Terapia em dia
Uma dose de clareza. Uma pequena ação. Às vezes, as pequenas coisas importavam mais do que imaginávamos. Eram nos momentos em terapia que percebia mais sobre si mesmo: as coisas que estava fazendo ou deixando de fazer, as coisas que estavam incomodando, as coisas que despertavam alegria, as coisas de modo geral.
Era reconfortante ter um espaço onde não precisava usar máscaras e ser ele mesmo. Era acolhedor e necessário para tentar compreender mais a si mesmo e sua vida. Era por meio da terapia que a magia da mudança acontecia, pequenas decisões poderiam gerar grandes mudanças e, às vezes, precisava alguém para guiá-lo, até que conseguisse enxergar por conta própria, criar os próprios caminhos.
Aumentar o autoconhecimento era o que buscava, além é claro de manter-se atento à qualquer mudança de humor. Era na terapia que podia contar memórias, questões do presente e também achar respostas sobre o futuro, era algo que considerava indispensável para quem quer que fosse, mas especialmente para pessoas que lidavam com transtornos mentais.
Ia despejando questões que ainda o incomodavam. A cada sessão se sentia mais leve. Era um ótimo espaço para autorregulação emocional, para encarar as coisas de frente, sem ficar no papel de mero observador passivo, mas de se impor como protagonista da própria vida e aceitar que também precisava fazer escolhas, fáceis ou difíceis, e compreender que elas tinham um impacto na vida.
Estaria mentindo se dissesse que ainda não estava com dificuldade para lidar com a raiva. Havia colocado um fim em um relacionamento, algo que deveria ter feito muito antes: havia ignorado todos sinais, achado que conseguiria impor limites, mas a verdade era que todos limites já tinham sido ultrapassados há tanto tempo que já não fazia sentindo algum manter a amizade.
Era também relembrando de quem um dia havia achado que não se esqueceria tão fácil, mas seja por estar sempre envolvido nos dramas de outra pessoa ou porque realmente não era para ser, havia esquecido com facilidade, sem que houvesse espaço para o luto.
Não importava se tinham curta ou longa duração, o importante era que relacionamentos ainda eram importantes para ele. Havia aprendido ao deixar ir, que quando um relacionamento já não tem salvação, não há muito o que fazer. E que também não poderíamos adivinhar como os outros pensam. Da mesma forma que um fim de ciclo chegou, fazia parte de outros ciclos que haviam se encerrado e estava tudo bem. Agora compreendia melhor os afastamentos por motivos semelhantes, mas não se focaria neles, se focaria naqueles que poderiam ficar.
*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
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