressão. Ele aborda que por causa das transformações hormonais (químicas) e condições externas (sociais e culturais), as mulheres podem sofrer aproximadamente o dobro de depressão do que os homens. Outras questões relacionadas à depressão são a anorexia, abusos sexuais, ideal de feminilidade (papel da mulher na sociedade), falta de afeto nas famílias, abuso de substância (alcoolismo, vício em drogas).

Ainda na questão relacionada à sociedade, o livro traz algumas informações que podem ser refletidas. Segundo Andrew, por exemplo, há muitas descrições da depressão feminina na literatura, mas poucas sobre os homens, visto que pelas suas atitudes poderiam ser consideradas normais. O autor também discute o descaso com a depressão em idosos e como os homossexuais estão entre os grupos mais propensos a desenvolver depressão e tendências suicidas. A explicação sobre gays terem depressão é óbvia, embora ainda ignorada, a homofobia, seja dentro da própria casa ou na sociedade. Ainda na questão da homossexualidade e depressão está a sua relação com a promiscuidade e uso de drogas, como atitudes de autodestruição, mesmo que inconscientemente.


Vício 


A relação entre o vício e a depressão é evidente, formando um ciclo. Alguns pontos levantados pelo autor são importantes, como a necessidade de retirar gradualmente o contato com a substância, para não desregular o cérebro, e como o vício comportamental, como vício de jogos, não é tão diferente do vício de substância.

Suicídio 


A depressão e o suicídio podem ser relacionados, porém nem todo depressivo é suicida e muitos suicídios são cometidos por quem não tem depressão. Andrew comenta a diferença entre querer se matar, querer estar morto e querer morrer, comentando que apesar do depressivo, muitas vezes, desejar por um fim no seu sofrimento, não são todos que têm a energia, força de vontade e impulsividade para tal. Ele explica que o suicídio não deveria ser tratado necessariamente como um sintoma da depressão.

Outras discussões interessantes sobre o suicídio levantadas no livro são a eutanásia; como um suicídio pode influenciar outros, seja dentro do próprio círculo familiar e de amizades ou exposto na mídia; suicidas têm baixo índice de serotonina; a análise sobre o suicídio de Freud, como a vontade de matar o outro, desferida contra si mesmo.

História 


Para quem gosta de história, este talvez seja o capítulo mais fascinante do livro. Solomon aborda como a depressão foi caracterizada em diferentes séculos. Por exemplo, na Idade Média como um desfavor de Deus; no Renascimento romantizando a depressão e a melancolia, associando-a aos gênios e artistas; nos séculos passados separando a mente do corpo e procurando estratégias para conter essa aflição.

É neste mesmo capítulo que o autor explica de onde tirou a ideia para compor o título do livro. Segundo Andrew, há um trecho dos Salmos em que é citado o demônio do meio-dia, termo que foi associado à possessão e melancolia.

Política 


No décimo capítulo do livro, é discutido como a política pode desempenhar um papel no combate à depressão, seja estabelecendo tratamentos à comunidade, intervenções ou políticas de medicamentalização. Nesta parte, Andrew também aborda alguns políticos que tiveram depressão e como a doença é ocultada por ser vista como uma fraqueza.

O descaso das instituições de tratamento para doentes mentais é descrito neste capítulo, no qual Andrew comenta suas próprias experiências, entrevista outros pacientes e profissionais, e cita um jornalista que se infiltrou num hospital psiquiátrico estadual para descobrir qual era o comportamento dos funcionários, como os pacientes eram tratados e como, muitas vezes, o lugar é deprimente, podendo fazer o depressivo piorar ao invés de melhorar.

Evolução 


O penúltimo capítulo do livro... O autor questiona se a depressão teria uma função na espécie. Segundo as pesquisas feitas por Andrew, os evolucionistas afirmam que a depressão é uma disfunção, podendo estar relacionada a algumas premissas, como a perda de uma função que era importante na era pré-humana; a incompatibilidade do cérebro com o estresse da vida moderna; uma função útil na sociedade ou sua importância ao influenciar comportamentos e sensações.

“Uma das funções primordiais da depressão é a de mudar comportamentos não produtivos. A depressão é frequentemente um sinal de que nossos recursos estão sendo mal investidos e precisam ter seu foco ajustado”.

Para o autor, a depressão pode ser considerada importante, segundo a teoria evolucionária, por causa da importância do sofrimento na formação de vínculos, amor e preservação da espécie.

