Adolescence é uma minisssérie de quatro episódios que estreou na Netflix e ficou entre as mais assistidas. A série conta o caso de um adolescente de 13 anos responsável pelo assassinato de outra adolescente que estudava no mesmo colégio do que ele. Mesmo com tão poucos episódios, a minissérie consegue causar impacto. A maioria das pessoas está acostumado a assistir séries, filmes e documentários de crimes, mas nem sempre quando se trata de um caso tão peculiar envolvendo adolescentes. Logo no primeiro episódio dá para acompanhar o sofrimento da família na delegacia. Já o segundo episódio se foca no colégio. O terceiro em uma das avaliações de psicóloga. E o último na família lidando com os impactos da prisão do filho. Para a minissérie ficar completa, só mesmo se tivesse incluído um episódio do julgamento, o que deu a entender que o desfecho era realmente aquele e o personagem adolescente foi o responsável pelo crime. As cenas com a psicóloga foram as que mais chamaram a minha atençã...
Transtornos do Espectro do Autismo (Transtornos do Neurodesenvolvimento): O Transtorno do Espectro do Autismo é caracterizado por déficits persistentes na capacidade de iniciar e sustentar a interação social recíproca e a comunicação social, e por uma série de padrões de comportamento e interesses restritvos, repetitivos e inflexíveis. O início da condição ocorre durante o período de desenvolvimento, tipicamente na primeira infância, mas os sintomas podem não se manifestar totalmente até mais tarde, quando as demandas sociais excedem as capacidades limitadas. Onde os déficits são suficientemente graves para causar prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento e são geralmente uma característica penetrante do funcionamento do indivíduo, observável em todos contextos, embora possam variar de acordo com os aspectos sociais, educacionais ou outros.
As características do autismo delineadas na CID-11 se encaixam nas mesmas duas categorias que as do DSM-5: ➡ dificuldades em iniciar e sustentar a comunicação social e a interação social, e ➡ interesses restritos e ou repetitivos
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Muita gente tem dificuldade de entender os autistas com menos 'dificuldades', mas a nova classificação deixará bem claro que existem autistas com poucas ou nenhuma dificuldade com linguagem funcional = Aspergers e Aspergers com Altas Habilidades.
Ou seja, são os autistas camaleões, com mais dificuldade de conseguir diagnóstico formal, pois muitos profissionais não estão preparados para a identificação.
Entenda de uma vez por todas: existem inúmeras variações no espectro autista, mas o que nos define como autistas são as questões das interações sociais, interesses restritos/repetitivos e as questões sensoriais (hipersensibilidade/hiposensibilidade).
Bom também para esclarecer que: se a pessoa 'perde' dificuldades, ela não deixa de ser autista, tá? Ela só se transforma num autista 'com menos dificuldades'. O autismo está no cérebro, não nas aparências e opiniões das pessoas.
Lembrando, é claro, que esta não é a tradução oficial do CID-11. As mudanças são importantes, tanto na questão da classificação que ainda confunde profissionais de saúde desatualizados e espalham mitos como 'fulano não parece autista', quanto para que a população entenda que existe essa variação dentro do espectro autista (Neurodiversidade).
Dois Aspergers/autistas, independente do grau, podem ser completamente diferentes.
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Estou lendo mais de dois livros ao mesmo tempo, por isso ainda não encerrei a leitura. Estou adorando! Para quem quiser descobrir a história do autismo, super recomendo: Outra Sintonia
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1)e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
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