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Destaques

Born This Way: Hino LGBTQIA da Lady Gaga e sua importante Fundação

Os anos passam mais algumas músicas continuam fazendo sucesso. Neste mês do Orgulho LGBTQIA , Born This Way , da Lady Gaga , permanece sendo reconhecida como um hino LGBTQIA. Mais do que cantar sobre a causa, a importância da própria identidade e aceitação, a cantora da música lançada em 2011 é também co-fundadora de uma fundação que apoia comunidades LGBTQIA. Segundo informações do site da Born This Way Foundation , a missão é: “Empoderar e inspirar os jovens a construírem um mundo mais gentil e corajoso que apoia a saúde mental e o bem-estar deles. Baseado na relação científica entre gentileza e saúde mental e construído em parceria com os jovens, a fundação incentiva pesquisa, programas, doações e parecerias para envolver o público jovem e conectá-los com recursos acessíveis de saúde mental”. Mais do que uma música para inspirar a Parada do Orgulho LGBTQIA ou ser ouvida o ano inteiro, Born This Way deixou esse grande legado que foi a fundação que já ajudou muitos jovens LGBTQIA. E o...

Resenha: Zon: O Rei do Nada – Andrei Simões e Lupe Vasconcelos

O livro Zon: O Rei do Nada, do autor Andrei Simões e ilustrações de Lupe Vasconcelos, de 239 páginas, foi publicado em 2013, pela Editora Empíreo. A obra de Literatura Fantástica me surpreendeu por causa da criatividade do escritor que construiu uma narrativa rica em metalinguagem, intertextualidade e reflexões, dando um bom exemplo de como o gênero literário pode ser explorado, proporcionando uma viagem filosófica, literalmente, pelos recantos da mente humana.


Zon é o nome do protagonista do livro, descrito como um parasita de mentes. Sua história é narrada por Aquele Que Escreve e para que ele exista, se faz necessário Aquele Que Lê. O que isso nos faz pensar? O personagem principal é consciente de que ele é um personagem, e sem o escritor e o leitor – não bastaria que sua história fosse escrita (texto) e guardada em uma gaveta trancada – ele não existiria: esta tríade é fundamental para que a obra literária se torne viva, haja interação e possa ser analisada.

“Zon é como toda personagem, um parasita. Existirá enquanto lembrarem dele, toma a forma de quem o imagina; seu rosto se torna um reflexo de quem lê”.trecho de Zon: O Rei do Nada.

A obra está dividida em várias histórias que se entrelaçam que poderiam ser vistas como episódios ou contos. A criação de Zon é tão complexa, que não cabe aqui a tarefa de tentar classificá-la, mas abordar um pouco do que o leitor pode encontrar ao mergulhar nesta leitura. Outro ponto que chama a atenção logo no início são as artes de Lupe Vasconcelos: cada peça dialoga com uma sinergia extraordinária. Vale a pena ficar atento aos traços, aos símbolos, bem como ao tema recorrente do início ao final do livro: o reflexo (espelho).

Na introdução do livro, o autor descreve Zon: o personagem, a obra e por conseqüência a experiência que o leitor terá ao entrar neste universo de espelhos retorcidos, de descobertas e redescobertas do que é viver e divagações de alguém que grita pela sua inexistência, toda construída em torno de paradoxos, como criatura e criador; criação e destruição; verdade e mentira; realidade e ficção, entre outros que perpassam as diversas narrativas.

“Anulamos as existências dos outros por nunca estarmos em órbita com a nossa própria”. – trecho de Zon: O Rei do Nada.

