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Destaques

Âncora

Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...

Nostalgia Intensa

Todas brigam foram esquecidas. Todo mal-estar que um causava no outro havia desaparecido, dando lugar à nostalgia intensa, da qual tentava se livrar, mas nem sempre conseguia. O passado era como uma sereia que o seduzia com seu canto e o levava a se afogar.

Nosso cérebro, às vezes, pode ser nosso pior inimigo. A versão real do que realmente havia acontecido tinha sido substituída por uma fantasia, cheia de idealizações, e não importava o quanto tentasse se apegar à razão, a mente se prendia às emoções. 

Havia ignorado por tempo suficiente, até se dar conta de que não adiantava ignorar as coisas. Alguma coisa estava errada com ele. Ia, então, mergulhando no autoconhecimento e se apoiando na escuta atenta da psicóloga, procurando respostas para os comportamentos que pareciam não fazer sentido.

Não importava o quanto tempo havia passado. Na mente dele, ainda era como se tudo tivesse acontecido ontem. Aprendera que quanto mais alimentara a nostalgia, pior era. Precisava, sim, se distrair, até dar menos poder para as coisas que não tinha controle.

Quando a nostalgia intensa chegaria ao fim? Precisava conhecer novas pessoas? Precisava fazer as pazes com o passado? Era algo que iria descobrir no processo da terapia. Era algo novo. A possibilidade de um diagnóstico que o fazia agir de forma tão intensa e instável nas emoções.

Ia, então, ressignificando o passado. Tentando mudar a narrativa. Tentando se soltar do passado, abrindo mais espaço para o presente e possibilidades para o futuro. Ia se soltando dos braços da nostalgia, consciente de que mais do que uma saudade, era uma fantasia de algo que não se repetiria novamente, mas que a mente se prendia às expectativas irreais. Era um passado que não se repetiria no presente e tudo o que precisava era fazer as pazes com isso.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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