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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Filme: O Menino do Pijama Listrado – A amizade e a tragédia em tempos de guerra

O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pajamas) é um desses filmes de drama, de 2008, baseado no livro homônimo escrito por John Boyne, que emociona o espectador pelo seu enredo triste e o seu final trágico.  Dirigido por Mark Herman e com os atores no elenco: Asa Butterfield (Bruno), Jack Scanlon (Shmuel), Vera Farmiga (no papel da mãe de Bruno), David Thewlis (no papel do pai) e Rupert Friend (Kotler).


A história começa em Berlim, onde Bruno vive com sua família. Até que o pai soldado é transferido para uma região, próximo a um campo de concentração, onde estão aprisionados diversos soldados. O menino de 8 anos incapaz de entender o que é tudo aquilo, acaba fazendo amizade com Shmuel, um garoto judeu da mesma idade.

– Não permitem que você saia? Por que? O que você fez?
– Sou judeu.

No novo lar, Bruno vive entediado, exceto pelo relacionamento com Shmuel, o qual ele sempre visita escondido, ao descobrir que a família não aprovaria a amizade. Os momentos de ignorância do protagonista chegam a ser engraçados pela maneira que ele enxerga as coisas, por exemplo, achando que Pavel, um dos judeus que era médico antes de ser levado para o campo de concentração, deixou sua profissão para descascar batatas porque queria ou quando Shmuel conta para Bruno, que o pai costumava ser relojoeiro.

É interessante notar que à medida que o menino vai descobrindo mais sobre a realidade daquele lugar, mais angustiado ele vai ficando. Aliás, não só Bruno, como também sua mãe. A irmã Gretel, no entanto, encantada por um dos oficiais e alienada pelo clima nacionalista, de que o pai está fazendo um bom trabalho em ajudar o país a crescer, fica animada e tenta explicar ao irmãozinho a situação.


Vera Farmiga atua muito bem no papel da mãe que não deseja ver os filhos sendo criados naquele lugar. As discussões com o marido por não concordar com as práticas de extermínio e a preocupação com Bruno, fazem-na roubar a cena com suas atuações dramáticas. Porém, o que é de quebrar o coração é a atuação do garotinho judeu, que mesmo tendo a mesma idade de Bruno, parece saber mais sobre a dura realidade do que ele.

"Nós não deveríamos ser amigos, você e eu. Nós fomos feitos para ser inimigos. Você sabia?"

Ao final do filme, a família de Bruno enfrenta as consequências de suas escolhas, enquanto o pobre Shmuel lida com o que estava destinado para ele, desde o início. O Menino do Pijama Listrado tem um bom ritmo, envolvendo o espectador aos poucos, até que ele simpatize com os personagens e deseje que a história termine bem. Todavia, o clímax e a resolução do conflito proporcionam uma dose de catarse.

A reflexão que fica e é sentida na pele dos pais é a de que será que os judeus mereciam realmente passar por tudo aquilo e como se eles se sentiriam se fosse alguém conhecido. Aliás, o extremismo é tanto que um dos militares é afastado de lá e enviado para o combate, por não ter denunciado o próprio pai que havia fugido do país no início da guerra. Tive a oportunidade de conhecer um dos museus sobre o holocausto e posso dizer que ver todos os pertences daquelas pessoas exterminadas é algo assombrador. O mais assustador em tudo isso é perceber que todos esses assassinatos e destruições em massa pode acontecer a qualquer instante, por causa da ganância do ser humano e da necessidade de se sentir no poder. As cicatrizes deixadas por Adolf Hitler são inesquecíveis, porém ele também mostrou como a manipulação e o nacionalismo podem ser fatais.


O Menino do Pijama Listrado ganhou 6 prêmios, entre eles de melhor filme, para o diretor Mark Herman e de melhor coadjuvante para a atriz Vera Farmiga (atualmente, está interpretando a personagem Norma Bates, no seriado Bates Motel).

Assista ao trailer de O Menino do Pijama Listrado:

Comentários

  1. Oi Ben. Esse filme eu vi ainda no ensino médio. Ele é triste, mas de um jeito leve, de certa forma. Quero dizer que ele pode ser apresentando para os estudantes de uma forma mais fácil que outros filmes. O livro eu ainda não li. Mas dizem que o filme é melhor. Confesso que tenho fascinação por saber mais da segunda guerra mundial. Achei interessante o seu passeio ao museu. E concordo com vc: até onde a ganancia pode levar um povo???
    Abraços
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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    1. Olá, Gih! Estou curioso para ler o livro. Na falta dele, vou ler A Menina Que Roubava Livros. Segue a mesma essência. Quanto a visita ao museu, conheci os campos de concentração de Auschwitz. É horrível a sensação de ver tanta barba, cabelo, sapatos, maletas e demais acessórios que foram removidos dos judeus, antes de darem os uniformes para eles. Fica tudo amontoado. Dá para ter noção da dimensão da tragédia!

      Abraços e muito obrigado pela visita e comentário ;-)

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  2. Eu li o livro porém não assisti o filme, e se achei o livro meio perturbador, e apesar de ser um livro num estilo que eu não estou acostumada por ser narrado por uma criança e ainda mais um garoto (eu sou daquelas que lê a mediadora e a saga crepúsculo, não ligue muito) é um livro muito bom. E na verdade eu acho que o episcopológico dos nazistas era mesmo fragilizado, nem se tratava de ganancia, do tipo eu querer ser melhor ou ter mais, eles realmente acreditavam que ERAM melhores que os judeus. Eu tenho uma curiosidade enorme com relação a coisas sobre a segunda guerra mundial justamente por causa do holocausto e tudo mais , então pra quem também gosta de ver e ler sobre o tema eu recomendo.
    http://heartcoffee1.blogspot.com.br/2014/09/kawaii-metal-babymetal-banda-de-metal.html

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    1. Olá, Legalmente Otaku! Muito obrigado por sua visita e comentário!
      Ainda não li o livro e tenho vontade de lê-lo. O psicológico dos nazistas era influenciado por Hitler... E Hitler tinha mania de grandeza e era muito frustrado. Para quem não sabe, ele tentava ser artista, mas não tinha muito talento. Talvez por isso tinha tanto fascínio pela destruição, por sua relação com a criação.
      Já visitei um museu sobre o Holocausto e é muito triste!
      Abraços

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