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Destaques

Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

Resenha: Spotlight: Segredos Revelados – The Boston Globe

O livro Spotlight: Segredos Revelados reúne as reportagens investigativas produzidas pelos jornalistas do jornal The Boston Globe sobre os abusos sexuais cometidos por padres e encobertos pela Igreja Católica que chocaram o mundo. Com o título original Betrayal: The Chrisis in the Catholic Church, publicada nos Estados Unidos em 2002, a obra, de 288 paginas, foi traduzida para a língua portuguesa por Antolio Carlos Vilela e publicada pela Editora Vestígio em 2016, no Brasil.


Apesar de o livro ganhador do Prêmio Pulitzer em 2003 ter inspirado o filme Spotlight, a obra não mostra os detalhes dos bastidores dos repórteres nas coletas dos dados – como na adaptação cinematográfica de 2015, dirigida por Tom McCarthy, ganhadora de mais de 100 premiações, entre elas dois Oscars –, mas se foca nas reportagens publicadas pelo The Boston Globe pela a equipe investigativa intitulada Spotlight, composta pelos jornalistas Matt Carroll, Kevin Cullen, Thomas Farragher, Stephen Kurkjian, Michael Paulson, Sacha Pfeiffer, Michael Rezendes e Walter V. Robinson.

O prefácio do livro foi escrito pelo diretor Tom McCarthy e pelo roteirista Josh Singer responsáveis por levar Spotlight aos cinemas, na qual eles ressaltaram a importância do jornalismo investigativo, principalmente neste cenário atual em que dezenas de jornais saíram de circulação e muitos jornalistas perderam seus empregos. “Esperamos que nosso filme, acompanhado do relançamento desta incrível documentação do trabalho da Equipe Spotlight do Globe, seja mais um argumento a favor da defesa do tradicional jornalismo investigativo”, assinaram Tom e Josh em 2015.

Na introdução de Spotlight, o leitor descobre qual foi o gancho que levou os jornalistas a investigarem os casos. O jornal que já havia noticiado o caso antes de um padre chamado John J. Geoghan que molestara crianças e após ser afastado por licença médica, continuou fazendo mais vítimas nos outros anos. O Cardeal Bernard F. Law confessou que tinha sido notificado sobre os abusos cometidos por Geoghan, levando a equipe de reportagem a descobrir mais sobre o acobertamento do padre pelo bispo, com a proposta de descobrir se era caso isolado ou parte de um padrão. O que eles descobriram? Confira no trecho do livro a seguir:

“Essa investigação teve um resultado perturbador – dezenas de padres de Boston haviam molestado menores, e em muitos casos os bispos tinham conhecimento desse abuso –, revelado em uma série de reportagens publicadas no começo de 2002, o que deu início a um dos mais graves desafios à hegemonia da Igreja Católica na atualidade”.

A primeira edição do livro foi lançada em 2002 nos Estados Unidos e com a época do lançamento do filme, o The Boston Globe lançou uma nova edição em 2015. Segundo os jornalistas, grande parte dos fatos e entrevistas foram relatados nas reportagens do Globe, mas a obra trouxe material novo, como casos de abuso sexual que não tinham sido revelados e como foi o desenrolar do caso e a reação dos promotores, católicos e membros da Igreja. Além de os depoimentos das vítimas, o livro também traz fotos dos padres envolvidos nos escândalos e a reprodução de cartas e documentos, dando mais credibilidade à investigação.


Padre Geoghan foi um dos predadores sexuais investigados pelo Globe. De acordo com o jornal, cerca de 200 pessoas declararam ter sido estupradas ou abusadas por ele e tinham registrado denúncias em 2002. Diante de um número alarmante de notificações, os jornalistas descobriram que membros da hierarquia da Igreja tentaram acobertar os casos, pagando milhares de dólares para as vítimas ficarem em silêncio.

Conforme as reportagens eram publicadas, mais e mais vítimas de abusos cometidos por padres durante a infância e a adolescência entraram em contato com o jornal para contar suas histórias e o resultado foi a publicação do livro. Foram entrevistados vítimas e familiares, padres, promotores, policiais, advogados, médicos e professores, bem como outros funcionários da igreja e acadêmicos.

Cada capítulo do livro se foca mais em um assunto dentro dos escândalos. No total são nove reportagens: Padre Geoghan, Dissimulação, Os predadores, As vítimas, Explosão, O declínio do respeito, Vossa Eminência, O sexo e a igreja e A luta pela mudança. Os textos mostram a progressão da crise, desde as primeiras reportagens publicadas até a reação de muitos católicos que abandonaram a igreja e a obrigatoriedade da igreja de remover e denunciar os padres abusadores que foram ocultados durante tantos anos. Muitas pessoas ficaram revoltadas, pois segundo a reportagem, a igreja tinha mais compaixão pelos padres pervertidos do que pelas vítimas.