Como todo parasita, Zon precisa de outras criaturas para continuar existindo. A ideia de que dentro de um espelho e seu reflexo, há uma série de outras realidades, amplia ainda mais as possibilidades de leitura, de construção de sentido e pontes com outras obras da literatura, bem como com as memórias e experiências do próprio leitor. Afinal, ao recontar a própria história, todo ser humano está fadado a fabular, a dar sua visão e consequentemente transformar sua vida em narrativa – como um reflexo, uma representação, algo que se assemelha ao real, mas passou por uma série de filtros subjetivos.
`Para quem ficou curioso sobre as ilustrações, aqui vai uma arte da Lupe Vasconcelos. Foto: Ben Oliveira.
Antes de entrar neste labirinto fictício, o leitor conhece Zon, professor e artista, um homem de 41 anos frustrado com o rumo de sua carreira. Certo dia, ele repara o próprio reflexo, seus olhos sem vida e percebe que há outro Zen o encarando. Desta epifania surge o desenrolar da trama. Uma história dentro de outras histórias, um personagem real e sua autoficção, a arte dançando com a literatura. Da insatisfação consigo mesmo, cresce em Zon a vontade de continuar existindo e não deixar tudo o que já foi desaparecer. Então, o herói entra numa jornada metafísica.

“Nesse dia o espelho era o abismo. Os olhares se cruzaram por um momento, e um se viu no outro, mas o outro não era um, e esse um não era outro, apesar de um ser reflexo e o outro ser o que era.” – trecho de Zon: O Rei do Nada.

Nos mundos visitados por Zon, o leitor encontrará dragões, memórias, sonhos e demais elementos que se relacionam com a mitologia, misticismo, filosofia, arte e, claro, com a própria literatura. Não há como não se deixar incomodar pelo estranhamento proporcionado pelo livro, revirar lembranças, cutucar as feridas da alma e inquietações que surgem ao longo de nossas existências, principalmente, se somos artistas e lidamos com os momentos de bloqueio criativo, de mediocridade e demais desafios: afinal, a arte da escrita, muitas vezes, nasce desta alquimia da dor.

“A serpente de Ouroboros de si é a busca de cada ser que pensa” trecho de Zon: O Rei do Nada.

Se o ser humano tem esta necessidade de criar signos, entender a origem dos diversos acontecimentos e elementos que nos transformam, nos envolvem e precisamos aprender a lidar desde o dia em que nascemos até nossas mortes, Zon nos direciona para lugares misteriosos, oníricos, fictícios, em uma jornada de muita reflexão.

Andrei Simões com sua flexibilidade da escrita e múltiplos gêneros e temáticas que se dialogam fazem até parecer algo fácil, tamanho o seu domínio e confiança – habilidade de quem tem um profundo contato com outras leituras, para fundir e subverter sua literatura de acordo com suas intenções. Não tem como não admirar como o autor conseguiu transformar um assunto tão hermético em algo tão gostoso de ler! Fica o convite para quem desejar mergulhar neste mundo de espelhos. Cuidado para não se perder pelos labirintos da alma.

Sobre os autores:

Andrei Simões – É biólogo e um dos autores de destaque da nova geração de escritores do país. Amante das artes e da ciência, o paraense procura, por meio de seus textos, subverter a literatura fantástica e provocar uma profunda reflexão no leitor, usando como instrumentos temas ocultos, místicos e filosóficos.

Lupe Vasconcelos – É arista e ilustradora. Graduada em Artes Visuais, ilustrou diversos livros infantis e coletâneas de quadrinhos, e recentemente tem se dedicado a projetos de natureza mais autoral e pessoal. Nascida em Goiás, Lupe hoje vive em Teresópolis (RJ).

Sobre a editora – A Editora Empíreo surgiu com a missão de publicar literatura de qualidade e rica em cultura que edifique seus leitores usando os mais variados temas e formatos. A partir do latim Empyreus, uma adaptação do grego antigo, “dentro ou sobre o fogo (pyr)”, Empíreo é o mais alto dos céus, o local reservado para as divindades e para a perfeição.

O que acharam da recomendação de leitura? Espero que tenham gostado! 

PS: Não custa ressaltar que Zon é Literatura Nacional. Se você apoia escritores brasileiros, não deixe de adquirir o seu exemplar.

Zon pode ser comprado no site da Editora Empíreo, Livraria Saraiva, Americanas e Livraria Cultura. O livro também está presente no Skoob – Maior Rede Social para Leitores do Brasil!   

*Este livro foi enviado como cortesia da Editora Empíreo devido à parceria com o Blog do Ben Oliveira. Se você gostou da dica, não deixe de recomendar a postagem para seus colegas, amigos e demais interessados em Literatura, para que eu possa continuar trazendo mais novidades e resenhas de livros.

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