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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Resenha: A Sacerdotisa de Avalon – Diana Paxson e Marion Zimmer Bradley

Mais uma viagem literária pelo universo de Avalon. O livro A Sacerdotisa de Avalon (Priestess of Avalon) foi escrito por Diana Paxson junto com Marion Zimmer Bradley. Publicado originalmente em 2000, no Brasil o livro foi publicado pela editora Rocco em 2002, com tradução de Claudia Martinelli Gama. Para quem gostou de As Brumas de Avalon e ficou com um gostinho de quero mais, o romance continua explorando a substituição dos sagrados cultos pagãos pelo cristianismo.


Eilan (ou Helena) é a narradora do livro A Sacerdotisa de Avalon. Nascida na antiga Brittania, a protagonista deixa Avalon por causa de uma paixão – escolha decisiva na vida dela e nas tradições da ilha. Como um presságio, a personagem descobre ao desenrolar da história como o seu destino e dos povos antigos podem estar ameaçados pelas mudanças.

Não é tão difícil simpatizar com a protagonista. Assim como em As Brumas de Avalon, A Sacerdotisa de Avalon também leva o leitor a refletir sobre a figura feminina e como o poder político, as religiões, a família e as tradições podem cercear a liberdade. No contexto social da época – e em alguns lugares, até os dias atuais – a mulher é obrigada a abandonar o seu lar para viver uma história que nem sempre escolheu.

“As estrelas lhe haviam mostrado uma vida de magia e poder, mas anteriormente ele muitas vezes interpretara as estrelas para sacerdotisas e as configurações que prediziam as suas vidas não eram as que ele então via. Parecia-lhe que esta criança estava destinada a percorrer um caminho diferente daquele que fora trilhado antes por qualquer sacerdotisa de Avalon” – Marion Zimmer Bradley e Diana Paxson, A Sacerdotisa de Avalon

De sacerdotisa para esposa e mãe. Uma das coisas que mais gosto nos livros da série Avalon é como eles fazem analogia entre a protagonista e os elementos da bruxaria: diferentes fases da lua, da deusa e como o paganismo por abranger mais deuses, também reflete uma visão menos preconceituosa. De tradições mais fluidas e livres, nas quais os praticantes poderiam escolher a devoção aos deuses de suas preferências, levando em conta o panteão (celta, grego, romano, irlandês, egípcio etc.) para o monoteísmo cristão, é impossível não notar como os comportamentos da população estão ligados às manipulações políticas.

Os moradores da região sentem na pele a tirania de homens capazes de tudo para alimentarem seus egos e suas obsessões, distorcendo as palavras sagradas e tentando transformar os velhos deuses em demônios. Vale lembrar que o diabo é uma invenção cristã e que os pagãos, mesmo acreditando que um Deus/Deusa poderia simbolizar os outros ou poderia cultuá-los separadamente, respeitavam a natureza e as diferentes manifestações divinas e espirituais.

“Eu sou a lua minguante cuja foice ceifas as estrelas. Eu sou o sol poente e o vento frio que anuncia a escuridão. Estou amadurecida em anos e em sabedoria; eu vejo todos os segredos por trás do Véu. Eu sou Bruxa e Rainha das Colheitas, Feiticeira e Maga, e, um dia, você me pertencerá...” – Marion Zimmer Bradley e Diana Paxson, A Sacerdotisa de Avalon

Embora uma parte da história se passe em Avalon, não é o cenário principal. Mesmo distante da ilha, é possível aprender mais sobre o que acontecia lá através das palavras, memórias e visões de Helena. Como as outras sacerdotisas, ela carrega a marca da lua na testa. Uma vez iniciada no caminho da magia, ela consegue se conectar com a energia da Deusa.

O caminho para o amor, o caminho para o poder e o caminho para a sabedoria, como são chamadas as três partes do livro podem servir como uma metáfora de como nossas emoções, desejos e amadurecimento podem nos transformar, para o bem ou para o mal, nos aproximando ou nos afastando de quem nós realmente somos.

“Sempre me perguntei por que um homem que só consegue enxergar uma cor é considerado incapaz, no entanto é elogiado quando aceita apenas uma divindade. Acredito que Cristo tinha consigo o poder de Deus e respeito os seus ensinamentos, mas sei que a Deusa nas suas muitas aparências ama igualmente os seus filhos. Não tente definir-me como cristã ou pagã [...] Eu sou uma serva da Luz. Que isso baste para você” – Marion Zimmer Bradley e Diana Paxson, A Sacerdotisa de Avalon

Diana Paxson fez um ótimo trabalho de continuar enchendo de vida o trabalho iniciado por Marion Zimmer Bradley. Seus estudos em paganismo e neopaganismo ajudam a enriquecer a narrativa, nos trazendo informações que vão além do entretenimento e nos lembram do quanto as coisas mudaram com o passar do tempo e o preço que pagamos pelo avanço do cristianismo e da intolerância pelo mundo. A Sacerdotisa de Avalon termina de forma bem catártica e nos leva a refletir sobre quanto sangue foi derramado por mãos cristãs e como os livros religiosos são mal interpretados e distorcidos por interesses humanos. Aquele lembrete do perigo da interseção entre política, religião e corrupção, dos danos causados pela substituição da energia feminina e criativa pela rigidez e hipocrisia cristã.


Sobre as autoras:

Marion Zimmer Bradley – nasceu em Nova Iorque, em 1930. Começou desde cedo a escrever para revistas e antologias, mas foi na década de 60 que iniciou uma carreira de sucesso como romancista. A sua série mais popular iniciou-se com a publicação de As Brumas de Avalon, uma recriação da lenda arturiana que ainda hoje tem conquistado gerações. É também conhecida pela série de ficção científica Darkover, entre muitos outros romances memoráveis. Faleceu em 1999.

Diana Paxson – é uma romancista e autora de não ficção, principalmente nos campos do Paganismo e Neopaganismo. Seus trabalhos publicados incluem romances de fantasia e ficção histórica, bem como numerosos contos. Mais recentemente, ela também publicou livros de não ficção sobre religiões e práticas pagãs e neopagãs.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon (entre os mais vendidos na categoria de horror) e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis na loja Kindle e no Wattpad.

Aproveite para conhecer meu livro de fantasia com temática de bruxaria:

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