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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

Nostalgia Fantasma

Nossos dedos não se tocarão de novo, tudo o que tenho é gravado na minha memória a última vez em que nos encontramos. Nós não ficaremos tão próximos, que é possível sentir seu perfume. Não, havíamos nos tornado fantasmas uns dos outros, algo congelado no passado que um dos dois havia seguido em frente e outro se perdia em fantasias de que um dia nos reencontraríamos.


Era nessa nostalgia fantasma que nós dois existíamos. Nossas versões idealizadas brilhavam mais do que como realmente éramos e talvez essa fosse um pouco da graça. Era uma química viciante que fazia qualquer vício parecer algo leve. Era sentir falta de algo que jamais iria se repetir e mesmo sabendo logicamente disto, deixando as emoções tomarem conta.

Ia aos poucos se aproximando. Aos poucos, ia se afastando. Aos poucos, reencontrava um ponto de equilíbrio, onde poderia existir e ser. Abraçava, mas logo em seguida, deixava ir. Sabia que tudo não se passava de uma fantasia criada pela mente. Sabia que só restava aceitar o adeus.

Como fantasmas, às vezes, esperávamos algo impossível acontecer. Sabia que o relógio não acertaria duas vezes no mesmo lugar, mas havia algo dentro dele que fantasiava uma nova realidade, uma nova versão dos dois. Não, isso jamais aconteceria.

Talvez precisávamos de fantasmas em determinadas fases da vida. Talvez uma vez que eles cumpriam seus papéis, estava na hora de deixá-los ir. Talvez ao aceitar que essa nostalgia fantasma era impossível, que finalmente conseguia se libertar, pouco a pouco. Deixando os dedos se soltarem, suportando a ausência do outro, consciente de que nada iria mudar. As coisas eram como eram e o máximo que poderiam ser eram fantasmas uns dos outros: perto demais, longe demais, mas nunca as coisas seriam como antes.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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