“O Padre Geoghan era um pedófilo incorrigível [...] O sacerdote explicou calmamente a terapeutas como escolhia suas vítimas, crianças carentes, filhos de mães solteiras e pobres – mulheres que, passando por dificuldades, ficavam contentes com a ideia de ter um homem na vida de seus filhos, principalmente sendo um padre. Às vezes surgiam reclamações, mas os superiores de Geoghan apenas o realocavam para uma nova paróquia, com um rebanho fresquinho de novas vítimas”.

As reportagens publicadas pelo The Boston Globe foram fundamentais para expor um assunto que era ignorado e os membros da alta hierarquia da Igreja faziam vista grossa. Além dos casos de pedofilia e abuso de jovens, as investigações também despertaram os olhares da comunidade católica para outros problemas, como as instituições de tratamento para as quais os padres eram enviados, mas logo eram liberados, como mais uma maneira de abafar as ocorrências e a omissão em contribuir com as denúncias e remoção, se tornando um problema de justiça, independente de se tratar de membros da igreja, afinal, o abuso sexual é crime.


Outros problemas que foram despertando mais revolta dos católicos conforme o debate ia se tornando mais acalorado estavam o celibato, a tentativa de culpar a homossexualidade pelos abusos – sendo que garotas também tinham sido abusadas pelos padres –, a resistência para a entrada de mulheres em posições hierárquicas da Igreja e diferenças de tratamento entre padres e freiras, a falta de educação sexual para seminaristas e discussões sobre o aborto e a pílula anticoncepcional.

“As pessoas imaginam que o agressor é um indivíduo desequilibrado, que se esconde nas sombras vestindo um sobretudo. Mas quando eu comecei a trabalhar nesses casos, tornou-se óbvio que a maioria dos abusadores são zelosos, pessoas respeitáveis que usam essa respeitabilidade como um disfarce para realizar seus abusos. Havia uma aura em torno dos padres que os protegia, e esse proteção se estendia aos agressores sexuais. O estilo de vida incrivelmente acanhado desses homens contribuía para o problema. São homens solteiros, que se mudam de paróquia em paróquia, sem família própria. Era a fórmula para um desastre” – Martha Coakley, promotora entrevistada.

Spotlight: Segredos Revelados joga uma luz em um tema tão obscuro. Os principais casos revelados aconteceram nos Estados Unidos e além do número de pessoas que foram pagas para manterem o silêncio, especialistas afirmaram que nem todos são capazes de se expor. Agora, imagine o número de abusos sexuais por padres que aconteceram e continuam acontecendo pelo mundo. A situação é alarmante, pois como bem lembram os entrevistados, pela posição de respeito dentro da comunidade religiosa, os casos eram mais difíceis de serem identificados. Spotlight também revela como o jornalismo investigativo continua importante para revelar e contribuir com problemas da sociedade que, muitas vezes, são deixados de lado. Uma leitura

Sobre o jornal – The Boston Globe é um jornal de Boston, Massachussets, fundado em 1872 por Charles H. Taylor. Desde 1966, o jornal norte-americano já ganhou mais de 20 prêmios Pulitzer, sendo que em 2013, recebeu a premiação por serviço público devido à equipe Spotlight pela “corajosa e compreensiva cobertura nas divulgações de abuso sexual por padres da Igreja Católica Romana”.

Compre o livro Spotlight: Segredos Revelados na Amazon Brasil: http://amzn.to/1YdgZvi



Para informações sobre onde encontrar o livro Spotlight, acesse o site da Editora Vestígio!

*Este livro foi enviado pelo Grupo Editorial Autêntica para que eu pudesse ler e resenhar para os leitores do Blog do Ben Oliveira

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Comentários

  1. Adorei esse filme. O Spotlight filme é um filme muito bom, onde os atores fazem um ótimo trabalho os atores trazem seus personagens a uma interpretação real e convincente, por exemplo, podemos ver Liev Schreiber jogando um editor recém-nomeado que vimos anteriormente em a série Ray Donovan obras de limpeza cenas de crime. Uma grande performance neste filme e, claro, um grande trabalho na série.

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    Respostas
    1. Olá, Valeria!
      Obrigado pela visita. Ainda não conhecia essa série. Fiquei curioso.
      Abraços

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  2. Achei esta sua postagem buscando a referência do filme. Estou lançando meu livro MOSTEIRO DE VIDRO que segue uma esteira semelhante. Se tiver interesse em divulgar, me fale. againovar@gmail.com

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