Esperança 


Para finalizar o livro, Andrew deixa uma mensagem de esperança, compartilhando casos de pessoas que conseguiram controlar sua depressão ou que ainda lutam contra ela, entre altos e baixos, mas que não desistiram. Além de citar vários entrevistados, que mesmo sofrendo com suas depressões, passaram a aceitá-las, ele dá a sua dica: “O mais importante durante uma depressão é: não se recupera o tempo perdido... Agarre-se ao tempo: não deseje que sua vida se desvaneça”.

No último parágrafo de O Demônio da Meia-Noite, o autor diz que o oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade e apesar de odiar as sensações destrutivas e os impulsos suicidas, são eles que o fazem “olhar a vida de modo mais profundo, a descobrir e agarrar razões para viver”.

Recomendo a leitura de O Demônio da Meia-Noite: Uma Anatomia da Depressão, do Andrew Solomon, para todos aqueles que lidam diariamente com a doença, seja por ter depressão ou por conviver com pessoas depressivas. O livro traz informações preciosas sobre vários aspectos da doença mental, além de contribuir com o conhecimento. A obra consegue manter um tom positivo, mesmo diante dos inúmeros relatos tristes, do próprio autor e dos entrevistados. Acredito que a mensagem final que fica é: com paciência, compreensão, tratamento e autoconhecimento pode-se aprender a sobreviver com essa sombra incapacitante e valorizar os outros ângulos enxergados – pois mesmo tendo uma face fatal, muitos artistas e escritores (e demais pessoas) conseguem tirar o melhor dessas experiências e transformar a dor em lucidez.

Sobre o autor 


Nascido no dia 30 de outubro de 1963, Andrew Solomon é um escritor sobre política, cultura e psicologia. Ele vive em Nova Iorque e Londres. Seu livro O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão ganhou o National Book Award em 2001, foi finalista do prêmio Pulitzer em 2002 e foi incluso no Times como um dos cem melhores livros da década.

Comentários

  1. Olá, vim agradecer sua visita e comentário no meu blog! Gostei muito do seu e amei essa resenha, quero muito ler esse livro, pois eu também tenho depressão (apesar do tratamento estar quase no fim) e gosto de ler coisas desse tipo para me atualizar e escrever mais no meu blog sobre assuntos que ainda são tabus na sociedade.

    http://gotinhasesperanca.blogspot.com.br

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    1. Olá, Michele! Fico muito feliz com suas visitas e comentários, e mais ainda em saber quando você gostou da resenha de algum livro. Acredito que toda leitura nos ajuda a conquistar novas informações e conhecimentos. Essa, em especial, me conquistou pelo autor ser um escritor. Mesmo não sendo uma obra de ficção, ele tem jeito com as palavras e soube como obter os depoimentos e organizar as informações.

      Abraços

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  2. Parabéns, pela resenha do livro... Muito bem feita e estimuladora... Vou lê-lo.

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    1. Olá, Anônimo! Muito obrigado pela visita e comentário. Fico feliz que a resenha te estimulado a procurar o livro... Tenho certeza de que não vai se arrepender! As informações sobre depressão são bem interessantes.
      Abraços

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    2. Só de ler sua resenha já estou chorando, um dos meus sintomas mais perturbadores. Acho que chorei a vida inteira, com a casa cheia de gente entrava dentro do banheiro para chorar. Tenho um lado sadio, mas o demônio do meio-dia venceu no final. Atualmente, com 68 anos, entreguei os pontos: não saio de casa, evito as pessoas, não atendo a porta e detesto telefone. Uso medicação para suportar a angústia e parar de chorar. Tomei esta decisão de morta-viva quando li "1934" de Alberto Moravia, em que ele fala da "estabilizaçao do desespero". É preciso fazer uma escolha: o suicídio ou estabilizar o desespero, regulá-lo como se regula a temperatura do banho, estabilizá-lo num certo número de graus, nada mais nada menos, diz ele. Mas hoje mesmo vou pedir minha filha que me compre O demônio do meio-dia e traga no fim de semana. Obrigada, abraço.

