Dezembro chegou e com ele veio a vontade de escrever novos capítulos de sua história. Estava disposto a deixar outubro e novembro para trás, tentar se focar no momento presente e se deixar perder nas novas linhas que se formavam. Era verdade que deixar os capítulos anteriores para trás não era uma tarefa fácil, mas precisava seguir em frente, sempre se movimentando em direção aos seus sonhos. Tentava não criar expectativas sobre que tipos de histórias iria escrever, o papel em branco que antes o paralisava, agora servia como um convite para deixar novas palavras surgirem. Escrevia pra quê, afinal de contas? Para se lembrar? Para esquecer? Para colocar para fora? Para simplesmente praticar o ato de escrever? Não havia uma resposta certa ou errada. Escrevia porque era sua paixão fazer isso e enquanto continuasse respirando, pretendia continuar escrevendo. Escrever capítulos novos poderia ser uma atividade interessante. Diferente do que muitos pensam, nem todos escritores deixam tudo plan...
Vídeo: Trechos do livro Em Algum Lugar nas Estrelas (Clare Vanderpool)
Confira o vídeo com três trechos de Em Algum Lugar nas Estrelas, da escritora Clare Vanderpool, um livro de ficção que mostra a amizade entre dois adolescentes: um personagem autista e um não-autista. A literatura pode ser uma ótima forma de levar um pouco de conscientização e também dos leitores se verem representados. A obra literária foi publicada no Brasil pela editora DarkSide Books.
Assista ao vídeo com três trechos do livro Em Algum Lugar nas Estrelas (Clare Vanderpool):
Acredito que a ficção pode ser uma ferramenta importante na conscientização sobre autismo. Quantos livros com personagens autistas você já leu? Quantos personagens autistas você já viu em séries e filmes? Nem sempre os personagens com traços autísticos são identificados como autistas.
Além de ser uma boa forma de explicar para pessoas não-autistas (neurotípicos) alguns dos comportamentos do Asperger (forma leve de autismo), o livro Em Algum Lugar nas Estrelas toca em alguns pontos importantes: a amizade, a solidão e como os relacionamentos podem ser frágeis e mesmo com as limitações, a parte positiva faz tudo valer a pena.
Nós existimos. Nós não somos invisíveis, embora possamos ser tratados como tais e/ou nossos comportamentos nem sempre sejam interpretados da forma correta pelas pessoas ao nosso redor. Embora introvertidos também tenham alguns problemas com amizade, quando se tratam de autistas, a parte da comunicação pode ser afetada pela incompreensão das coisas que fazemos, o que nos faz bem ou mal e como lidar quando temos alguma crise.
Segundo a maior rede social para leitores do Brasil, Skoob, o livro Em Algum Lugar nas Estrelas já foi lido por aproximadamente 5 mil pessoas e mais de 10 mil pessoas têm interesse na leitura. Por falar sobre amizade e indiretamente sobre inclusão, seria interessante ver a obra literária sendo trabalhada em escolas e distribuídas para bibliotecas do país. A leitura é ótima para a empatia e para quebrar o gelo do preconceito.
As crianças e adolescentes autistas merecem compreensão das pessoas, dentro ou fora das escolas, e é importante que apesar das limitações de interesse e de como alguns lugares podem nos fazer mal, que eles também tenham pessoas que possam escutá-los e se interessem por suas companhias. Apesar de geralmente ter um grupo limitado de amizades e de gostar de ficar sozinho, autistas também gostam de socialização, especialmente quando as outras pessoas gostam de assuntos parecidos com o seu hiperfoco.
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