Pular para o conteúdo principal

Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

O Massacre da Serra Elétrica: Livro traz entrevistas sobre os filmes de terror

Depois de me aventurar na leitura do livro que traz os bastidores de Sexta-Feira 13, chegou a vez de ler O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre Companion), do autor Stefan Jaworzyn. A obra foi traduzida por Antônio Tibau e Dalton Caldas e publicada no Brasil pela editora DarkSide Books, em 2013, dez anos após a publicação original.


Conheça um pouco sobre o livro O Massacre da Serra Elétrica, de Stefan Jaworzyn:


Logo na introdução do livro já temos uma informação que faz muita diferença: quando traduziram o título para a versão brasileira, em vez de motosserra colocaram serra elétrica, além de terem tirado Texas do título, local onde se passa a história, dando a ambientação que ajudaria a explicar a loucura dos personagens com o calor infernal – o que reflete não somente na ficção, mas também nos desafios encontrados pelos atores e pelas equipes de gravação do filme que suaram, literalmente, e passavam mal por causa do clima.

Para quem gosta de curiosidades sobre cinema, vale lembrar que filmes como Sexta-Feira 13 e O Massacre da Serra Elétrica podem ter se tornado clássicos e referência muitos anos depois, mas que na época não foram bem recebidos. O desafio de dirigir filmes com baixo orçamento, com roteiros e imagens que foram considerados muito violentos para a época, levando a inúmeros cortes e limitações de exibição – mesmo com tantas pedras pelo caminho, as produções se destacaram. Sem dúvidas, os diretores se tornaram inspiração para novos cineastas do gênero de horror que, muitas vezes, também precisam lidar com readequações de roteiros, remoção de cenas e tentar fazer ouro com um orçamento pequeno.

“O verdadeiro monstro é a morte. Todos os filmes clássicos de terror – Drácula (1931), Frankenstein (1931), Psicose (1960) – têm isso em comum. Eles têm um jeito único de entrar em sua mente, usando um símbolo que representa a morte: cemitério, ossos, flores. Se você colocá-los na ordem correta, você cria a atmosfera mais arrepiante de todas” – Tobe Hooper, diretor de O Massacre da Serra Elétrica e O Massacre da Serra Elétrica Parte 2

A maior parte do livro se foca mais no primeiro e segundo filme de O Massacre da Serra Elétrica, mas também traz informações sobre alguns dos outros filmes e documentários relacionados à franquia. O autor foi atrás de entrevistas e resenhas sobre as produções cinematográficas, que nos revelam curiosidades sobre como foi o processo de realização dos filmes e de como eles foram recebidos pela crítica nos Estados Unidos e na Inglaterra. É interessante notar como a indústria cinematográfica é complexa e como após ver dinheiro, filmes que eram desmerecidos ganham várias sequências e remakes do mesmo universo ficcional.

Um ponto que chamou a minha atenção foi o de que o filme foi banido na Inglaterra. O examinador considerou o filme doentio e ofensivo. Quase 25 anos após a rejeição inicial, O Massacre da Serra Elétrica foi lançado sem cortes no cinema, mostrando como não só a percepção de violência mudou com o tempo, já que o filme traz uma violência implícita, como a censura no cinema pode ser bem subjetiva. Muitos filmes que foram banidos pelo conselho, posteriormente foram liberados sem a necessidade dos cortes.

“Tobe e Kim tinham acabado de escrever um roteiro estranho e incrível, cuja ideia foi inspirada em Ed Gein, de Wisconsin. Ele é o cara que serviu de inspiração para Psicose, O Silêncio dos Inocentes e O Massacre; o homem inspirou esses três grandes filmes de terror... Quando o encontraram, e a sua mobília, a sua comida e tudo mais... bem, a família Leatherface foi baseada nisso. A vida dele gerou três filmes completamente diferente” – Marilyn Burns, atriz que interpretou a protagonista do primeiro filme

Essa necessidade de adequação de alguns filmes de terror nos faz pensar sobre como os cortes de determinadas cenas podem alterar a experiência original proposta pelos direitos e roteiristas. Outro ponto curioso é de como alguns dos filmes da franquia tiveram diferentes versões em outros países, justamente para poder se adequar a esses conselhos, algo que fugia ao controla da própria equipe. Fico pensando no quanto a falta de uma cena pode fazer toda diferença, deixando menos impactante e tirando um pouco do sentido.