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    3. Olá, Glória! Creio que assim como você, muitas pessoas enfrentam diariamente este demônio do meio-dia, também conhecido como Depressão. Também tenho meus períodos de reclusão. O fato de ter escolhido me tornar escritor, me faz ter que presenciar a solidão, seja para escrever ou para mergulhar nos livros e aprender mais sobre a literatura. Nem sempre é fácil. Enquanto as outras pessoas têm trabalhos 'normais', nos quais elas estão em constante contato com outros seres humanos, eu fico fechado na minha 'bolha'. A depressão nos faz imaginar que as coisas estão difíceis demais e que elas nunca vão melhorar. Se eu pudesse te dar um conselho seria: procure se ajudar. Eu sou diagnosticado com depressão, mas optei não tomar remédios. Às vezes, pago o preço da minha escolha. Recentemente, tive dias em que a minha produtividade foi praticamente nula, mal tinha energias para fazer qualquer coisa e tudo o que eu sentia vontade era de dormir. O café ajuda a mascarar um pouco da depressão, pois sem ele, eu certamente ficaria sem energias o dia todo. A literatura e o conhecimento nos fazem pagar o preço: uma vez que descobrimos como a vida é, gostaríamos de nos tornar ignorantes novamente, já que às vezes parece cruel demais.
      Algumas recomendações minhas: Assista coisas que te façam bem; Escreva diariamente, seja para limpar a mente ou sobre aquilo o que está te incomodando. A escrita é poderosa e muitas vezes traz as respostas que precisamos para os nossos problemas; Tente participar de grupos, mesmo que virtuais; Mantenha contatos semanais com alguns amigos (A importância é a qualidade, não a quantidade. Tenho pouquíssimos amigos, mas sei que posso contar com eles e que eles vão entender quando não estou bem).
      Recomendo a leitura do livro, pois ela nos faz ver a gravidade da depressão e também nos dá esperança para não desistir, pois muitos dos casos são piores do que os da maioria e muitos conseguiram dar a volta para cima. É claro, as chances da depressão retornarem são sempre altas. Existem períodos de melhoras e pioras, o importante é negociar com ela, de forma que ela não limite totalmente a sua vida.
      Abraços e muito obrigado por sua visita!

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  3. Vim deixar para vc:
    "Coisa dolorosa feita de barro e poeira, o homem no seu quarto, de noite, pelejando pra escrever no papel, com lápis, nó e tropeço, a dor do seu peito." (ADÉLIA PRADO)

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    1. Muito obrigado! Uma linda inspiração. Se abrirmos bem os olhos, veremos que mesmo diante da dor poderemos encontrar beleza.

      Tenha um ótimo fim de semana! =)

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  4. O demônio do meio dia... indica que há esperança. Obrigada, por nós colocar diante da realidade.

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    1. Olá, Nair!
      Há sempre espaço para a esperança.
      Gratidão pela visita!
      Abraços

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  5. Olá, Ben! Realmente, a depressão é terrível. Eu sofro um pouco de depressão. Mas procuro controlar buscando a presença de Deus. Como eu sou instrumentista, faço uso da música cristã. A música é uma forma de terapia. Ultimamente tenho me entregado ao ofício de resenhista, algo que tem me ajudado bastante também. No entanto, não é nada fácil. Trata-se de um embate que pode perdurar por muitos anos. Mas, todo aquele que crê em Deus supera tudo. Parabéns pela resenha.
    Abraço. Aguardo a sua visita em meu blog.

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    1. Olá, Vitrine do Autor. Obrigado pela visita. Acredito, sim, no poder da música, mas quanto a associar religiosidade e depressão, não creio que seja uma estratégia sábia, além de exclusiva... Afinal, existem muitos ateus e eles também precisam ter sua dose de esperança. Fico feliz que escrever resenhas esteja te ajudando. Pode deixar que irei visitar teu blog, sim.
      Abraços

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  6. Muito show a sua resenha. Obrigado.

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    1. Olá, Anônimo!
      Gratidão pelo comentário. Fico feliz em ajudar de alguma forma!

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  7. O livro é realmente muito bom,ele descreve de uma maneira mais simples essa doença terrível.
    Andrew Solomon luta para quebra esse preconceito das famílias com a depressão.

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    1. Olá, Orciane! Este livro é fantástico. O Andrew Solomon fez um trabalho excelente não só na obra, como também em palestras. Muitas pessoas não entendem a depressão e acham que é frescura, o que é uma pena.
      Abraços

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  8. Esse livro é uma leitura bem profunda pra quem lida com a depressão. Só uma pessoa depressiva mesmo pra tratar o assunto de uma forma direta, a maioria não entende essa aSombraÇão,que vai te puxando prum vazio existencial na medida q o tempo vai passando e voce nao procura tratamento, vivo dividida entre o estado de impulso suicida e a vontade de viver. é um embate, a busca pelo sentido se torna obsessiva da mesma forma que vai se perdendo cada vez mais o sentido. oco. Indiferença.
    Grito interno, sensação de incompreençao.
    Na minha pior crise
    Parecia a única maneira que eu podia sentir através daquelas mutilaçoes
    2017
    O maior demônio q a sociedade enfrenta



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    1. É bem complicado mesmo. Infelizmente, existem muitas pessoas que ainda acham que é frescura e não entendem a gravidade da depressão. É importante procurar ajuda. Cada pessoa reage de uma forma e nem sempre quem está ao redor entende. Nem sempre as pessoas próximas percebem. Espero que você esteja melhor.

