Todo artista precisa sofrer? No livro Grande Magia: Vida
Criativa Sem Medo (Big Magic), de 192 páginas, publicado no Brasil pela Editora
Objetiva, em 2015, Elizabeth Gilbert procura desmistificar a questão do gênio
criativo e sua relação com o mal-estar, assunto tão comum no meio artístico que
acaba sendo associado com naturalidade. Para a escritora norte-americana que
ficou conhecida mundialmente graças ao seu best-seller Comer, Rezar, Amar (Eat,
Pray, Love), o caminho para a criatividade deve ser livre de excesso de julgamentos
que podem levar ao adoecimento da mente.
Não é a primeira vez que Elizabeth Gilbert comenta
abertamente sobre a questão. Após escrever o seu livro de memórias de sua
jornada pela Itália, Índia e Indonésia, ela foi convidada a palestrar no
TEDTalks e compartilhou como sua carreira de escritora mudou após escrever a obra
que foi sucesso de vendas. Em seus relatos autobiográficos após um divórcio,
Liz tenta recuperar o seu equilíbrio no mundo com a ajuda de práticas de
meditação indiana e balinesa, restaurante a paz e saúde do seu corpo, mente e
coração – busca que ela continuou tentando aplicar em sua vida criativa, mesmo
de volta aos Estados Unidos e a inspirou a escrever este livro.
“A primeira coisa a fazer é esquecer a perfeição. Não temos
tempo para a perfeição. De qualquer forma, ela é inatingível: é um mito, uma
armadilha, uma roda de hamster que vai fazê-lo correr até morrer”.
Grande Magia não é um livro voltado só para escritores, mas
para qualquer pessoa que pratique alguma atividade criativa e/ou artística.
Elizabeth Gilbert fala sobre a necessidade de se permitir ter algo que nos dê
prazer, mesmo que isto signifique não poder tirar qualquer fonte de renda
disto. Fugindo da linha dos artistas que recomendam a miséria e a dor para
produzir emoções reais e produzir ‘verdadeiras obras de arte’, a autora afirma
que é possível, sim, desenvolver a criatividade, ter um ofício e não deixar
isto consumi-lo, caso não venha a obter o sucesso esperado.
O livro está dividido em seis partes que se inter-relacionam:
Coragem, Encantamento, Permissão, Persistência, Confiança e Divindade. Cada um
desses tópicos é discutido, seja por meio de experiências da própria autora,
por exemplos de colegas artistas e pessoas que decidiram apostar em uma vida
criativa ou através de citações e histórias de indivíduos que abraçaram o seu
gênio criativo – tanto cultivando o lado positivo quanto apostando suas fichas
nos seus demônios interiores e se entregando à autodestruição.
“A dor emocional faz
de mim o oposto de uma pessoa profunda; deixa minha vida estreita, superficial
e isolada. O sofrimento pega todo esse universo gigantesco e empolgante e o
reduz ao tamanho de minha cabecinha triste. Quando meus demônios pessoais
assumem o controle, sinto meus anjos criativos se afastarem...”
Cada um tem o jeito de transformar suas energias e produzir
coisas produtivas. Elizabeth Gilbert se dá como exemplo de como a dor não só a
atrapalha com a arte, mas também com sua vida pessoal, deixando-a confinando ao
universo cinzento. Juntando as angústias do artista com a cobrança pela criação
de uma obra de arte perfeita, muitos estão fadados a se tornarem amargurados e
a sentir raiva de outras pessoas que obtiveram sucesso ou o mínimo prazer de
fazerem o que gostam, enquanto muitos desistiram pelo caminho.
Elizabeth Gilbert mostra o problema por meio de várias
perspectivas, não só a do artista autocomiserativo, como também a da família e
amigos que não entendem e apoiam aqueles que desejam usar a inspiração e a
curiosidade para investir no seu lado criativo, lembrando que no final das
contas as pessoas estão tão focadas em suas próprias vidas e aqueles que passam
suas existências abrindo mão do que gostam, por se preocuparem com o que os
outros vão pensar, acaba trilhando um caminho sombrio, deixando seus sonhos
morrerem.
“Talvez a maior benção da criatividade seja esta: ao
absorver nossa atenção por um período curto e mágico, consegue nos aliviar
temporariamente do terrível fardo de sermos quem somos. E o melhor de tudo é
que, ao fim de sua aventura criativa, você terá um suvenir, algo que você fez,
algo para lembrá-lo para sempre de seu encontro breve, porém transformador, com
a inspiração”.
O que Elizabeth Gilbert faz em seu novo livro vai além das
fórmulas de autoajuda presentes em muitas obras do gênero – ela explica como o
equilíbrio é a base para que toda e qualquer atividade possa acontecer de
maneira saudável e prazerosa. A escritora tenta fugir um pouco do estereótipo
do artista maldito, viciado em bebidas, drogas e outros vícios prejudiciais e
abre os olhos para a possibilidade de brincar, literalmente, com a magia,
remontando aos tempos em que o gênio criativo era visto como uma força exterior
ao ser humano.
Quando a autora propõe uma vida leve e sem excesso de
pressões, entretanto, não significa abrir mão de determinados gêneros,
temáticas e estilos – não é o produto final que precisa ser mais zen, mas o
processo permitindo mais liberdade e alegria para o artista. Elizabeth
distribui tapas delicados para todos os lados, inclusive para o artista que se
lamenta das dificuldades, como se alguém o estivesse obrigando a persistir –
tempo com o qual poderia continuar cultivando a inspiração e se movimentar
atrás dos seus objetivos e prazeres.
Afinal, o que Liz ensina não é algo extraordinário, porém
não deixa de ser essencial de se relembrar – uma vez ou outra ao longo de
nossas jornadas, acabamos desviando de nossos propósitos por causa de
inseguranças, medos, cobranças e demais obstáculos, sejam impostos pelos outros
ou por nós mesmos –, que cabe a cada um se permitir a cuidar da sua própria
felicidade e os resultados que vierem são bônus.
Compre em formato impresso ou ebook o livro Grande Magia, da autora Elizabeth Gilbert, no site da Amazon Brasil: http://amzn.to/1ryCXhX
Sobre a autora – Elizabeth Gilbert nasceu em Waterbury,
Connecticut, e vive atualmente no pequeno distrito de Frenchtown, em Nova
Jersey. É escritora premiada de ficção e não ficção, e ficou conhecida
mundialmente pelos livros de memórias Comer, Rezar, Amar e Comprometida,
publicados em mais de trinta idiomas. É também autora de um livro de não
ficção, O Último Homem Americano, da coletânea de contos Peregrinos, finalista
do prêmio PEN/Hemingway, e dos romances Sobre Homens e Lagostas e A Assinatura
de Todas as Coisas. Em 2008, a revista Time a apontou como uma das cem pessoas
mais influentes do mundo.
Para mais informações sobre a autora: www.elizabethgilbert.com
O livro Grande Magia pode ser encontrado nas principais
livrarias do país que comercializam obras publicadas pela
Editora Objetiva.
Gostou da recomendação de leitura? Comente e compartilhe!
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário. Volte sempre!