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Destaques

Behind Every Star: Drama coreano sobre uma agência de artistas e seus bastidores

Para quem tem curiosidade sobre os bastidores do mundo dos profissionais que trabalham com artistas, o drama coreano Behind Every Star mostra como os funcionários de uma agência de celebridades lida com os problemas e perrengues causados pelos famosos representados por eles. Lançado em 2022 , o dorama está disponível na Netflix .  Por trás de toda atuação, há artistas temperamentais em Behind Every Star e cabe aos funcionários tentarem entender seus caprichos, como a quebra de contratos em cima da hora, alguma exigência ou demanda que o artista tenha para participar de determinada produção e até mesmo como eles precisam lidar com seus bloqueios e medos. O dorama nos faz pensar no lado humano por trás dos profissionais, bem como na exaustão física e mental que seus cargos exigem e no medo do julgamento – tão comum e retratado nas produções sul-coreanas.  Além da burocracia do mundo artístico, os agentes também lidam com problemas pessoais entre os profissionais, como divergências entre

Vidas, Comparações e Ressentimentos

Comparações são perigosas. Universos e pessoas não são iguais. Duas pessoas podem ter origens semelhantes e destinos parecidos, porém cada um sabe a dor e a glória que experimentou.


Há quem encontre conforto na comparação, buscando um modo rápido de encontrar respostas para dilemas, como se toda experiência pudesse levar ao mesmo caminho. Jornadas são individuais. Duas cantoras com vozes semelhantes podem ter destinos completamente distintos: enquanto uma conquistou a fama, a outra trilhou a estrada da anonimidade.

Propósitos são poderosos. Cada ser humano é responsável por encontrar aquilo que faz sua alma vibrar. Assustador, né? A pressão pode ser devastadora para alguns e trilhar o próprio caminho parece bobeira; o imprevisível nos faz tremer. Por que ser você mesmo quando você pode ter uma vida tranquila como a do Fulano? Normal, sucesso, felicidade, sonho, propósito, paz, amor – no final, palavras têm pesos, muitas vezes, insuportáveis e podem ser venenosas. Em um mundo de espelhos invertidos, nada é o que parece ser.

O que é verdadeiro? Há quem se refugie na dor, como se a existência fosse um eterno processo de quebras contínuas; há quem veja luz mesmo na escuridão. Quem poderá dizer o que é certo ou errado, ruim ou bom? Por trás das ilusões, temos que fazer escolhas. Viver é um eterno tatear no escuro. Dizer que Fulano deveria ser igual a Beltrano só não é injusto, como é impossível – mesmo se Beltrano tivesse a chance de viver duas ou mais vezes a mesma vida, os resultados jamais seriam os mesmos, ainda que ele guardasse um roteiro de todas as ações que devesse tomar. Mesmo sabendo isso, aprendemos desde cedo a comparar coisas, pessoas, vidas e persistimos mesmo diante da morte. Um jogo de expectativas, frustrações e realizações: ressentir-se de tudo o que foi e nunca se realizou, nunca se realizará ou nunca terá a chance de repetir. No instante em que a tinta escorre pelo papel, nada será igual; tudo muda e não há muito o que fazer.

Negação ou conformismo? Aceitar as coisas como elas são significa reconhecer. Livrar o outro do laço da comparação, mesmo que ele tenha construído uma casa de espelhos quebrados de diferentes tamanhos para ti. Tolice é se esquecer que a cada respiração, momentos se transformam e jamais serão recriados igualmente. Nem mesmo as memórias são confiáveis: nossas mentes são como contadoras de histórias que, independente de decorarem as falas, sempre mudam uma coisa ou outra no processo.


Aceitou as próprias rupturas e vitórias, sabendo que nada seria igual àquele momento. Encostou a cabeça no travesseiro, entre lágrimas e sussurros: a existência por si só deveria ser suficiente. O resto era ilusão. Negou-se o direito de se comparar, mesmo com aquele corpo, as próprias vidas passadas e universos paralelos. O papel chegaria ao final; a tinta seria insuficiente. Há coisas que queremos questionar, mas qual é a validade? Limpar a mente não era uma forma de negar ou afirmar, mas de aceitar o labirinto da vida que se estendia para todos os outros planos. Linhas não eram 100% retas e suas reproduções enganavam os olhos, mas nunca o coração. Comparações eram, são e sempre serão um método de tortura, mesmo quando não nos damos conta disso. Nos  momentos em que escrevo o texto, durante e depois, a cada vez que o ar circula dentro de mim, fui me transformando. Talvez na superfície, gostamos de criar a ilusão da continuidade, mas se a comparação de si mesmo já seria desleal, por que insistir na comparação com pessoas completamente diferentes? E talvez o leitor, ao ler esse texto, possa ter percebido que seus fragmentos dançaram a cada linha. Movimentos imperceptíveis ou invisíveis. Mesmo quando não enxergamos, a magia acontece dentro de cada um de nós. Respirar, muitas vezes, é suficiente.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

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