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  9. esse André Salomão quer é ganhar dinheiro em cima dos coitados. muito mimimi pra poco mememé ...ele deveria mesmo era fazer uma ponta em The Big Bang Theory como o pai do Sheldon. só acho.

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  10. Fiquei sabendo sobre este livro, através de um dos programas do "Conversa com Bial", onde despertou-me a curiosidade de lê -lo.Sofro desse mal desde a minha adolescência, onde naquela época - década de 80 - a depressão era tratada como loucura, e com isso, frequentei sanatórios. É um trauma que ainda conduzo em minha alma, pois na época eu lecionava e ninguém queria me ouvir, as pessoas tinham medo de se aproximar de mim. No momento estou sofrendo desse mal, e fazendo uso de medicamentos por conta propria. Gostaria muito de ler este livro, mas infelizmente não tenho como compra-lo, porque cuido sozinha de 28 cachorros e estou passando por sérias dificuldades financeiras. Desculpe-me pelo desabafo, mas isso é um dos motivos pelos quais procuro na medicação, uma forma de saber conduzir essa triste doença. Por não ter família, morar sozinha, e ser homossexual, tudo isso são fatores que não contribuem muito para superar essa doença que muitos ignoram e até usam de sarcasmo, por isso me calo diante às minhas dores. Se alguém puder doar-me este livro eu agradeço, essa resenha do Ben, foi muito importante para aguçar ainda mais a leitura em prol da cura dessa doença maldita. Obrigada! Cristina Lima - RJ 21-96557-0558

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    1. Olá, Cristina. Muito obrigado pelo comentário. Acredito que os transtornos mentais foram tratados de forma desumana durante muitos anos. Infelizmente, não tenho um exemplar para doação, somente o meu. Você já tentou procurar em algum sebo? Muitas vezes, o valor é acessível.
      Abraços

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  11. Obrigada Ben Oliveira por essa belissima explicação! Grande abraço!

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  12. Obrigada Ben Oliveira por essa belissima explicação! Grande abraço!

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  13. Comecei a ler mas não terminei, e agora depois de ler a sua resenha fiquei ainda mais curiosa pra voltar a ler ,na verdade começar de novo com uma visão mais ampla e o coração aberto a sentir todas as sensações que o livro proporciona.
    Obrigada Ben Oliveira por sua resenha.

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    1. Fico feliz que tenha se interessado pelo livro. Que sua leitura seja prazerosa!

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  14. Puxa Ben
    Nuncs tinha ouvido falar desse livro.Na minha ultima consulta ao psiquiatra pedi a ele para ler um depoimento de quatro paginas do que eu estava sentindo. Ele entao me recomendou este livro.Gostei demais.Senti_ me o proprio Solomon. Parecia que ja havia lido o livtro antes de escrever meu depoimento. Reslmente muito real , um livro de grande utililidade.A Solomon toda a minha gratidao e a voce tambem.Esta muito dificil lidar com os meus demonios...Tenho medo!!!

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    1. É uma luta diária, né? Não sei se gosta ou se já experimentou, mas a meditação tem sido recomendada por psiquiatras e psicólogos como forma complementar de ajudar a diminuir os pensamentos ruminantes e conseguir um pouco de paz.
      Espero que esteja bem. Abraços

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  15. Queria tanto que voce lesse o meu depoimento...

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  16. Li este livro em meio a crises de pânico, e foi um baita soco no estômago e uma escada que alavancou na minha vida as mudanças que precisavam ser feitas. Estou relendo no momento, agora sem a emoção das minhas crises (não me considero curado, mas controlado, e sem nenhuma crise séria desde 2013). Parabéns pelo trabalho. Se puder, visite meu blog - cachorromagro.wordpress.com

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    1. Olá, Juliano. O Demônio do Meio-Dia é um ótimo livro para ler e reler. Obrigado pelo comentário!
      Abraços

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