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Destaques

Mudança de energia

Mudança de energia: às vezes é tudo o que você precisa para reequilibrar as coisas. De repente, você se dá conta em quanta atenção tem dispensado para uma coisa e/ou uma pessoa, uma energia que poderia usar para outras coisas, às vezes é algo tão automático, que você se esquece da importância de dizer não. Era muitas vezes ao não dizer não para o outro, que estava dizendo não para si mesmo. O problema era quando a impulsividade ganhava força e se sentia cada vez menos no controle da situação. Era, então, quando se lembrava da importância dos limites, não só do outro, mas de si mesmo. Pensava na quantidade absurda de tempo que gastava fazendo companhia para o outro, um tempo que poderia usar para si mesmo. Pensava em como deveria estar usando o tempo para escrever, aprender algo novo, se divertir, conhecer outras pessoas, fazer qualquer coisa que não envolvesse o outro. Por que, diabos, deveria deixar o outro como uma prioridade, quando não era recíproco? Há dias pensava no que poderia ...

O primeiro texto de 2018

Diante de tudo o que aconteceu em 2017, fiquei feliz em ver que alguns leitores elegeram meus livros, Escrita Maldita e O Círculo, entre suas melhores leituras do ano. O ano passado foi bem difícil para muitas pessoas e isso influenciou muito na quantidade e qualidade de leituras.


Presenciei escritores passando por longos bloqueios criativos e crises existenciais, assim como leitores lendo bem menos livros do que nos anos anteriores. A saúde mental faz muita diferença na hora de ler livros. Quando estamos muito presos aos problemas e às preocupações, temos dificuldades de concentração e de nos conectarmos com as histórias.

Enquanto alguns encontram na ficção uma válvula de escape e a experiência de sair um pouco da própria pele, para outros, diante de situações difíceis, os livros acabam perdendo espaço para outras formas de entretenimento – isto quando a importância da leitura de entretenimento não é desmerecida e substituída por obras de não ficção.

Acredito que foi um ano para repensar muitas coisas. No terreno da escrita e da arte, acabamos questionando o valor das produções culturais e artísticas. Foi um ano de apatia, impotência e de se perguntar sobre a importância da literatura seja pelas dificuldades usuais de produzir em um país de não-leitores com um índice baixo de leitura ou de perceber o quanto a ignorância e o ódio ficaram escancarados. É difícil para a ficção coexistir com a vida real, quando nossa realidade se tornou assombrosa. Mas talvez seja só uma questão de perspectiva e de redirecionar o olhar para as coisas que realmente importam.

Em 2018, espero continuar escrevendo minhas histórias e livros e tocando os leitores de alguma forma. A escrita não só entretém e emociona, mas também incomoda e sacode. Ao nos colocarmos no universo do outro, confrontamos nossos próprios limites. Muitas vezes, encaramos nossas sombras, as coisas que nos incomodam em nós mesmos e projetamos ou são projetadas em nós pelos outros e refletimos como construímos, mantemos e destruímos essas relações.

2017 foi um ano difícil e quando as molduras se quebram, precisamos ter a coragem para nos reinventarmos. Quando nos focamos em todas razões para não fazer determinada coisa, esquecemos de todas aquelas que fazem valer a pena. Se analisarmos pelo olhar de quem não aprecia livros, a escrita e a leitura parecem atividades bobas e desnecessárias. Tentar explicar o próprio valor do que você faz pode se tornar um fardo desesperançoso. Porém, quando pensamos em todas aquelas pessoas que dedicaram suas vidas a dar forma para os seus sonhos e em todos tocados pela magia da literatura, nos damos conta de que tudo aquilo que colocamos nossas energias e transformamos, só de ser algo único, já se paga.

Para encerrar o texto e iniciar o ano, um rabisco de 2001 do Neil Gaiman:

“Que seu próximo ano seja preenchido com magia, sonhos e boa loucura. Espero que você leia livros bons e beije alguém que pense que você é maravilhoso, e não se esqueça de fazer alguma arte – escrever ou desenhar, construir ou cantar, ou viver como só você pode. E eu espero que, em algum lugar do próximo ano, você se surpreenda”.



*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad.

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Escrita Maldita entre os livros lidos em 2017 pelo Tomo Literário e indicados para leitura

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