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Destaques

Navillera: Drama coreano sobre o amor pelo balé na terceira idade

Quanto tempo dura um sonho de infância? Após uma vida inteira sonhando com o balé, um homem na terceira idade decide finalmente tornar realidade, com a ajuda de um jovem bailarino apaixonado pela dança. O telespectador acompanha essa não tão improvável amizade e união por uma paixão em comum no drama coreano Navillera , dirigido por Dong-Hwa Han em 2021, adaptado pelo roteirista Lee Eun-Mi em uma webtoon. Por ter mais de 70 anos, além de ter que lidar com as próprias limitações do corpo, como a flexibilidade e dificuldades de equilíbrio, o Sr. Shim (In-hwan Park) se arrisca em algo mesmo com o preconceito por parte da família em relação ao balé e à idade em que ele decidiu começar a praticar.  Do outro lado, ao mesmo tempo em que treina balé para um concurso, Chae Rok (Song Kang) assume a missão de ensinar Shim o básico sobre a dança clássica. O que se inicia como uma estranha relação adquire novos contornos conforme eles vão se aproximando e criando um vínculo que vai além das aulas

Crônica: Contemplação

Um olhar. Um olhar, às vezes, é suficiente para sorver a essência de uma pessoa. Diante de mim, você dançava, como se o mundo estivesse por trás da cortina. Grandes olhos castanhos, brilhantina refletindo as luzes coloridas. A paz ameaçadora daquele que não tem medo de gritar “Eu te amo!” e prosseguir com um sorriso no rosto, como se o certo fosse o certo, ainda que todos pudessem achar que fosse errado.


Eu bebi a caipirinha. Felicidade perdia uma batalha dentro de mim. A vida se escoava; a sombra dançava, enquanto eu estava em algum lugar, encostado no canto, querendo observá-lo. Eu queria abraçá-lo. Eu sei, é estranho. Você não era a presa nem o caçador, era só você e isso era o suficiente para me encantar. Era como observar a borboleta bater as asas sem precisar se aproximar para que ela não se espante; para que suas asas não sejam despedaçadas pela posse da paixão ou que seus pés ficassem presos na terra. Eu gostava mesmo era de te ver voar.

Então, me faltou coragem. Coragem pra quê? O que fazer? Aquela era a primeira noite em que te via. É engraçado como você pode pensar que nunca vai encontrar alguém diferente, interessante e de repente, o jogo vira. É do inesperado que surgem as boas surpresas. Clichês. Você me faz pensar, dizer e escrever coisas comezinhas. 

Pulei a linha. Eu precisava voltar para a pista de dança. Lembra? Você tão perto de mim. Eu podia jurar que você estava me encarando. Por trás do seu rosto angelical, um sorriso me fazia pecar.

[...]

Quando voltei, já não estava ali. Para onde tinha ido? O que fazer? O que sentir? Eu queria te ver de novo. Eu sabia que te veria de novo. Eu sentia. Até que o silêncio da mente desse espaço ao eco do seu nome que se repetia e repetia.

Passei por você. Você nem me notou. Era como se eu fosse um fantasma e você a parede que eu nunca atravessaria. Estávamos em planos diferentes. Eu era o vagalume que não se acendia pelo seu campo. Tão apagado, tão inexistente. Não era incompletude. Não era carência. Era o que não era.

Ali fiquei te observando. Você se sentou. Você e o maldito celular. Como eu gostaria de estar por perto. Como eu gostaria de saber com quem você tanto falava. Olhe para mim. Três, dois, um... Você me olhou. Eu te olhei. Eu disfarcei. Você disfarçou. Ou será que estava olhando para outra pessoa? Não importa. Assim como a arte imita a vida, o simulacro do seu olhar era o suficiente para aquecer minha veia.

Quantos fragmentos são precisos para que tudo isto faça sentido? Quanto tempo até que o mundo desabe? Vejo que estamos correndo por um labirinto. Você é o canto no qual eu quero me perder. Quando a luz dos seus olhos me iluminar, vamos juntos achar a saída. Ou seria uma forma estúpida de dizer: algo vai acontecer. O que? Não sei. Nem você.

É... Olhando para seus grandes olhos castanhos, me pergunto se algum dia vou saber. Até lá, deixo tudo acontecer. Os dedos se movem. A mente se acalma. O coração se inquieta. E os seus olhos piscam para mim. Até que a imagem dê zoom na sua íris. E a tinta se esparrama pela tela. A cortina se abre.

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