Quem poderia imaginar que o filme de baixo orçamento renderia tanto lucro, notoriedade e outros filmes de terror? Gostando ou não, O Massacre da Serra Elétrica se tornou referência e serviu de inspiração para outros filmes da mesma franquia ou sobre personagens matadores insanos. A imagem do assassino usando uma máscara de couro e carregando uma motosserra se tornou um ícone do terror moderno.

“Os velhos gibis da EC Comics eram coleções de contos de terror... Eles eram totalmente apavorantes, incrivelmente horríveis, recheados com os mais indescritíveis monstros e demônios, muitos deles especializados em mutilações... Comecei a ler esses gibis quando eu tinha uns sete anos. Eu os amava. Eles não estavam baseados em raciocínios lógicos. Para curtir os gibis, você precisava aceitar que havia um Bicho-Papão lá fora... E por eu ter começado a ler esses gibis quando era muito novo e impressionável, sua atmosfera permaneceu comigo. Eu diria que eles foram a influência mais importante de O Massacre da Serra Elétrica. Muito do clima das revistas foi parar no filme, junto com alguns métodos de Hitchcok para manipular audiência” Tobe Hooper

Recomendo a leitura de O Massacre da Serra Elétrica para os leitores curiosos e fãs dos filmes da franquia de terror. O livro traz várias informações que podem ser interessantes, mas também podem ser cansativas, se não é o que você realmente gosta. A obra lembra um documentário, mas ficaria mais cativante se o autor tivesse organizado e escrito suas próprias impressões e explorando a narrativa jornalística, não só se limitando a reunir as entrevistas.

Sobre o autor 


Stefan Jaworzyn editou o fanzine de horror Shock Xpress (1985-1990), que deu origem à série de livros homônimos. O inglês também é fundador do festival de filmes de horror Shock Around the Clock e guitarrista, tendo participado da banda de rock Skullkflower, da banda de jazz Ascension, além do projeto paralelo Descension. Jaworzyn criou também sua própria gravadora, a Shock Records (1989-1996),  que retomou os seus trabalhos em 2013.


Sobre os tradutores


Antônio Tibau é roteirista e redator publicitário, mas gosta mesmo é de tirar onda de guitarrista. Quando moleque, passava noites sem dormir com medo dos monstros de borracha e dos litros de ketchup, abundantes nos seus filmes favoritos. Hoje, fica madrugada a dentro pensando em histórias que possam arrepiar as novas gerações. Fã de Alice Cooper, Neil Gaiman, Álvares de Azevedo e Brasinha (mascote do América, seu time de coração), Tibau acredita que o apocalipse zumbi será inevitável, mas ainda é cedo para trocar o filé Oswaldo Aranha por miolos.

Dalton Caldas é escritor, tradutor e professor. Estudou Comunicação Social na Califórnia. De volta ao Brasil, trabalhou brevemente para a Revista Vogue em São Paulo e percebeu que não tinha muito a ver com o mundo da moda. Mudou-se para o Rio e começou a traduzir material de imprensa para lançamentos internacionais para a Conspiração Filmes, assim como roteiros e projetos para captação de recursos pelas matrizes da HBO, Discovery e Columbia. Trabalhou com a Fundação Konrad Adenauer para projetos ambientais apresentados na Rio+20. Nas horas vagas, gosta de pensar que é um cantor de fama internacional.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

Para quem tem curiosidade sobre a história do Ed Gein, a autora Ilana Casoy explora o assassino em um capítulo do livro Serial Killers: Louco ou Cruel?

Comentários

Mais lidas da semana